Mike Deodato Jr.: um brasileiro desbravador do mercado norte-americano
UHQ: Apesar de ter despontado na DC Comics, sua carreira há anos se estabeleceu na Marvel. Como começou essa parceria e como você analisa todos esses anos trabalhando para a “Casa das Ideias”? O que o manteve na editora todos esses anos?
Deodato: Primeiro, foi a minha decisão de que tudo o que eu fizesse me satisfaria, independentemente de dinheiro. Se eu estivesse satisfeito com a Marvel, era lá onde eu iria ficar. Teve uma época em que a DC me ofereceu mais, mas preferi ficar na Marvel.
Fora isso, eles sempre me trataram bem. Dou-me bem com todos de lá, todos os editores, e sempre me passaram os melhores projetos. É uma relação de muitos anos. Se sair, será para tentar fazer algo diferente e mudar.
A Marvel não tem obrigação de nada comigo. É como trabalho de uma agência de publicidade. Criamos a marca para um cliente e fica para eles. Não posso pedir que me paguem de novo. Pagaram-me para criar. Mas eles possuem o selo Icon, para projetos autorais.
Não tenho do que reclamar, eles são bem legais comigo.
UHQ: Quais as diferenças que você vê no método de trabalho atual da Marvel com suas experiências em outras editoras?
Deodato: Quando trabalhei com outras editoras, eu não falava inglês e, por isso, tinha pouquíssimo contato. Realmente, não sei como é a dinâmica. Analisando de fora, vejo que a Marvel é mais organizada, tem mais planejamento. Eles se reúnem, fazem retiros editoriais e planejam com antecedência.
Comigo, por saberem que eu toco tudo, às vezes os projetos chegam de surpresa.
UHQ: Você já desenhou os Vingadores, Hulk, Elektra, Thor, Thunderbolts, Homem-Aranha, Wolverine e outros. Há algum personagem da Marvel que você tem o desejo de desenvolver um projeto?
Deodato: Ah, o Ka-Zar, porque tem dinossauro, monstro e selva. Olha a motivação intelectual (risos)!
UHQ: E personagens de outras editoras? Algum em especial que ainda gostaria de trabalhar?
Deodato: Na DC, queria fazer Sargento Rock, Jonah Hex, o Morcego Humano... Também o Superman e o Batman, claro. Tenho que fazer uma nova versão do Batman, porque a minha... Já desenhei o Batman por cinco edições, mas foi naquele período em que eu estava sem saber o que precisava mudar.
Tarzan também ia ser o máximo. Príncipe Valente! Olha só, o Hal Foster deve estar se revirando no túmulo com isso (risos).
UHQ: De todos os seus trabalhos, há algum de que você mais se orgulha? Por quê?
Deodato: Desse álbum da Mino eu estou bem orgulhoso (Nota do UHQ: veja detalhes aqui). São trabalhos autorais que eu publicava no blog Quadros.
Fui entrevistado para a série sobre quadrinhos da HBO e, falando sobre os compatriotas, percebi que eu era um dos únicos que não tinha evoluído para a área autoral. Tenho 51 anos e nada. Vi que precisava fazer algo e a solução que encontrei foi um blog.
Era algo mais sem compromisso, fazia enquanto tivesse tempo, saciava essa parte e, quem sabe, um dia realizaria campanha no Catarse e então juntaria numa edição. Adorei fazer, é como se algo tivesse acendido dentro de mim. São histórias curtas pela minha incapacidade de escrever história longa, pois ainda não tenho conhecimento ainda para criar trama, sub-trama, personagens... não quero fazer errado, então fiz o que entendia, que eram coisas mais curtas.
Aproveitei para brincar com meu background de publicidade e jornalismo e brinquei com tipo de letra, formas diferentes etc. Tentando compensar essa falta de conteúdo com termos gráficos, em que posso ousar mais por não ter amarra nenhuma.
Aos poucos, pretendo colocar mais texto e criar coisas mais complexas.
A Mino entrou em contato querendo republicar minhas histórias antigas, mas conversando mencionei o blog e perguntaram se eu não tinha interesse em publicar. Concordei e criei mais algumas coisas novas. Estou muito orgulhoso mesmo.
