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VAMPIRO AMERICANO - SELEÇÃO NATURAL

1 dezembro 2012

VAMPIRO AMERICANO - SELEÇÃO NATURAL

Editora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Scott Snyder (texto), Sean Murphy (arte), Dave Stewart (cores) - Originalmente em American Vampire - Survival of the fittest # 1 a # 5.

Preço: R$ 17,90

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Abril de 2012

 

Sinopse

Numa Romênia ocupada por nazistas, os caçadores de vampiros Felicia Book e Cash McCogan atravessam as linhas inimigas em nome da organização Vassalos da Estrela da Manhã em busca da verdade sobre uma possível cura para o vampirismo.

Mas o passado da dupla - assombrado por Skinner Sweet, o vampiro americano original - deixa a missão mais difícil do que eles jamais imaginaram.

Positivo/Negativo

Homo abominum americana. Este é o nome científico de uma nova espécie de monstro que passou a andar pelo território dos Estados Unidos a partir do Século 19. Em um mundo em que as diferenças étnicas dos seres humanos são diretamente responsáveis pelo tipo de vampiro em que eles poderão se transformar caso sejam contaminados, aquele termo em latim designa o resultado quando o indivíduo em questão surge da cultura miscigenada presente no continente americano.

E o primeiro espécime foi um típico fora-da-lei dos tempos do Velho Oeste, o amoral Skinner Sweet. Se ele já era uma ameaça à sociedade antes de sua transformação, o caso ficou ainda pior quando veio a se tornar o primeiro vampiro americano.

Assim, não apenas os humanos, mas também as antigas estirpes vampíricas da Europa, Ásia e África ganharam um inimigo imortal.

E Vampiro americano também é o nome da revista mensal da linha Vertigo, da DC Comics, que tem alcançado sucesso de público e crítica desde que foi criada em 2010, pelo argumentista americano Scott Snyder e pelo desenhista brasileiro Rafael Albuquerque (contando ainda com as bênçãos do romancista Stephen King, que colaborou no primeiro arco).

O encadernado lançado pela Panini é o primeiro spin off do título, reunindo as cinco histórias de uma minissérie focada em antagonistas do personagem principal. Vampiro americano - Seleção natural é ambientada durante a Segunda Guerra Mundial, quando dois agentes de uma organização dedicada a erradicar o vampirismo da Terra vão até a Romênia ocupada pelos nazistas buscar a solução final para aquela praga.

Mesmo não aparecendo diretamente na trama, a presença de Skinner é sentida pelo histórico do casal encarregado da tarefa. Ela, Felicia Book, é uma dampira, ou seja, filha de humana com vampiro, no caso um homem infectado pelo Homo abominum americana original.

Ele, Cash McCogan, tem um filho que também foi maldosamente contaminado pelo sangue daquela criatura.Ou seja, ambos têm motivos pessoais para buscar a cura prometida e para odiar o primeiro vampiro americano.

O roteiro do cocriador do título, mesmo sendo simples e linear, surpreende não apenas por mostrar um cenário novo, além dos tempos do Oeste bravio ou dos primeiros anos do Século 20, mas também por aprofundar bastante a mitologia de sua obra. Os nazistas empregados por Snyder casam perfeitamente com os conceitos vistos desde o início dos acontecimentos mostrados na série mensal, que saem no Brasil no mix da revista Vertigo.

A obsessão dos partidários de Hitler pelo purismo racial ganha uma nova dimensão nesta mistura com o tema dos vampiros. E as metáforas que o roteirista conseguiu a partir do emprego inusitado de teorias da botânica também são muito interessantes. Para fechar, a conclusão é apoteótica, digna dos melhores filmes de Indiana Jones.

Para os brasileiros, é uma pena não ver o trabalho de Rafael Albuquerque na obra. Mas ele foi substituído por alguém de talento: Sean Murphy, que com sua arte em outra minissérie do selo, Joe, o Bárbaro, arrancou mais elogios que o texto do sempre cultuado Grant Morrison.

Nas páginas deste encadernado é fácil ver o motivo para tais elogios. Com sua técnica que une linhas finas e precisas com alguns borrões bem estilizados, Murphy dá uma elegância à arquitetura e aos personagens que desenha, seja nos ambientes dos Estados Unidos, seja nos europeus.

Uma dúvida que fica ao final da leitura é o porquê da escolha editorial
de adaptar o título original, que seria "a sobrevivência do mais apto" para
"seleção natural". Apesar de ambos remeterem à mesma origem, as teorias
de Charles Darwin, o primeiro era mais adequado.

Afinal, não se trata apenas de criaturas sobrenaturais, mas também da intenção dos nazistas vistos de intervir artificialmente no processo. E nele, só os mais aptos realmente conseguirão sobreviver, não necessariamente os mais fortes.

 

Classificação:

4,0

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