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Resenha: Star Wars - O despertar da Força aposta na nostalgia para revigorar franquia

18 dezembro 2015

Inegavelmente, Star Wars é uma marca adorada por milhões de fãs. Desde o primeiro filme, em 1977, transcendeu as telas de cinema e ganhou livros, quadrinhos, brinquedos, videogames, roupas e diversos outros produtos relacionados, tornando-se o primeiro fenômeno cultural a mudar a indústria do cinema, virando a própria definição de blockbuster.

Sendo um produto tão valioso, a The Walt Disney Company se interessou e gastou US$ 4 bilhões para comprar os direitos da saga criada por George Lucas, em 2012, junto com a sua produtora, a Lucasfilm. E assim chegamos a uma série de novos filmes que serão lançados nos próximos anos, sendo Star Wars - O despertar da Força, lançado no Brasil no último dia 17 de dezembro , o primeiro deles.

Este é o sétimo capítulo da saga cinematográfica e é uma sequência da trilogia original (Uma nova esperança, O Império contra-ataca e O retorno de Jedi). A segunda trilogia foi uma prequela, mostrando a transformação de Anakin Skywalker no vilão Darth Vader (A ameaça fantasma, O ataque dos clones e A vingança dos Sith), mas de maneira geral recebeu muitas críticas.

Será que esta nova fase está à altura dos filmes clássicos?

Star Wars - O despertar da ForçaStar Wars - O despertar da Força

Em O despertar da Força, a República voltou a ter o controle da galáxia, mas o surgimento da Primeira Ordem ameaça novamente a liberdade. Para combatê-los, foi criada uma resistência liderada pela General Leia, cuja missão primordial é encontrar Luke Skywalker, que, após falhar na tentativa de reconstruir a ordem dos Jedi, se isolou em um lugar desconhecido. Mas qual a relação da Primeira Ordem com o Império e quem Kylo Ren é na verdade?

A partir daí, os novos personagens são apresentados de uma maneira muito semelhante ao do primeiro filme. A aventura possui vários paralelos narrativos e rimas visuais, quase como um espelho dos acontecimentos de Uma nova esperança.

Só para ficar em alguns exemplos: o robô BB-8 desempenha o mesmo papel de R2-D2, carregando uma mensagem escondida que precisa ser recuperada; a jornada de uma personagem alheia ao confronto que vive em um planeta deserto e repentinamente se vê envolvida no conflito; cena em um bar alienígena; e a ameaça de um planeta bélico, mas que aqui se chama Starkiller, e não Estrela da Morte.

Isso, somado ao estilo único de corte de cenas, retorno de antigos atores, trilha sonora e outras características próprias da saga, reforçam ainda mais a sensação de nostalgia presente no filme.

Dessa maneira, o desenvolver da trama fica de certa maneira previsível, com a exceção de dois grandes e surpreendentes momentos envolvendo um personagem novo e outro antigo, que será muito comentado e provocará debates entre os fãs. É um acontecimento tão marcante que chega a ser elogiável que o spoiler não tenha vazado antes da estreia, pois vivemos em um momento em que cada vez é mais difícil manter segredos de grandes filmes.

ReyFinn

Também fica claro por que Luke Skywalker não apareceu nos materiais de divulgação, mas ele terá um papel importante ao longo da nova trilogia.

Na verdade, a história cobre pouco do que aconteceu naquele universo nesse período de mais de 30 anos entre O retorno de Jedi e O despertar da Força e já começa no meio da ação. São feitas apenas menções pontuais para não alienar o espectador e ele poder acompanhar o filme sem maiores problemas, incluindo uma interessante passagem em que um personagem tem visões do que já havia acontecido.

Certamente, são assuntos que serão abordados nos próximos longas-metragens.

O diretor J.J. Abrams teve uma missão monumental para revigorar a saga. Ele, que já havia feito o mesmo com Star Trek, adapta sua direção para se encaixar no padrão dos filmes anteriores. Os efeitos com reflexo de luz na tela, por exemplo, não existem aqui. Mas consegue criar ótimos momentos para os personagens, que são carismáticos, complexos e muito bem desenvolvidos.

O que nos leva a falar das ótimas atuações do elenco. Nem parece que Harrison Ford ficou tanto tempo sem interpretar Han Solo. E a conexão é instantânea.

Han SoloPrincesa Leia

Mas o destaque vai mesmo para os estreantes Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac e Adam Driver. Os quatro tinham a hercúlea tarefa de se tornar os novos rostos para carregar a franquia adiante e se saíram muito bem. Aliás, é interessante notar como o trio de heróis foge do padrão ao apresentar uma mulher, um homem negro e outro latino, reflexo da diversidade cada vez mais presente no mundo moderno.

Até mesmo o robozinho BB-8 rouba a cena por diversas vezes.

Dois dos personagens eram digitais, criados a partir de captura de movimento: Maz Kanata (Lupita Nyong’o) e Supremo Líder Snoke (Andy Serkis, conhecido por seus trabalhos em O Senhor dos Anéis, O Hobbit e Planeta dos Macacos). Este último, com um visual excêntrico, para dizer o mínimo, mas o final do filme dá a entender que essa pode não ser a real aparência dele.

Tudo isso é finalizado com a sempre competente trilha sonora de John Williams, que trabalha muito em cima da nostalgia para provocar a emoção do público, como pode ser visto na música do trailer abaixo.

No final das contas, o público conhece novos personagens, reencontra antigos e se despede de outros. Star Wars - O despertar da Força revigora a franquia de maneira bem interessante e planta sementes que podem dar bons frutos ao longo da trilogia.

Mas o melhor é aquela sensação de nos levar de volta no tempo e parecermos novamente crianças redescobrindo esse universo.

Star Wars - O despertar da Força
Duração: 135 minutos
Estúdio: The Walt Disney Studios e Lucasfilm
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams e Michael Arndt
Elenco: Harrison Ford, Mark Hamill, Carrie Fisher, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Adam Driver, Lupita Nyong’o, Andy Serkis, Domhnall Gleeson, Max von Sydow, Gwendoline Christie, Anthony Daniels, Peter Mayhew.

Kylo Ren

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