E sei que eles darão um bom tratamento para a edição. São uma equipe bem criteriosa, dá para ver que eles entendem e estão procurando soluções de design interessantes. Eles não aceitam tudo o que eu falo e, se der uma ideia ruim, eles falam. Assim, tenho confiança de que realmente estou sendo editado.
Do que já foi publicado, tenho orgulho de duas coisas.
Uma é The Incredible Hulk # 70, escrito pelo Bruce Jones. É uma história fechada em que pude experimentar coisas diferentes, coloquei o título misturado com a história, incluí onomatopeias etc. Além disso, foi o primeiro número colorido pelo Hermes Tadeu, que se estivesse vivo seria um dos maiores coloristas atuais (Nota do UHQ: Hermes Tadeu foi morto em 2003, vítima de uma tentativa de assalto).
Ele faleceu antes de terminar a última página. Não tínhamos muita intimidade, mas me chocou muito. A perda do talento dele me marcou muito.
Acabou sendo um conjunto de coisas, porque na capa o Hulk está caído, parecendo morto, e a história é uma lição sobre aproveitar a vida. Essa despedida acabou sendo uma homenagem a ele. Gosto muito desse trabalho.
A segunda é The Cartoon Art of Mike Deodato Jr. (Nota do UHQ: veja detalhes aqui). São coisas bem pessoais que fiz para minha esposa e minha filha. Ficou bem legal, porque eu não tinha intenção de publicar, mas acabou acontecendo e gosto muito. É algo bem meu, nada planejado para agradar ninguém.
UHQ: The Cartoon Art of Mike Deodato Jr. mostrava seu estilo com traços cartunescos. É revigorante mudar de estilo e mostrar outra faceta?
Deodato: Ah, é bom demais! Eu faria isso mais, se tivesse tempo. Na minha área posso ousar até certo ponto, porque meus editores e fãs esperem um perfil específico de trabalho.
Mas, por mim, eu experimentaria coisas diferentes. A última vez que tentei algo foi em Original Sin. Pude brincar com os layouts ao máximo. Já venho fazendo isso, mas ali condensou bem o que tenho feito nos últimos anos.
Mas é bem revigorante, mesmo. Se eu pudesse, experimentava algo diferente todos os dias só para ver o resultado. Tanto em termos de desenhos quanto de temas.
UHQ: E o inverso? Algum trabalho que gostaria de esquecer?
Deodato: Aí a lista é longa (risos). Tem muita coisa da década de 1990 que fico embaraçado. Tem um anual da Batgirl que resume bem o nível em que cheguei, está bem ruim mesmo. Pode até ter coisas piores, mas ali resume bem.
Mas é aquela coisa, para um leitor da época pode ser uma lembrança boa. Por exemplo, adoro as histórias dos Defensores de Sal Buscema, por volta de 1975. Mas, se olhar hoje em dia, é bem caricato. E eu adorava, faz parte da minha infância! Fico meio sem jeito de mencionar coisas ruins que eu fiz porque pode ter alguém com um carinho especial.
A maioria das coisas que eu faço gosto por algum tempo, mas depois não quero mais olhar porque acabo encontrando defeitos. Às vezes, olho para ver onde posso evoluir, se tem algo que posso resgatar. Mas, em geral, analiso bastante quando recebo a revista e depois não vejo mais.
UHQ: Como enxerga essa geração atual, como o Rafael Albuquerque, o Gustavo Duarte, os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá, que conseguem emplacar trabalhos com um traço mais autoral? O que mudou? Essa mudança reflete em você?
Deodato: Ah, sim! A qualidade e o bom gosto estão subindo. O público está mudando, quer coisas diferentes, e os editores estão se adaptando a isso. Os artistas aparecem e se impõem com trabalhos de qualidade.
O Axel Alonso (Nota do UHQ: atual editor-chefe da Marvel) vem de um passado com a Vertigo e ele trouxe isso para a Marvel. Quando o Quesada o contratou, foi pensando nisso, no que ele poderia acrescentar também nessa área. Vieram ainda Richard Corben para desenhar Hulk e outros para inovar.
Experimentaram bastante com pessoal underground para fazer quadrinhos mainstream.
São pessoas de talento no lugar certo para tomar a decisão e mostrar aos leitores que isso também é bom. Tem Surfista Prateado do Mike Allred e o Gavião Arqueiro do David Aja, que está fazendo algo completamente louco em termos de visual. Alguns desses materiais nem vendem tanto, mas rendem prêmios e educam o público deles.
