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Alex + Ada – Volume 1

17 novembro 2017

Alex + AdaEditora: Novo Século/Geektopia – Edição especial

Autores: Jonathan Luna e Sarah Vaughn (roteiro) e Jonathan Luna (arte e cor) – Originalmente em Alex + Ada # 1 a # 5. Tradução de Márcia Men.

Preço: R$ 55,00

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Março de 2017

Sinopse

A última coisa no mundo que o jovem e solitário Alex poderia querer era um X5, a última palavra em androides realistas. Mas um inesperado presente de aniversário de sua avó faz Ada mergulhar em sua vida.

Então, Alex descobre que Ada é muito mais do que um mero robô, levando-o a questionar tudo aquilo em que ele acredita.

Positivo/Negativo

Em um futuro no qual os autômatos estão plenamente inseridos na sociedade, e os seres humanos cada vez mais dependentes deles, em geral são formados dois grupos: a) os anti-autômatos e b) os pró-autômatos.

O primeiro é radical e bastante agressivo, e não aceita que autômatos possam ser sencientes, ou seja, senhores de suas emoções e agindo por conta própria. Esse posicionamento está ligado ao temor da máquina ser tão real que possa vir a ser confundida com um humano, além de se achar no direito de burlar as leis da robótica e ferir, ou mesmo matar, seu dono.

Os interesses dos fabricantes dos autômatos se chocam com os ideais desse grupo, e o Estado é chamado a intervir para apaziguar as rusgas, garantindo a estabilidade econômica, mas reforçando a punição a todo aquele (homem ou máquina) que ameaçar a segurança nacional.

Já a mídia sensacionalista gosta de colocar o dedo na ferida e alardeia toda e qualquer atividade relacionada a cada um dos grupos, para o bem ou para o mal.

No campo audiovisual, a adaptação de Eu, Robô (2004), de Isaac Asimov, e as duas temporadas da série sueca Real Humans (2012-2014) exploraram com mestria o embate entre sociedade x máquinas sencientes (o qual voltou à tona com o filme Blade Runner 2049).

Em se tratando de histórias em quadrinhos, Alex + Ada, série de 15 números publicada pela Image Comics, entre 2013 e 2015, e que chegou ao Brasil em 2017, pelo selo Geektopia (da Novo Século), retrata o mesmo embate, embora leve o discurso para um viés mais intimista, ao focar a relação entre o humano Alex e sua X5, Ada.

O rapaz não chega a ser um ferrenho anti-autômato, mas não se sente muito confortável ao ter que interagir com um androide, mesmo vivendo cercado de aparatos high tech.

Ele é um dos que ficou com o pé atrás após o “massacre da Nexaware”, quando androides da referida empresa mataram 34 pessoas, após terem suas consciências liberadas pelo programa central – episódio esse responsável pelo fechamento da Nexaware e pelas restrições à Inteligência Artificial, impostas pelo Congresso e acatadas pela nova empresa, a Prime.

A Prime desenvolve, entre outras tecnologias, autômatos orgânicos bastante realistas, batizados de Tanaka X5, os quais são considerados excelentes amantes.

Em meio a vigorosos protestos de grupos pró e anti-autômatos, para sua surpresa, Alex ganha uma X5 de presente de aniversário de sua avó, e seu primeiro impulso é devolvê-la, principalmente antes que seus amigos descubram o fato.

No entanto, ao interagir com Ada, ele começa a nutrir sentimentos, e outro conflito lhe surge: seus diálogos e comportamento pré-programados tornam a artificialidade maior do que sua similaridade física com uma mulher de carne e osso (tem até um termo para esse sentimento, na trama, que é “decepção galateana”). Isso o faz querer customizá-la.

As buscas de Alex o levam a um fórum privado, chamado Graus de Liberdade, no qual humanos e autômatos sencientes convivem em paz, descobrindo ser possível “liberar” a senciência de Ada.  Então, ele se questiona se valerá a pena arriscar sua liberdade para tornar a androide um ser completo.

O primeiro volume já fisga o leitor, instigando-o a querer acompanhar o desdobramento da narrativa, apesar de o desenvolvimento da empatia com Alex só vir aos poucos, pois o personagem é bastante passivo, como se estivesse indiferente a tudo o que acontece ao seu redor, por não ter superado o fim de um relacionamento.

Alex + Ada começou a ser escrita pelos Luna Brothers (Jonathan e Joshua), conhecidos no Brasil pela série Ultra – Sete Dias, lançada pela Pixel Media. No entanto, Joshua achou melhor seguir com outros projetos, e Jonathan continuou escrevendo e reescrevendo o roteiro, até somar forças com Sarah Vaughan, ficando mais livre para desenhar.

O traço de Jonathan teve uma pequena evolução de Ultra para Alex + Ada, mas ainda assim continua estático, bem como sua paleta de cores, focada em tons pastéis e terrosos, causando certa estranheza e apatia, e reforçando, conforme citado acima, o distanciamento inicial entre o leitor e o protagonista.

Mantendo o padrão editorial, a Novo Século produziu uma edição bonita, com capa dura e papel couché. Mas a escolha da imagem da capa (idêntica à da edição norte-americana) foi seu ponto franco.

Classificação:

4,0

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