
Verões Felizes – 3. Senhorita Estérel
Autores: Zidrou (roteiro), Jordi Lafebre (arte e cores) e Mado Peña (cores).
Originalmente em Les Beaux Etés 3 – Mam’ zelle Estérel (tradução de Fernando Paz).
Edição especial.

Sinopse
Mais uma viagem de férias dos Faldérault. Desta vez, em 1962, quando o casal protagonista tinha só duas filhas. E, desta vez, os pais da esposa vão junto.
Positivo/Negativo
Difícil não terminar a leitura deste terceiro volume de Verões felizes sem estar com uma vontade louca de comer batatas fritas!
A série escrita pelo belga Zidrou (pseudônimo de Benoît Drousie) é uma HQ deliciosa sobre as férias de uma família. E só.
Para quem não leu as duas edições anteriores, vale um aviso: é uma obra apaixonante. Cada volume se passa em um ano diferente. Este, em 1962; a segunda em 1969; e a primeira em 1973. Sim, as tramas estão retrocedem no tempo. Até agora.
Esse detalhe da data não parece nada tão importante até que se passa a acompanhar a série. O que começa, no primeiro volume, com uma família de seis integrantes – marido, mulher e quatro filhos –, aqui tem a presença de apenas quatro: o pai Pierre, que está trabalhando na HQ Zagor (que não é a da Sergio Bonelli Editore), a mãe Madô, que acabou de ter Nicole, de seis meses, e Jules, pouco mais velha.
E nessas férias eles terão a companhia de Henry e Yvette, pais da Madô. Ele teve recentemente um infarto e, por isso, sua esposa controla tudo ligado à saúde dele. Então, nada de fritas e vinho. Já pensou férias sem isso na França?
Mas nada se deve temer quando se tem o Guia Michelin! Só que Yvette não controla só isso, mas tudo. Mesmo! Até o destino da viagem. E tem uma razão para cada coisa.
E quanto à Senhorita Estérel? Bem, trata-se do carro dos Faldérault, que acompanhou tantas viagens e, aqui, é uma personagem à parte na história. E dentre tantas características humanas, algumas inerentes ao ser, e outras adquiridas pela vivência, o leitor embarca nesta viagem, sempre no presente, mas também de olho no retrovisor da lembrança.
É esse olhar que torna a leitura fluida, saborosa, que dá vontade de repetir o prato mais e mais. Porque a família não é perfeita, tem a sogra chata, o sogro bonachão, os problemas, as rusgas e as feridas, mas está ali na vida, para um chocolate ou uma conversa ao luar.
A arte do espanhol Lafebre é linda. De traço arredondado, parece uma animação, de tanto movimento e vida. Os olhares são sempre bem marcados com expressões que falam tudo que, às vezes, só palavras não dizem.
Esse casamento entre desenho e roteiro é, entrando no clima da trama, como batatas na gordura de boi: perfeição! E este volume mescla momentos do presente e do presente (ou seria futuro?) que deixarão os leitores da série felizes. E o final é belíssimo!
A edição nacional é bem cuidada: tem capa cartonada e miolo em couché de alta gramatura. Na França, já saíram mais dois volumes depois deste, e um sexto foi anunciado por Lafebre recentemente, em uma rede social. A Sesi-SP tinha a intenção de publicar o quarto e o quinto álbuns em 2020, mas a pandemia a fez rever a programação.
Verões Felizes é uma excelente dica para presentes, inclusive para quem não curte quadrinhos.
Classificação: