Don Rosa: O homem que recriou o Tio Patinhas
Alguns dias antes do início do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco, do qual foi o principal convidado, o quadrinhista Keno Don Rosa já estava em Recife, falando sobre sua carreira.
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Tarde do dia 23 de maio. No saguão do belíssimo Mar Hotel, Don Rosa chega de seu passeio pela Praia da Boa Viagem. Acompanhado de sua esposa, Ann, era impossível não reconhecer aquele sujeito de estatura alta (mas nada atlético) e de pele muito branca, vestindo um "traje de turista", composto de camiseta colorida, bermudão e sandálias.
De roupa trocada, Don Rosa abriu um largo sorriso ao recepcionar o Universo HQ para uma entrevista exclusiva. Muito alegre e brincalhão, fez piadas com o formatinho das revistas Disney do Brasil (chegou a encostar uma nos olhos, fingindo não conseguir enxergar os quadrinhos, de tão pequenos), e, diante de um lampejo de tietagem do entrevistador Marcus Ramone, que disse "não estar acreditando que estava conversando com o grande Don Rosa", respondeu: "Sinto muito, mas meu nome é Clint Eastwood".
E foi exatamente essa simpatia que marcou a entrevista. E o leitor poderá se surpreender, pois Don Rosa não é um ávido leitor de HQs. Pelo contrário. Às vezes, deixa transparecer um certo desconhecimento sobre obras e autores, especialmente de fora dos Estados Unidos.
Mas isso não tira o brilho deste que é o maior mestre dos quadrinhos Disney na atualidade, um artista tarimbado, que ainda se permite ficar ruborizado diante de elogios a seus trabalhos, a ponto de mostrar-se visivelmente encabulado.
E foi exatamente esta sua reação ao ver a belíssima exposição que a organização do evento fez não só da Saga do Tio Patinhas, mas também de seus trabalhos anteriores, como o Capitão Kentucky, um super-herói humorístico, que foi publicado em jornais nos anos 70.
Universo HQ: Primeiramente, qual seu nome completo, idade, onde nasceu e onde mora atualmente?
Don Rosa: O nome do meu avô era Joaquino, de onde pegaram "Keno" para mim. Meu pai se chamava Bante, mas eles mudaram para "Dante", para que fizesse sentido para os americanos. O seu outro nome era Hugo, que trocaram para "Hugho", pela mesma razão. Então, me chamo Keno Don Hugho Rosa. Nasci em Louisville/Kentucky - onde trabalho e vivo - em 1951. Que eu me lembre.
UHQ: Com quantos anos o senhor começou a trabalhar com quadrinhos?
Don Rosa: Quando comecei a ver desenhos animados, ou a ler revista em quadrinhos. Minha irmã, que era 11 anos mais velha que eu, era uma leitora assídua de gibis, então, desde o momento em que vim ao mundo, via a casa cheia de HQs por toda parte. Eu vivia com um lápis na mão fazendo desenhos.
O engraçado é que, diferente da maioria das crianças, eu nunca desenhava apenas figuras. Pegava papel timbrado do escritório do meu pai e fazia histórias. Comecei isso como hobby, jamais pensei que seria meu ganha-pão, pois achava que iria assumir a direção da construtora da família.
UHQ: Por que decidiu por esta carreira? Qual seu primeiro trabalho e onde ele foi publicado?
Don Rosa: Eu não escolhi, simplesmente dei de cara com este ramo. Sou engenheiro civil formado, e tomava conta da direção da construtora da minha família. Isso foi até 1987.
Um dia, uma pequena produtora dos Estados Unidos conseguiu os direitos autorais para fazer historias em quadrinhos dos desenhos Disney, pois simplesmente ninguém queria isso, já que gibis não davam dinheiro.
Esta empresa, com seus três ou quatro funcionários, todos marinheiros de primeira viagem, começou, pela primeira vez, a desenhar quadrinhos e a colocar o nome dos autores, desenhistas e artistas responsáveis pelo trabalho, como forma de respeito.
