FIQ corre risco de não acontecer neste ano
O FIQ – Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte é realizado a cada dois anos, desde 1999. Com o apoio da prefeitura da cidade, por meio da Fundação Municipal de Cultura, se tornou o principal evento dedicado aos quadrinhos do Brasil.
A nona edição aconteceu de 11 a 15 de novembro de 2015, na Serraria Souza Pinto. Assim, seguindo o formato de bienal, este ano deveria ser comemorada a décima realização do FIQ.
Mas isso corre sério risco de não se concretizar.
O calendário oficial de eventos de Belo Horizonte não traz o FIQ listado em nenhuma data. Tradicionalmente, o festival acontece no mês de novembro, o que passou a ser tema de preocupação devido à proximidade com a CCXP, com apenas duas semanas de diferença – isso foi abordado até em um episódio do podcast Confins do Universo.
Essa ausência chamou a atenção e causou estranheza. Além de não incluir o FIQ, a programação orçamentária da Fundação Municipal de Cultura deixa de fora outras ações tradicionais da cidade, como a Virada Cultural e o FAN – Festival de Arte Negra.
A Câmara Municipal de Belo Horizonte divulgou dados da Lei do Orçamento Anual para 2017. Os recursos para a cultura são de R$ 62 milhões à Fundação, com mais R$ 12 milhões destinados ao Fundo de Projetos Culturais. A previsão de investimento real deve ser a metade, algo em torno de R$ 31 milhões destinados à FMC e R$ 5 milhões ao FPC.
Deste total, a fundação deve investir boa parte em sua estrutura, reservando pouco mais de R$ 7 milhões para as atividades da pasta.
Ainda segundo reunião na Câmara Municipal, o FIQ 2017 foi orçado em R$ 900 mil, de acordo com previsão feita em 2016. Este valor viria direto dos fundos do tesouro. A captação, via leis de incentivo, pode complementar ou substituir este montante, caso haja algum corte.
Mesmo com todos este imbróglio e informações desencontradas, até o fechamento deste artigo não houve confirmação oficial de nenhuma parte sobre a não realização do FIQ.
Posição oficial sobre o caso
O Universo HQ entrou em contato com a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte algumas vezes nos últimos dias, tanto por telefone quanto por e-mail, para buscar esclarecimentos sobre o assunto.
Foi informado que o órgão não responderia nenhuma pergunta sobre o tema, mas uma nota oficial explicando a situação seria divulgada.
Cinco dias após a previsão inicial, a nota ainda não foi enviada.
O Universo HQ a divulgará na íntegra tão logo seja disponibilizada pela Fundação.
Repercussão
Em virtude da possibilidade da não realização, começou um movimento de diversos setores do meio, desde quadrinhistas até jornalistas e editores, com o objetivo de chamar a atenção ao problema e pensar em alternativas para o FIQ continuar.
Em Belo Horizonte, um grupo de artistas locais se organizou e prepara ações políticas e de sensibilização para gerar um maior debate sobre o tema.
“Após a grande repercussão da notícia nas redes sociais, fizemos uma convocação e promovemos um debate. Foram levantadas uma ampla diversidade de assuntos, questionamentos e conclusões de grande importância. O grupo definiu ações de manifesto e a construção de uma estratégia conjunta. Estamos acompanhando o que acontece no campo político da cultura da cidade, que anda passando por um período de transição neste momento, para definir nossa melhor estratégia de ação”, destaca o porta-voz do grupo, o ilustrador Régis Luiz.
Dentre as iniciativas dos artistas estão a busca pelo apoio de empresas e um levantamento de informações históricas relativas aos eventos. O grupo também prepara contatos políticos com a fundação, vereadores e o prefeito, Alexandre Kalil, em busca de soluções.