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Confira entrevista com Caeto, autor de Memória de Elefante

22 outubro 2010

Memória de Elefante

Nesta sexta-feira, 21 de outubro, acontecerá o lançamento do álbum Memória de Elefante, do quadrinhista Caeto, publicado sob o selo Quadrinhos na Cia., da Companhia das Letras. O evento será realizado em São Paulo/SP, no espaço +Soma (Rua Fidalga, 98, Vila Madalena), a partir das 19h.

Na nova geração de autores dos quadrinhos nacionais, marcada
por trabalhos mais autorais e histórias intimistas, essa é a estreia de Caeto
em um romance gráfico, mas não é nem de longe seu primeiro trabalho.

Antes
de publicar pela Companhia das Letras, Caeto já havia colaborado
com a revista independente Sociedade Radioativa, em parceria com
outros autores - como Ulisses Garcez e Rafael Coutinho -, e editado a também
independente Glamour
Popular
, na qual sua saga autobiográfica ganhava os primeiros traços.

Em entrevista ao Universo HQ, Caeto falou um pouco sobre como foi a criação do álbum e como é publicar por uma grande editora, além de suas principais influências, inclusive de seus contemporâneos.

Universo HQ: Recentemente, na fila do cinema, havia pessoas lendo
Memória de Elefante. Ou seja, as pessoas estão lendo e comentando
o seu álbum. Você já tinha histórias publicadas em revistas independentes,
como a Sociedade Radioativa e a Glamour Popular, mas como
é ter um trabalho publicado no mainstream, numa editora grande e
com boa distribuição? O que muda para você saber que muito mais
gente está tendo a oportunidade de ler a sua obra?

Caeto: Primeiro, foi muito bom fazer o álbum na Companhia
das Letras
, por ser uma editora muito organizada e estruturada. Pela
primeira vez, tive a ajuda de uma equipe para fazer meus quadrinhos, como
um revisor de texto. Recebi também vários conselhos do André Conti (editor
do selo Quadrinhos na Cia.), tive ajuda também das meninas
que limparam as imagens do livro e o deixaram bonito, diferente de tudo que
já tinha feito nos fanzines.

A editora criou até a minha fonte tipográfica. Por esse tipo de coisa,
é muito legal publicar em uma grande editora.

Quanto à distribuição, é legal saber que o livro vai chegar às mãos de muita gente. Já estou começando receber e-mails de pessoas que leram o livro e isso é bem novo para mim.

UHQ: Você redesenhou a história de Memória de Elefante
algumas vezes. O que o levou a refazer a HQ? Há alguma busca perfeccionista
ou foram coisas circunstanciais?

Caeto: Quando mostrei a primeira versão do livro para
o S. Lobo (ex-editor da Desiderata e atual da LeYa
Cult / Barbanegra
), ele me disse uma coisa que eu sentia e que ninguém
tinha me dito até então. Ele disse, com muito jeito, que ainda me faltava
vencer um degrau no desenho.

Por isso, resolvi rever o meu traço, mas não é perfeccionismo, é que estava muito tosco mesmo. Hoje, acho que consegui vencer o degrau que ele estava falando, mas ainda faltam muitos outros.

UHQ: Como você enxerga a evolução do seu trabalho, da época
das revistas independentes até o final de Memória de Elefante?

Caeto: Fazendo esse livro eu aprendi a ter uma disciplina
que mudou a minha cabeça. O jeito como faço quadrinhos hoje é bem diferente,
antes eu fazia sem estrutura nenhuma - nem emocional. Hoje, tenho estrutura
e mais equilíbrio, então espero que meu trabalho ainda mude bastante no próximo
álbum.

UHQ: Quais são suas principais influências no mundo dos quadrinhos?
Quais artistas você tem como referência?

Caeto: O Angeli e o Laerte foram a minha principal influência. Faço quadrinhos porque vi os trabalhos desses caras quando era criança.

Atualmente, curto ler esses álbuns mais longos e autorais, que têm sido lançados ao longo desses anos no Brasil. Os últimos livros que me impressionaram bastante foram Cachalote, de Daniel Galera e Rafael Coutinho, e Umbigo sem fundo, do Dash Shaw.

Shaw impressiona por fazer com que o desenho sozinho conte muito da história
e também por trazer uma linguagem de diagramação inteligente e nova para as
histórias em quadrinhos.

UHQ: Como você enxerga a geração contemporânea à sua? Acha
que é uma conquista desses artistas um espaço para obras mais autorais, como
a sua, ou que é mais o momento que está propício para
quadrinhistas com propostas autorais?

Caeto: Acho que publicar é uma grande conquista, para
qualquer quadrinhista que o faça pela primeira vez, sendo ou não da minha
geração. É reconhecimento do seu trabalho.

Mas agora o cenário está mais aberto para trabalhos autorais, sim.

UHQ: Muito se discute sobre a dificuldade de encontrar um final arrebatador
para uma obra. Você conseguiu um contundente para Memória de Elefante.
Você já o tinha em mente quando iniciou o projeto do livro? Aproveite para
falar um pouquinho sobre como é o seu processo criativo.

Caeto: Quando comecei a pensar o roteiro da HQ, sabia
o que iria fazer até uma parte do livro e não sabia o que iria acontecer dali
para a frente na minha vida.

O que eu achava era que o forte da história era o jeito que eu ia contar, apenas sabia a ordem dos acontecimentos. Era um roteiro cheio de idas e vindas no tempo, indo para o passado e para o presente, o final só aconteceu.

 

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