Havia desenhos de todo tipo, feitos tanto para iniciantes como para colecionadores, o que é realmente fácil de se fazer, pois muitos artistas gostam bastante de fazer esta distinção.
Daí em diante, quando vi os títulos nas bancas, sabia que era minha chance de fazer aquilo que sempre sonhei desde criança. Eu já tinha, na verdade, escrito histórias para o jornal da minha escola, para revistas, e até ajudei em outras histórias em quadrinhos, mas queria criar a minha própria, com meus próprios personagens.
Foi aí que fiz uma história para uma pequena empresa em Arizona, chamada Gladstone Publishing, que foi muito bem recebida, mas achei que iria parar por aí.
Só que eles queriam que eu voltasse e fizesse mais, mas não tinha tempo, pois já não era mais criança e tinha até abandonado meu hobby. Concorri a um prêmio de melhor história cômica do ano. E foi a primeira que trabalhei na área!
Fiz outros desenhos, e achava que conseguiria ganhar um terço do dinheiro que ganhava na construtora, só que seria mais interessante, não tinha a certeza de ser a coisa correta a fazer.
Então, liquidei a construtora e me entreguei, já que achava que seria uma maneira mais legal de ganhar dinheiro.
Parei por um ano por motivos de força maior, até que escutei que meu trabalho tinha sido mencionado na Europa. Eu achava que as coisas que não acontecem nos Estados Unidos não aconteciam em nenhum outro lugar do mundo! Pensava que poderia ser uma das milhares de pessoas que ganhavam a vida com isso, mas até hoje ainda não consegui entender por que gostaram tanto do meu desenho dentre tantos que eram bem mais profissionais.
Acho que um dos motivos é que meu trabalho é muito rico em detalhes, você olha e vê tudo tão cheio de coisas, enquanto outras histórias não são assim.
UHQ: Quais são seus ídolos? Atualmente, o senhor acompanha algum artista em especial?
Don Rosa: Meus ídolos são de 30 ou 40 anos atrás.
UHQ: Quando o senhor decidiu que queria fazer quadrinhos Disney?
Don Rosa: Como eu disse antes, nunca tive a intenção de entrar neste ramo. Esse trabalho, na verdade, é um pouco frustrante, pois quando deixa de fazer um título, você afeta o mundo, o fere porque tantas pessoas no planeta inteiro amam aqueles personagens.
Cá pra nós, ganhar todas essas viagens para a Europa e agora para a América do Sul é uma experiência maravilhosa. Às vezes, encontro mil e um motivos para parar de desenhar, mas também acho outros que dizem que devo ficar, pois acho que viver é afetar a vida das pessoas positivamente.
UHQ: Antes disso, o senhor tentou trabalhar com outras linhas de quadrinhos?
Don Rosa: Não, só me interesso em trabalhar com os desenhos de Carl Barks (eu não me vejo fazendo desenhos para a Disney, mas sim para Barks).
Consigo desenhar bem os que gosto, mas não estou interessado em trabalhar com outros tipos de arte no momento. Quando as pessoas retratam o Tio Patinhas, elas foram treinadas, o caracterizam em vários ângulos, tipos, formas. Mas quando eu o desenho, é só isso: é o melhor que posso fazer, pois não tive o mesmo treinamento.
Muitas pessoas sugerem que eu crie meus próprios personagens, mas, em primeiro lugar, acho que eles não fariam sucesso, pois estes - da Família Pato - são os que me fazem chegar mais próximos de um ser humano. Apenas modifico algumas características, e é isso aí.
Meu trabalho é uma fonte segura, e sair por aí criando meus personagens pode não ser uma boa idéia, no fim das contas. Se não cresci com o personagem, não tenho como me identificar com ele.
UHQ: Como é a responsabilidade de ser chamado de "o sucessor de Carl Barks"? O senhor é o novo Homem dos Patos?
Don Rosa: É, na verdade, lisonjeador e, ao mesmo tempo, uma honra ser considerado o sucessor de Carl Barks. Só espero que não tenha muita responsabilidade, pois odiaria falhar diante dela.
