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Chão de fábrica

21 agosto 2013

Chão de fábrica

Editora: Bússola – Edição especial

Autores: Paulo Garfunkel (roteiro) e Libero Malavoglia (arte).

Preço: R$ 26,90

Número de páginas: 104

Data de lançamento: Agosto de 2013

Sinopse

Uma funcionária de uma indústria gráfica desaparece misteriosamente. Os investigadores Mosca e Pudim são os policiais responsáveis por investigar o caso, descobrindo segredos familiares e uma intrincada trama.

Positivo/Negativo

Novo álbum dos autores da clássica série O Vira-Lata, Paulo Garfunkel e Libero Malavoglia. Se antes eles trabalhavam a questão das doenças sexualmente transmissíveis em álbuns distribuídos em presídios, aqui é o alcoolismo que atravessa toda a edição - inclusive com direito a texto de Drauzio Varella sobre o assunto nas páginas finais.

A história é interessante, com uma dupla de detetives investigando o desaparecimento da funcionária da gráfica. Ao buscarem informações com os familiares da moça e os donos da empresa, vai se desvelando uma trama familiar de intrigas, frustrações e sonhos. Os autores conduzem bem a narrativa, apresentando as informações e montando o quebra-cabeça aos poucos.

No entanto, se o mote é o alcoolismo, este também é o ponto fraco da trama. Praticamente todos os acontecimentos se justificam e acontecem porque algum personagem exagerou na bebida, o que dá um tom um tanto maniqueísta às situações.

Se em O Vira-Lata a questão das doenças sexualmente transmissíveis era o foco principal dos álbuns publicados, dentro de um projeto social, aqui é nobre a proposta de debater o problema do consumo de álcool na sociedade, mas o fato de ser o disparador de quase todas as situações força um pouco a barra.

Além disso, como a trama vai se explicando e redimindo muitos personagens do suposto crime do desaparecimento da funcionária (de certa forma, “perdoando” o uso abusivo do álcool e mostrando que há solução para este mal), surge um grupo de criminosos secundários para ocupar os papéis dos vilões.

Se a história tem um lado positivo de não considerar os protagonistas “bons ou maus”, mas sim vivendo situações a partir de decisões de suas vidas, a aparição desses criminosos surge como uma necessidade do álbum ter um vilão, trazendo algumas soluções rasas, como o atentado a um morador de rua quando ele está acompanhado de um policial!

Apesar disso, um lançamento de Garfunkel e Malavoglia sempre deve ser saudado pelo texto, pelos diálogos e pela arte de qualidade. É uma narrativa eficiente e que prende a atenção durante toda a leitura. Outra boa notícia é uma nova editora lançando quadrinhos nacionais - fica a torcida para que a Bússola monte um bom catálogo de publicações.

Classificação

3,0

 

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