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Saga – Volume Quatro

17 novembro 2017

Saga – Volume QuatroEditora: Devir – Edição especial

Autores: Brian K. Vaughan (roteiro), Fiona Staples (arte) – Originalmente publicado em Saga # 19 a # 24 (tradução de Marquito Maia).

Preço: R$ 65,00

Número de páginas: 144

Data de lançamento: Janeiro de 2017

Sinopse

De raças diferentes e inimigas, Marko e Alana continuam fugindo das autoridades dos dois lados do conflito galáctico, enquanto cuidam de sua filha recém-nascida.

Quando chegam a um novo e estranho planeta e encontram outros antagonistas, a pequena Hazel já é uma criança que sabe andar, mas os seus desafortunados pais se esforçam para se manter em pé.

Hazel começa a pronunciar suas primeiras palavras, e seus jovens pais passam por algumas crises no casamento. Alana torna-se usuária de uma nova droga e Marko se vê às voltas com um relacionamento extraconjugal.

Além disso, inesperadas alianças serão forjadas, mudando totalmente o rumo dos acontecimentos.

Positivo/Negativo

Logo na abertura deste volume, se vê em close o nascimento do filho do Príncipe Robô IV. Uma visão que remete à famosa cena do parto em Miracleman, de Alan Moore, e também mostra de como Vaughan busca deixar menos pudicos esses assuntos corriqueiramente "maquiados" ou atropelados no gênero da ficção científica.

Há um visível salto no tempo, no qual o leitor é testemunha de pequenas mudanças e da descoberta do paradeiro de alguns personagens, como o próprio Príncipe Robô IV. Em consequência disso, não cabe revelar muito para quem ainda não leu, mas o que pode ser dito é a maneira natural como o autor coloca vários aspectos emocionais da trama.

Num rápido exercício de simplicidade, basta tirar o pano de fundo de conflito e perseguição intergaláctica sci-fi, que se percebe como contextualizar a saga em outros tempos e espaços. Além disso, fica evidente o que Vaughan e Staples estão contando: uma história de relacionamentos.

Quem constitui uma família, independentemente de sexo, raça, ideologia ou religião, cria também a responsabilidade de proteger, educar e fazer de tudo para que haja certa harmonia. Tal responsabilidade pode acarretar "pesos" bem distintos para quem se desafia.

Alana agora integra um grupo teatral clandestino denominado Circuito Aberto, algo bem próximo da diversão de massa como a teledramaturgia é para o brasileiro. Enxergando por um ângulo mais comparativo, isso funciona como Shakespeare faz em muitas das suas peças (Hamlet, Sonho de uma noite de verão, dentre outras), nas quais o teatro pode está dentro do teatro.

Aqui, o roteirista insere a space opera dentro do próprio gênero. O que pode valer como paródia ou até autocrítica do que vem fazendo, independentemente de valores intelectuais. Afinal de contas, o que é entretenimento?

Sem emprego, Marko também detém uma responsabilidade hercúlea: cuidar da pequena Alana, a narradora do título, dando o máximo para que ela tenha uma vida normal, mesmo que seus pais sejam fugitivos. Se Alana está vestindo a máscara teatral, Marko de certa forma também a usa para se socializar.

Acerca dessas responsabilidades e fugas, aliadas ao estresse do dia a dia, há uma determinada sequência em que marido e mulher mostram o quanto são falíveis, o que demonstra o pleno domínio de Vaughan das situações mais desgastadas. Máscaras que caem num momento de aparente calma, que vai intercalando paralelamente com outras narrativas.

Em Saga, muitos dos coadjuvantes (até aqueles que você pensava que eram descartáveis "figurantes" para uma cena mínima) não são deixados de lado por muito tempo, o que resulta em dinamismo para a narrativa coesa.

Com a adição de um personagem a princípio sem propósito, que aos poucos é moldado e usado como "rebite" para unir as histórias, promover encontros e desencontros, além de causar reviravoltas brutalmente surpreendentes.

Sexo, escatologia, cinismo, reflexão, violência, letargia, ação e humor. O que move Saga é a capacidade dos autores de transitar por algo exaustivamente explorado: colocar suas impressões "cotidianas" e "humanas", e fazer ganchos que prendem a atenção e a curiosidade do leitor.

A edição da Devir segue com a mesma qualidade, com capa dura, formato 18,4 x 27,2 cm, papel couché com boa gramatura e impressão. Nas poucas páginas de extras, artes de Staples para edições limitadas e capas variantes e da versão italiana (assinada por Massimo Carnevale, criador de algumas capas de Y – O último homem, que evoca a famosa cena do banheiro do clássico Psicose, filme de Hitchcock).

Classificação:

4,0

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