Na verdade, não estou criando tudo exatamente do modo como Barks estava. Minhas histórias se baseiam nas dele com seus fundamentos, mas também contêm outras coisas, como idéias que vejo em filmes ou até de outras pessoas, tais como minha irmã.
Não estou tentando ser uma réplica de Carl Barks, e espero não fazer papel de bobo no fim das contas.
UHQ: Por falar nisso, quem o senhor apontaria como "o substituto de Don Rosa"?
Don Rosa: Acho que ele nasceu nesta época! Carl Barks nasceu em 1901, e eu, exatamente 50 anos após ele! Então, quando nasci, ele tinha 50 anos. Assim sendo, meu sucessor deve ter dois anos de idade agora.
Eu jamais aconselharia alguém a fazer o que faço, não que queira ser o único, mas é que acho que há maneiras mais fáceis de se fazer dinheiro do que vender revistas em quadrinhos por toda a América.
UHQ: Na sua obra sobre o Tio Patinhas, o senhor adotou uma espécie de cronologia, algo que nunca havia ocorrido na Disney. Isso não é uma temeridade? Afinal, leitores mais fanáticos podem começar a contar qual a idade de cada pato!
Don Rosa: É verdade, há fanáticos que levam tudo muito a sério, e há outros que me odeiam por causa dos outros fanáticos! Mas acho que os dois estão errados, pois é só uma história em quadrinhos.
Há gente que quer levar tudo muito a sério e sempre explico que é apenas minha versão, a minha visão de tudo, e que não deve ser entendida como a verdade absoluta. Mas há pessoas que gostam tanto, que acabam querendo que ela se torne isso.
Quero que as pessoas gostem, e não importa quantas delas gostem ou não. Se for um sucesso ou um fracasso, ainda ganho a mesma quantidade de dinheiro. Então, não tenho nenhum problema em dizer aos leitores para relaxarem e não levarem tudo tão a sério.
Às vezes, nem eu gosto do que desenho. Deveria, na verdade, pagar outra pessoa para fazer isso para mim, para ver se eu gosto mais do que quando produzo.
UHQ: No final da Saga do Tio Patinhas, há um quadro em que Huguinho, Zezinho e Luizinho dizem para o Tio Patinhas que sabiam bem o que significa a dor de perder a família. Isso foi um gancho que o senhor deixou para uma HQ semelhante que estaria fazendo sobre o Pato Donald? Seria a morte de Dumbella?
Don Rosa: Dumbella... Não gosto deste nome para uma personagem... Acho que este foi o nome que Disney inventou para o desenho.
Se você olhar direito, Dumbella não é uma palavra bonita. Na verdade, é um insulto, é nada inteligente. Mas é só minha opinião.
Bem, primeiramente Huguinho, Zezinho e Luisinho surgiram num jornal, só aparecendo depois num desenho animado de Walt Disney; e Dumbella estreou com o nome de Della, o que eu particularmente acho mais bonito.
Na minha versão, ela se chamaria Della e o seu irmão, Pato Donald, a chamaria de Dumbella para tirar onda (nota do UHQ: Dumb, em inglês, significa bobo, tolo, burro).
Mas o que aconteceu na Saga do Tio Patinhas com Huguinho, Zezinho e Luisinho foi que eu queria explicar onde os pais dos três sobrinhos estavam, ou seja, mortos.
Não teria sentido eles descobrirem isso em alguma futura aventura, pois não seria engraçado, mas sim deprimente. Então, há histórias que não se pode concluir, pois simplesmente não dá para explicar certos fatos que aconteceram antes dos personagens serem criados. Não dá!
Concluindo: não há porque escrever uma história sem um fim feliz.
UHQ: Na sua opinião, o fato de ter que desenhar sempre seguindo um modelo pré-estabelecido limita a criatividade dos artistas?
Don Rosa: Na verdade, não acho que sigo algum modelo de perto. Minha maior preocupação é sempre a história em si. Então, é nisso que me detenho.
