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O cão e a mão do coração

23 dezembro 2016

O cão e a mão do coraçãoEditora: independente – Edição especial

Autores: Ranulfo Medeiros (roteiro) e Juliano Henrique (arte).

Preço: R$ 15,00

Número de páginas: 32

Data de lançamento: Novembro de 2016

Sinopse

Às vezes, a bondade e o afeto surgem de onde menos se espera. E a maldade e a intolerância estão mais perto do que se imagina. O que pode acontecer quando esses sentimentos se encontram? E o que se pode fazer quando a pureza é corroída e maculada pelo ódio irracional?

Positivo/Negativo

Por ser uma história breve e sem diálogos, não se pode destrinchar muito do álbum sem revelar passagens importantes. Por isso, a análise vai ser a mais sucinta, para não estragar as suas surpresas.

A trama envolve uma garota com apenas três dedos na mão esquerda, um cãozinho perdido, a dona do animal, seu filho e o pai agressivo. Apesar da arte ser graficamente realista, Ranulfo Medeiros usa o tom de fábula para confrontar características psicológicas e morais que induzem tanto à benevolência quanto à maldade.

Colocando analogias diretamente nas ações dos personagens, o que poderia ser uma dificuldade de narração – não expressada em diálogos ou pensamentos –, a obra é amparada pelas deduções das imagens e atitudes presentes, sem precisar "mastigar" tanto as sequências.

Os desenhos de Juliano Henrique são delicados e bonitos, deixando aparente as marcas de pincel, equilibrando bem os contrastes nas páginas e procurando boas composições para auxiliar a narrativa.

Isso não implica dizer que há alguns momentos que deixam a desejar ou atrapalham a compreensão da história. Apesar de conduzir bem o enredo, há sérios problemas, principalmente no movimento dos personagens, quando se requer algo mais físico. Fora uma ou outra desproporção anatômica, o uso das linhas de ação mais abruptas não fazem o efeito orgânico do momento de tensão e chega a atrapalhar a fluidez do ritmo.

Outro detalhe está logo no começo, no primeiro plano está um panfleto estranhamente colado num poste: ali não existe nenhuma perspectiva cilindriforme que molde o cartaz à peça de concreto, o que destoa com a concepção realista do traço apresentado.

Infelizmente, o que prejudica mais a arte é a impressão, que ficou "lavada" (o preto vira tons de cinza, "desbotando" uniformemente) em muitas páginas.

Mesmo assim, O cão e a mão do coração é uma estreia na média, tanto para Ranulfo Medeiros quanto para Henrique, mostrando um potencial para explorar novas parábolas desse tipo.

A edição independente, lançamento do selo Seres Soros, é bem cuidada: tem formato 21 x 28 cm, capa cartão de laminação fosca (sem orelhas) e papel off-set de boa gramatura.

Classificação

3,0

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