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Folheteen – Direto ao ponto

13 setembro 2013

Folheteen – Direto ao pontoEditora: Quadrinhofilia – Edição Especial

Autores: José Aguiar (roteiro, arte e cor) e Joelson de Souza (cor).

Preço: R$ 49,00

Número de páginas: 64

Data de lançamento: Junho de 2013

Sinopse

Malu é uma adolescente que se sente sempre fora de contexto, buscando a si mesma numa Curitiba imaginária, que poderia ser qualquer cidade do planeta.

Neste álbum, ela aprende como pode ser dura ou adorável a vida de alguém que não sabe ir direto ao ponto.

Positivo/Negativo

Quando se é forçado a criar tramas e personagens com os quais não se tem a menor afinidade, no início há resistência e uma certa birra, mas quando as ideias e os personagens amadurecem e tomam corpo, descobre-se que aquele ditado sobre transformar limões em limonada faz sentido.

Foi mais ou menos isso o que aconteceu com José Aguiar e Malu.

Em dezembro de 2000, o editor do jornal curitibano Gazeta do Povo pediu a Aguiar que criasse uma tirinha sobre teens (adolescentes). Mas em vez de escrever sobre os adolescentes, o material, batizado de Folheteen, tecia críticas ácidas a eles.

Uma personagem começou a ter destaque entre as demais e, em 2004, ganhou o apelido da sobrinha de seu criador, Malu. A partir de então, as tramas da tirinha e sua protagonista tomaram um novo rumo.

Malu foi fazendo cada vez mais sentido para Aguiar, e o espaço das tiras tornou-se limitado. Era chegada a hora de escrever uma história longa e fechada. E ela ficou tão bacana que venceu o I Concurso Internacional de Quadrinhos do Senac-SP, e foi publicada em formato álbum, pela Devir, em 2007.

Quebrado o gelo, Malu passou a dar as cartas. E entre uma tira e outra, mais um álbum com história completa foi produzido: Folheteen – Direto ao ponto, agora pelo Quadrinhofilia, o selo editorial do autor.

Como tantos adolescentes, Malu questiona a vida que tem, mas não percebe que ela mesma a sabota com as atitudes e escolhas que faz.

Para honrar sua parte nas despesas da casa, Malu trabalha de dia e estuda à noite. Ao ser demitida do emprego de caixa de supermercado e, em seguida, saber que o namorado de sua mãe vai passar uma temporada em sua casa, ela se vê obrigada a procurar os mais furados bicos por medo de falar a verdade.

O fardo de Malu vai ficando mais pesado devido à sua inabilidade em ir direto ao ponto, escondendo o que realmente sente e pensa das pessoas que estão ao seu redor.

Num excelente ponto de virada da trama, Aguiar faz Malu soltar o verbo justo quando precisa convencer os clientes sobre as supostas vantagens de um pacote de assinatura de revistas. A partir daí, ela não pode mais continuar se omitindo.

As qualidades de Folheteen – Direto ao ponto são muitas, e já começam no emocionante e sincero prefácio do Vitor Cafaggi, no qual relaciona a adolescência àquele ônibus tão esperado e que parece nunca chegar, uma fase da vida em que se vive sempre na expectativa de alguma coisa, menos o agora.

O roteiro é uma boa trama de educação, sem forçadas de barra e todo amarradinho, apresentando o cotidiano dos personagens aos neófitos no universo da Malu – embora algumas situações façam mais sentido para quem acompanha as tirinhas –, fazendo com que a protagonista passe por reveses alternados até chegar à epifania, resolvendo seus conflitos interno e externos, e recebendo uma recompensa pela maturidade emocional a qual chegou.

A parte editorial do álbum está ótima, exceto por pequenas mancadas de revisão. Capa dura, papel couché, diagramação e composição de cores muito boas, além de um texto trazendo um histórico ilustrado da Malu, no qual se percebe que a familiaridade com os personagens fez com que Aguiar passasse a representá-los de forma mais solta.

Outro trunfo de Folheteen – Direto ao ponto é ser um daqueles títulos perfeitos para presentear tanto leitores adultos de quadrinhos quanto adolescentes avessos à mídia.

Classificação

5,0

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