Atentado na redação da revista Charlie Hebdo: 12 mortos
Na manhã de hoje, 7 de janeiro, 12 pessoas morreram num atentado terrorista à redação do semanário satírico francês Charlie Hebdo. Dentre as vítimas estão os desenhistas Georges Wolinski, Charb (Stéphane Charbonnier), Cabu (Jean Cabut), Tignous (Bernard Verlhac), o jornalista e economista Bernard Maris e dois policiais. Dez pessoas ficaram feridas, quatro delas com bastante gravidade.
Os desenhista assassinados estão dentre os mais conhecidos da França.
As 11h30min (horário local), dois homens encapuzados e armados com fuzis de assalto invadiram a redação da Charlie Hebdo, na rua Nicolas-Appert, nº 10, no 11º arrondissement, bairro que fica na região central de Paris, na França. A polícia está à procura de três suspeitos. O carro no qual eles fugiram foi encontrado em outro bairro, ao norte do local.
Segundo testemunhas, eles ameaçaram a desenhista Coco (Corinne Rey) para que ela abrisse a porta do prédio. Os terroristas abriram fogo na equipe da redação. Durante o ataque, várias pessoas buscaram refúgio no teto do edifício e um deles chegou a filmar, com o telefone celular, parte do confronto dos atacantes com os policiais que faziam a segurança da redação.
Os dois atacantes fugiram num carro escuro, após um breve confronto com policiais. A França está em alerta máximo devido ao ataque.
O desenhista Willem, outro dos grandes nomes da revista, escapou do atentado. Ele estava num trem, no momento do ataque, e já se encontra em segurança. Outras 40 pessoas, dentre funcionários e colaboradores da revista que escaparam do atentado, já estão sob proteção pela polícia.
A revista Charlie Hebdo é uma das mais tradicionais do gênero na França. Ela surgiu em 1970, após o fechamento da Hara-Kiri, pelo governo francês, que censurou a publicação devido a uma charge sobre a morte do presidente Charles De Gaulle.
O desenhista Charb, falecido no ataque de hoje, era o atual editor-chefe da publicação, que é um jornal nos moldes do Pasquim brasileiro e tinha uma tiragem semanal de 45 mil exemplares.
Em 2006, Charlie Hebdo republicou as caricaturas de Maomé, do jornal Jyllands-Posten, que haviam causado muita polêmica e ameaças por parte dos extremistas islâmicos.
Na noite de 2 de novembro 2011, a sede da revista - na época situada no Boulevard Davout, 62, 20e arrondissement - foi destruída por um atentado com um coquetel Molotov, incendiando o local. O site da publicação foi pirateado e sua página inicial substituída por outra com versos do Alcorão. Alguns dias depois, como resposta, foi publicada uma edição da revista com uma ilustração na qual um desenhista da Charlie Hebdo beijava um extremista islâmico na boca, com a legenda "O amor é mais forte que o ódio".
Uma hora depois do atentado, o presidente da França, François Hollande, visitou o local. Ele afirmou se tratar de um atentado terrorista e classificou o ataque como um ato de barbárie excepcional.
Em dezembro do ano passado, diversas tentativas de ataque terrorista foram frustradas pelas forças de segurança francesa.
Até o momento, nenhuma organização reivindicou o ataque.
A equipe do Universo HQ está solidária com os colegas da redação do semanário francês e repudia esse ataque selvagem, que visa não apenas a tragédia humana, mas semear o medo, censurar a mídia e limitar a liberdade de expressão.