UHQ: Original Sin começará a ser publicado em breve, no Brasil. Falando um pouco da saga, como foi o trabalho? Qual repercussão estavam pensando em dar ao Universo Marvel?
Deodato: Eu já tinha trabalhado com o Jason Aaron em uma revista sobre basquete e nos damos bem juntos. Nesses anos todos, eu nunca tinha feito um evento para a Marvel e nem fiz campanha para isso. Achei que, como eles me contrataram, devem me usar onde é mais lucrativo para a empresa.
Como sou um cara que cumpre prazos, acho que preferem me colocar em revistas mensais.
Mas finalmente decidiram e calhou de eu estar saindo de uma revista e ter tempo. A história também se encaixava no meu estilo, já que é voltada mais para temas como crime. Chamei o colorista que estava trabalhando comigo nos Vingadores, o Frank Martin Jr, que é brasileiro. Ele é tão bom que dá uma cara nova ao meu trabalho e topou. Ficou muito animado.
Ele sugeriu de eu usar um estilo com o traço sem contorno, que ia ficar um colorido legal em cima disso.
Em termos de diagramação, tentei impor a minha marca, algo parecido com um quebra cabeça. Venho inovando nessa área nos últimos anos, sem prejudicar a narrativa. Foi corrido, mas gostei bastante do resultado. O último número ia sair atrasado, mas eu não queria, por ser meu primeiro evento, então fiz 30 páginas em 30 dias, incluindo a arte-final, e consegui entregar no prazo.
Depois que eu vi a edição francesa e italiana em preto e branco, gostei mais ainda. Não que eu não goste das cores, mas é que [em preto e branco] me lembram os quadrinhos que eu lia quando criança.
UHQ: Atualmente, você está desenhando Guardians of Knowhere (veja detalhes aqui), título ligado à saga Guerras Secretas. Mas e os planos pós-Guerras Secretas? O que a editora tem planejado? Já sabe qual será o seu próximo projeto?
Deodato: Não, não sei mesmo. Estou em uma fase que não pergunto mais, antes eu queria saber, ficava perguntando. Agora, não. Nesse caso específico, mandei um e-mail para o Bendis perguntando quando íamos fazer alguma coisa juntos novamente e ele disse “Ué, não te falaram não?”(risos).
Ele já tinha feito a proposta. Faltava apenas a aprovação do Tom Brevoort (editor) para me liberar. Serão cinco números.
Para depois disso eu não sei. Falei que, se sobrar o Wolverine ou o Thor, passem para mim. Não que eu não queira mais saber de Vingadores, mas estou com vontade de desenhar um personagem solo.
UHQ: Você se tornou um colaborador frequente de Brian Michael Bendis. O que fez com que essa parceria desse tão certo?
Deodato: Não sei... ele gosta muito do meu trabalho. Ele criou Vingadores Sombrios depois que viu Thunderbolts, já pensando em mim para desenhar. Não era planejado ser um sucesso, mas acabou se tornando a revista mais vendida da Marvel.
Nós conversamos pouco, mas nos damos muito bem. Já estive na casa dele, jantamos, e ele gosta muito de mim. Ele é um cara muito agradável e muito generoso. Uma vez estávamos numa convenção e ele pediu para eu fazer uma lista dos personagens que eu mais gostava, para levar aos editores. Acabei esquecendo isso e, alguns anos depois, percebi que desenhei todos que estavam naquela lista. Ele conseguiu incluir todos nas histórias.
Tenho certeza de que tem a mão dele no fato de o meu nome aparecer nos créditos de Agents of S.H.I.E.L.D. Ele é bem bacana.
Ele só trabalha com quem gosta e eu ser escolhido é muito legal. Não sei de onde vem a química que temos, mas em parte é da admiração que ele tem pelo meu trabalho.
UHQ: Existe alguma diferença na sua produção, trabalhando com escritores diversos, como Brian Bendis, Jonathan Hickman ou Jason Aaron?
Deodato: Com a maioria dos caras com quem trabalho, não tenho muita interação. Ultimamente é que começamos a nos falar mais, mas eu não vou dar sugestões no trabalho deles e eles me deixam livre para desenhar.