UHQ: A Europa se transformou num grande pólo produtor de HQs Disney. O senhor as acompanha? Gosta de alguma em especial?
Don Rosa: Eu gostava das histórias produzidas pelo italiano Marco Rota, meu autor Disney preferido, depois de Barks. Ele era excelente, desenhava prédios com uma técnica excepcional, cheia de detalhes.
Se eu tivesse o mesmo talento dele, provavelmente desenharia diferente. Fazer detalhes é a parte mais difícil para mim, já que não tenho toda essa habilidade.
Uma vez me disseram para eu contratar um assistente para fazer essas coisas, mas mal ganho o suficiente para mim, quanto mais para pagar um ajudante. Gostaria mesmo é de ter estudado, em vez de isso ter tido os quadrinhos apenas como um hobby.
UHQ: Por falar em Europa, o senhor gosta dos quadrinhos europeus? Algum artista em especial?
Don Rosa: Sim, gosto de quadrinhos europeus, mas é uma pena que não possa lê-los. Mas temos revistas em quadrinhos muito melhores nos Estados Unidos, de ficção científica, de aventura, históricos, de cowboys.
De qualquer forma, adoraria ler as HQs européias e ver o que estou perdendo lá. E, como disse antes, Marco Rota é meu artista preferido.
UHQ: Qual sua opinião sobre os mangás? Há na Disney uma preocupação com este gênero, que não pára de crescer no mundo inteiro? Há o risco de vermos os patos mais famosos do planeta com um traço similar ao das obras japonesas?
Don Rosa: Os mangás estão crescendo há quase tanto tempo quanto estou sem ler revistas em quadrinhos. Estão ficando bastante populares e gostaria que me explicassem o segredo disso, porque eles parecem ser muito diferentes um do outro. Na verdade, nem tenho uma opinião formada. Preferiria, no entanto, falar de autores de desenhos animados japoneses, como Miasaki (nota do UHQ: Hauyo Miasaki, responsável por obras como Princess Mononoki, Spirited Away e Totoro).
A companhia para a qual trabalho tem uma filial no Japão, e o maior problema que eles encontram é que os desenhos japoneses têm uma arte visual completamente diferente, que se desenvolveu apenas depois da II Guerra Mundial, talvez até pelo mesmo criador de Astroboy (nota do UHQ: Osamu Tezuka), que também concebeu todo o novo modelo do traço deles.
Para os eles criarem os desenhos da Disney no Japão, procuram adaptar a realidade japonesa, sem alterar muito do original.
UHQ: O que o senhor pensa sobre os quadrinhos de super-heróis? Se fosse convidado, faria?
Don Rosa: Bom, primeiro não sei desenhar tão bem, mas talvez se pudesse... Na verdade, não faço HQs nesta mesma linha. Trabalho com HQs de aventura, mas sobre briga acho que não tenho jeito, não é nada inspirador.
Quero dizer, uma boa história com uma boa briga, tudo bem, mas criar uma trama sobre brigas, não acho uma boa idéia.
Por exemplo, em um filme onde há uma luta de esgrimas, tudo bem, porque funciona como uma propaganda do filme. Mas há filmes em que as cenas de luta adquirem vida própria e continuam sem parar. Acho isso enfadonho, porque toda a ação se resume àquelas tomadas. É assim que enxergo o novo conceito americano de lutas em filmes.
Adoro super-heróis como Superman, Batman, Homem-Aranha, Flash... Tem muitas idéias do Superman nas minhas histórias do Tio Patinhas, pois cresci com isso. Mas acho que as pessoas gostam de como os super-heróis mudam a cada história, pois, apesar de não entender, é uma tendência que noto.
UHQ: O senhor conhece o Superpato? O que acha desse super-herói Disney?
Don Rosa: É um personagem italiano, eu o conheço, mas nunca vi história dele em inglês. Por isso, não sei muito sobre ele.
O Superpato é bastante famoso na Itália e em algumas partes da Europa. Na verdade, isso até me incomoda, pois hoje em dia qualquer coisa está sendo transformada em super-heróis, e para mim, que sou um fã dos heróis das antigas...
