Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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FIQ corre risco de não acontecer neste ano

11 abril 2017

O FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte é realizado a cada dois anos, desde 1999. Com o apoio da prefeitura da cidade, por meio da Fundação Municipal de Cultura, se tornou o principal evento dedicado aos quadrinhos do Brasil.

A nona edição aconteceu de 11 a 15 de novembro de 2015, na Serraria Souza Pinto. Assim, seguindo o formato de bienal, este ano deveria ser comemorada a décima realização do FIQ.

Mas isso corre sério risco de não se concretizar.

O calendário oficial de eventos de Belo Horizonte não traz o FIQ listado em nenhuma data. Tradicionalmente, o festival acontece no mês de novembro, o que passou a ser tema de preocupação devido à proximidade com a CCXP, com apenas duas semanas de diferença – isso foi abordado até em um episódio do podcast Confins do Universo.

Essa ausência chamou a atenção e causou estranheza. Além de não incluir o FIQ, a programação orçamentária da Fundação Municipal de Cultura deixa de fora outras ações tradicionais da cidade, como a Virada Cultural e o FAN – Festival de Arte Negra.

FIQ - Festival de Quadrinhos de Belo Horizonte

A Câmara Municipal de Belo Horizonte divulgou dados da Lei do Orçamento Anual para 2017. Os recursos para a cultura são de R$ 62 milhões à Fundação, com mais R$ 12 milhões destinados ao Fundo de Projetos Culturais. A previsão de investimento real deve ser a metade, algo em torno de R$ 31 milhões destinados à FMC e R$ 5 milhões ao FPC.

Deste total, a fundação deve investir boa parte em sua estrutura, reservando pouco mais de R$ 7 milhões para as atividades da pasta.

Ainda segundo reunião na Câmara Municipal, o FIQ 2017 foi orçado em R$ 900 mil, de acordo com previsão feita em 2016. Este valor viria direto dos fundos do tesouro. A captação, via leis de incentivo, pode complementar ou substituir este montante, caso haja algum corte.

Mesmo com todos este imbróglio e informações desencontradas, até o fechamento deste artigo não houve confirmação oficial de nenhuma parte sobre a não realização do FIQ.

Posição oficial sobre o caso

O Universo HQ entrou em contato com a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte algumas vezes nos últimos dias, tanto por telefone quanto por e-mail, para buscar esclarecimentos sobre o assunto.

Foi informado que o órgão não responderia nenhuma pergunta sobre o tema, mas uma nota oficial explicando a situação seria divulgada.

Cinco dias após a previsão inicial, a nota ainda não foi enviada.

O Universo HQ a divulgará na íntegra tão logo seja disponibilizada pela Fundação.

FIQ 2015

Repercussão

Em virtude da possibilidade da não realização, começou um movimento de diversos setores do meio, desde quadrinhistas até jornalistas e editores, com o objetivo de chamar a atenção ao problema e pensar em alternativas para o FIQ continuar.

Em Belo Horizonte, um grupo de artistas locais se organizou e prepara ações políticas e de sensibilização para gerar um maior debate sobre o tema.

“Após a grande repercussão da notícia nas redes sociais, fizemos uma convocação e promovemos um debate. Foram levantadas uma ampla diversidade de assuntos, questionamentos e conclusões de grande importância. O grupo definiu ações de manifesto e a construção de uma estratégia conjunta. Estamos acompanhando o que acontece no campo político da cultura da cidade, que anda passando por um período de transição neste momento, para definir nossa melhor estratégia de ação”, destaca o porta-voz do grupo, o ilustrador Régis Luiz.

Dentre as iniciativas dos artistas estão a busca pelo apoio de empresas e um levantamento de informações históricas relativas aos eventos. O grupo também prepara contatos políticos com a fundação, vereadores e o prefeito, Alexandre Kalil, em busca de soluções.

Grupo de artistas de Belo Horizonte se reúnem para debater futuro do FIQ

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