Quando começo a trabalhar com alguém, normalmente eles são um pouco mais desconfiados, pedem para mudar algumas coisas. Mas depois que percebem que tudo vai sair do jeito que querem, relaxam.
A produção não muda, o que muda mais é o tema. Se for uma revista interligada com outras, precisa de muita referência e demora um pouco mais. Fora isso, roteiro é roteiro.
UHQ: Sobre o sucesso da Marvel nos cinemas, qual a sua opinião dos filmes e o impacto deles junto ao público?
Deodato: A Marvel finalmente está cuidando dos filmes, ao contrário de antes, quando vendia os direitos para outros estúdios produzirem e não era gente que entendia de super-heróis. Ela usa pessoas que fazem quadrinhos para serem consultores.
Acho que estão fazendo tudo certo, nos últimos anos. Trouxe o Jeph Loeb para a parte da animação e os autores são fonte para contribuir ao passar os personagens para outras mídias.
O resultado, nós vemos. São perfeitos, os personagens que conhecemos na tela. Ao contrário de, por exemplo, o Batman, que parece um robô, tudo muito sério demais. Até o Homem de Ferro é mais ágil. Tem que ter humor, também, e a Marvel está conseguindo balancear tudo isso.
Está sendo criada uma geração que voltou a conhecer esses personagens, que voltaram a ser populares. Quem podia imaginar que um filme do Homem de Ferro faria tanto sucesso? Em minha opinião, os personagens ficarem nas mãos de outros estudos faz com que faltem vários detalhes. Aos poucos, esse público está vindo para os quadrinhos. No começo não, mas agora está começando.
Está sendo formada uma geração que conhece super-herói e entende a dinâmica entre eles. O mundo já foi assim antes, mas mudou. Agora está voltando e todo mundo virando nerd (risos).
UHQ: Tem algo que você viu nos filmes que ressoou particularmente em você por ser algo que estava fazendo nos quadrinhos?
Deodato: Sim, literalmente! Vi o Patriota de Ferro, que criei. E também a Victoria Hand, em Agents of S.H.I.E.L.D. Ficou igualzinho, muito legal ver isso!
Também vi muito do Hulk. Acho que ficou muito parecido de quando eu desenhava, achei até algumas cenas parecidas. É bacana ver que, de alguma maneira, se inspiram em nosso trabalho.
UHQ: Muitos acham que os quadrinhos da Marvel estão ficando em segundo plano com o crescimento nos cinemas, televisão e outras mídias. O que acha disso? Qual o papel do braço editorial, atualmente?
Deodato: Não mesmo! E é um fato. O chefão da Marvel, Isaac Perlmutter, deixou claro que a editora tem que dar lucro na parte de publicação. Pode ganhar bilhões no cinema, mas nada vai para a editora. Não tem jeito de deixar os quadrinhos de lado, não pode deixar de dar atenção às revistas.
O que mudou foi ter acesso à melhor distribuição de quadrinhos e no cinema, usar os outros canais e estruturas da Disney. Na parte editorial, o que aconteceu foram coisas como Star Wars passar para a Marvel e detalhes assim. Eles não são burros, sabem que a fonte são os quadrinhos.
O que acontece é que muita gente acha que os quadrinhos seguirão as modificações dos filmes. Mas quem faz os filmes são as mesmas pessoas que também fazem os quadrinhos, como Brian Bendis e outros. Estão sempre reunidos para discutir roteiro. Quando Bendis pega a revista dos Guardiões da Galáxia, dois anos antes já sabem o que ia acontecer nos cinemas.
Eu acho que a Marvel nunca esteve tão criativa e tão ousada. O único problema que eu vejo são essas publicações quinzenais. Acaba que precisa chegar outros desenhistas para cumprir os prazos e essas mudanças ficam chatas, é como mudar o elenco de um seriado de um episódio para o outro. Fora isso, está tudo certo.
UHQ: Como você vê o atual momento do mercado nacional de quadrinhos e o surgimento de novos talentos?
Deodato: Estou bem animado! Desde o Mauricio de Sousa deixando outros autores brincarem com os brinquedos deles, agitando o mercado editorial tanto em termos de vendas quanto de produtos de qualidade e dando projeção nacional de nomes novos, até a quantidade de desenhistas surgindo com seus projetos.