Não me entenda mal, amo super-heróis, mas os de hoje são completamente deturpados, se comparados com os de antigamente. Na Europa, não é tão mau, eles não distorcem tudo, mas odiaria se um dia o Superpato chegasse nos Estados Unidos.
Os meus personagens favoritos, apesar de não serem super-heróis, são o Tio Patinhas, em primeiro lugar, e o Spirit. Além destes, gosto bastante das histórias de ficção científica dos anos 1950, que eram antologias, sem personagens específicos.
UHQ: É verdade que o senhor não gosta da personalidade que os artistas brasileiros deram ao Zé Carioca? Por quê?
Don Rosa: Não sei que traço de personalidade é este que você está falando, mas a idéia que tenho feito nos últimos 40 anos é que ele é um desempregado, sempre curtindo a vida.
Então, não posso dizer nada, já que não consigo ler. Mas o que me dizem é que ele é um vagabundo, um vagabundo adorável. Assim, não consigo formar uma opinião. Por isso, tive de criar uma versão própria do Zé Carioca que todos os americanos conhecem, o do desenho de 1945.
Espero que, um dia, se os brasileiros souberem dessas histórias do papagaio, não me culpem. Quero que vejam, também, que ele é apenas diferente do que já conhecem, com certeza uma "pessoa" de boa índole.
No entanto, espero que não se sintam ofendidos, pois não tenho fontes onde possa chegar e pedir cópias da história do Zé Carioca dos últimos 30 anos em inglês. Isso é impossível.
UHQ: Muito se fala sobre uma crise mundial nos quadrinhos, com revistas de tiragens cada vez menores. Isso acontece também com a Disney?
Don Rosa: Suponho que aconteceu tudo nos EUA há uns 40 anos, pois havia muitas crianças assistindo à televisão e lendo pouco, e também com o surgimento de tantos videogames, tanto na América do Sul como na Europa...
Acho que tudo isso vem daí. Não sei muito sobre as vendagens de revistas em quadrinhos, não tenho acesso a esses dados.
UHQ: O senhor conhece algum artista brasileiro?
Don Rosa: Não conheço nenhum artista brasileiro, sei que é uma vergonha, mas não conheço nenhum...
UHQ: Quais seus trabalhos atuais e os planos para o futuro?
Don Rosa: Quero fazer novas histórias, uma de cada vez, e rápido, para ser pago logo, porque demoro muito para produzi-las.
Faço cerca de duas histórias por ano, em parte porque tenho de visitar pessoas bacanas ao redor do mundo e me divertir em lugares como o Brasil, agora.
Eu parei de fazer uma aventura do Zé Carioca para vir até aqui. É uma história interessante. Como fiz uma dele no México, decidi que a próxima teria de acontecer aqui no Brasil. Assim, o Donald vai até o Rio e se encontra com o papagaio malandro e um amigo.
Por isso, resolvi vir até aqui e pesquisar, pois só há duas coisas que os americanos sabem do Brasil: uma é a Selva Amazônica, e a outra é o Rio de Janeiro.
Não quis ignorar o Rio, é uma cidade linda, visualmente falando, e o Pão de Açúcar é muito visível. No lugar de mandar os personagens para a Amazônia, os enviei ao Mato Grosso, que se assemelha mais com a África, e comecei a pesquisar sobre o local.
Geralmente, não gosto das histórias que faço, mas senti um gostinho especial por esta, porque realmente me esforcei para criá-la. Quis tirar o Zé do seu ambiente, pois ele sempre sofre agressões dos outros personagens, como o Tio Patinhas, a Margarida, o Donald (Nota do UHQ: Isso não acontecia nas HQs produzidas no Brasil).
Por isso, quis colocá-lo num lugar com duas pessoas iguais a ele, para que todos se igualem.
UHQ: Obrigado por sua atenção, Sr. Don Rosa. Foi um prazer conhecê-lo.
Don Rosa: Eu que agradeço pela calorosa recepção. E o prazer foi todo meu.