Comic Con: The Experience
A organização, por Ivan Costa
Para falar em nome dos organizadores neste especial, o Universo HQ convidou Ivan Freitas da Costa, sócio do Chiaroscuro Studio e da Comic Con Experience. Ele relembrou as etapas do trabalho para tornar o projeto realidade, os principais obstáculos e as maiores surpresas dos quatro dias de evento.
Como foi a experiência de participar da CCXP para quem estava envolvido em sua realização? É isso que Ivan revela.
“A Comic Con Experience foi uma mistura de paixão nerd e motivação empreendedora. De um lado, alimentávamos o desejo de trazer para os fãs brasileiros a experiência de uma comic con internacional, no formato consagrado especialmente pela San Diego Comic Con e pela New York Comic Con, que reúne as principais vertentes da cultura pop: quadrinhos, cinema, TV, games, animação, literatura fantástica e ficção científica, cosplay e colecionáveis”, explica Ivan.
“Somado a isso, como representantes de empresas que atuam nesses mercados, tínhamos certeza de que havia demanda reprimida para um evento com essas características. Com o tempo, fomos descobrindo o tamanho real desse mercado e dessa demanda: iniciamos o projeto planejando um evento de 15 mil metros quadrados, que, com o passar dos meses, evoluiu rapidamente para 24 mil e chegou à capacidade total do São Paulo Expo com 39 mil, área que esperávamos ocupar somente na terceira edição do evento, em 2016”, revela.
Ele relembrou ainda as maiores dificuldades enfrentadas durante o período de planejamento. “Talvez tenha sido explicar ao mercado – expositores, fornecedores, fãs – o que é uma comic con e o que eles podiam esperar de um evento com essa proposta. Convencer empresas que não têm tradição de participar de eventos para o público final a montar estandes gigantescos (e arcar com o investimento necessário para tal) e mesmo explicar a proposta do evento, que é diferente dos realizados aqui até então, foram desafios diários ao longo dos quase dois anos, entre a primeira reunião de trabalho e a abertura da CCXP”.
Mas sempre existe o outro lado da moeda. “Acredito que a maior facilidade tenha sido o comportamento dos fãs no evento: não tivemos nenhuma ocorrência de qualquer tipo e todos se comportaram muito bem nos painéis, filas etc. Foi emocionante ouvir os fãs cantando nas filas dos auditórios”, comemora.
Ivan também relembrou como foi negociar a vinda dos convidados internacionais. “A receptividade foi enorme e o principal desafio foi conciliar a agenda de compromissos dos artistas e a data da CCXP, especialmente porque optamos por montar um evento apoiado em atrações do momento, com a presença de artistas que estão na ativa e que podem ser vistos hoje na televisão, no cinema e nas bancas, no caso dos quadrinhistas. Viajar até o Brasil demanda tempo (voos de Los Angeles a São Paulo levam, em média, 15 horas), além de questões logísticas (a necessidade de visto, por exemplo). Eles ficaram encantados e realmente impressionados – não esperavam encontrar um evento no nível das melhores comic cons do mundo, especialmente sendo esta a primeira edição da CCXP – e ficaram surpresos com a receptividade e carinho dos fãs. Muitos desses convidados registraram isso em seus perfis nas redes sociais. Os fãs ofereceram aos artistas uma experiência da qual eles não esquecerão”.
Segundo Ivan, agora, com a primeira edição terminada, é hora de fazer o balanço de tudo o que aconteceu. “Recebemos 97 mil pessoas ao longo dos quatro dias do evento. O evento superou as expectativas de todos – expositores, fãs, artistas – e também as nossas. Sempre há pontos a melhorar. Há questões logísticas a serem ajustadas e já começamos a trabalhar nisso na semana seguinte à CCXP. Outra surpresa positiva foram as vendas: tanto os quadrinhistas do Artists' Alley, quanto os grandes expositores e lojistas registraram vendas muito acima do previsto. A Comix Book Shop vendeu mais de 50 mil exemplares, números comparáveis a eventos como a Bienal do Livro, que reúne público dez vezes maior”.
Com o desafio de fazer uma convenção com o mesmo perfil das mais famosas do mundo, Ivan analisou as atrações apresentadas e a repercussão nacional e internacional.
“Cada evento tem suas características. San Diego se beneficiou da proximidade de Los Angeles para se tornar uma plataforma de lançamentos de filmes e de séries de televisão, porém os quadrinhos perderam muito espaço – o Artists' Alley da CCXP contou com 215 quadrinhistas, enquanto na SDCC 2014 a mesma área somou 208”, compara.
“A New York Comic Con tem crescido muito e com maior equilíbrio entre as diferentes áreas da cultura pop, mas nunca teve um grande estande da Disney, por exemplo. Na CCXP, conseguimos alguns feitos que merecem registro: fomos a primeira comic con no mundo a contar com um estande da Netflix; tivemos pré-estreias de dois filmes (Operação Big Hero e O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos), algo pouco comum em comic cons pelo mundo, nas quais são exibidos somente trailers e teasers, e oferecemos uma programação de Master Classes gratuitas com os principais convidados do evento (numa parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e SP Cine), para ajudar a desenvolver os artistas locais, algo pouco comum em eventos no resto do mundo. E ainda cuidamos dos detalhes que nos aproximaram desses grandes eventos: lançamentos exclusivos, artistas ‘quentes’, pôster promocional temático (Batman 75 Anos, produzido com autorização da DC Comics), credenciais (badges) temáticas colecionáveis e muito mais. Mas, para os fãs brasileiros, o principal diferencial da CCXP em relação à SDCC e à NYCC é que o evento aconteceu aqui”, relata.
“Um evento desse porte e importância não passa despercebido da mídia mundial. O público que estava no painel da Universal assistiu a uma mensagem gravada por Arnold Schwarzenegger e a um teaser exclusivo de Terminator – Genesys, que só depois foi divulgado para o resto do mundo. Eles participaram de um painel sobre o Batman no qual Scott Snyder falou pela primeira vez sobre O Cavaleiro das Trevas 3, projeto que ele deve escrever ao lado de Frank Miller, notícia que tomou conta da internet nos dias que antecederam a CCXP. E os próprios convidados contribuíram para essa repercussão internacional, postando fotos e mensagens sobre sua experiência na CCXP e no Brasil”, relembra.
Para 2015, os planos já começaram, e a experiência desta primeira edição será bastante útil.
“Mesmo durante o evento deste ano, fizemos mudanças em processos que trouxeram melhorias logísticas de um dia para o outro, agilizando a entrada dos fãs, entre outros processos. As reuniões para a CCXP 2015 começaram na semana seguinte ao evento deste ano e estamos levando em conta o feedback dos fãs, expositores e convidados para continuar aperfeiçoando o evento”, afirma Ivan.
A segunda edição da Comic Con Experience acontecerá entre os dias 3 e 6 de dezembro de 2015.
Ivan Costa é sócio da Comic Con Experience e do Chiaroscuro Studios