Tudo isso forma um rebuliço bom. E ainda há plataformas como o Kickstarter e o Catarse, que mudam a dinâmica de publicação, permitindo ir direto ao público. Novas editoras estão surgindo e querendo lançar coisas de qualidade.
O número de convenções aparecendo. Imagina só briga de convenções, quando poderíamos imaginar isso no Brasil? É um momento bom demais. Na minha cidade tem duas escolas de quadrinhos!
Isso é resultado de várias coisas. Talento, que sempre tivemos; do povo com dinheiro para gastar em cultura; da internet, que ajuda o artista a se divulgar e é uma ferramenta incrível; e os filmes baseados em quadrinhos, que mesmo os mais famosos sendo de super-heróis atraem atenção para a mídia como um todo.
Mas o principal é talento e com projetos autorais e ideias para criar coisas novas. O Brasil tem condições de ter um mercado bem forte de quadrinhos.
UHQ: Há alguns anos, artes originais suas produzidas para a revista A Espada Selvagem de Conan, que não foram devolvidas, apareceram na internet sendo comercializadas (veja detalhes aqui). Como ficou esse caso? Conseguiu reavê-las?
Deodato: Só as que um cara achou no lixo da Editora Abril. Ele foi honesto e devolveu, mas várias outras se perderam. Nunca tive uma resposta da Abril. Se alguém achar esses desenhos, por favor, devolva (risos)!
Era de uma época em que fazer quadrinhos no Brasil era uma sorte ser pago. Devolver o original, nem pensar.
UHQ: Você costuma publicar muitas artes em redes sociais. Recebe muitos pedidos de commissions (encomenda de artes por parte dos fãs)? Há algum em especial que achou mais interessante, ou esquisito, de ilustrar?
Deodato: Publico bastante porque acho legal ter essa resposta imediata das pessoas e é uma boa maneira de divulgar meu trabalho. Além disso, fica mais fácil de divulgar um projeto novo. Sempre que posso ou tenho permissão, eu posto.
Só não recebo mais pedidos de comission porque não tenho tempo. No momento, não me interessa tanto, mas se alguém entra em contato comigo e calha de eu estar entre um projeto e outro e for rápido, aí eu faço.
Faço mais esses desenhos em convenções. Uma vez me pediram para fazer o Homem de Ferro segurando um gatinho e umas coisas meio estranhas. Mas a gente faz!
UHQ: Você tem feito trabalhos fora os quadrinhos ou tem vontade de fazer?
Deodato: Não tenho interesse em largar os quadrinhos para fazer outras coisas, mesmo que deem mais dinheiro. Gosto de fazer quadrinhos. Mas seria bom, para variar, talvez uma capa de CD, algo para games, cartazes... seria bacana.
UHQ: Desde que começou a ler quadrinhos, quais você mais admira como fã? E quais acompanha, atualmente?
Deodato: O que mais marcou foi Kripta, da Rio Gráfica. Eu devia ter uns 15 anos e, para mim, era muito chocante, meio pervertido. Tinha muito sangue, nudez... era como se eu tivesse me subvertendo, fazendo algo proibido. Fora a qualidade gráfica das histórias!
Sempre fui muito tímido e depois de ler essas histórias fiz uma redação no colégio que a professora pediu para eu ler na frente da turma e me deu nota 10! Era inspirada nessas histórias. Ou seja, mesmo sem querer, eu estava aprendendo a escrever.
UHQ: Fazendo uma pequena retrospectiva, como você vê a sua carreira? O que mais lhe orgulha e quais os momentos mais marcantes?
Deodato: Não sei... acho que a minha longevidade é minha maior conquista. Ainda estou na ativa tendo começado na década de 1980, ainda sendo muito popular num mercado tão pequeno, enquanto teve gente que não evoluiu e ficou para trás.
Essa minha constante evolução é um negócio que me deixa orgulhoso.
UHQ: Deodato, muito obrigado pela entrevista!
Deodato: Tranquilo! Foi um prazer, qualquer dúvida é só entrar em contato! Abraços a todos!
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Parte 1 - O início da carreira
Parte 2 - A chegada ao mercado norte-americano e método de trabalho
Parte 3 - A relação com a Marvel e projetos autorais