Gibihouse comemora os 30 anos de Kripta
Foi
no dia 17 de setembro de 1976, que a RGE (atual Globo) lançou
a revista Kripta, com HQs de terror, suspense e ficção científica
produzidas nos Estados Unidos pela Warren Publishing, de James
Warren que, em 1964, tirara do limbo as revistas de horror naquele país.
Para comemorar os 30 anos do lançamento no Brasil, o Gibihouse,
um site dedicado à memória virtual das revistas em quadrinhos brasileiras,
mantido por Paulo Ricardo Abade Montenegro, colocou no ar todas as 60
capas de Kripta e também as da Shock, a revista "irmã" de
Kripta, dos almanaques, superalmanaques e edições especiais. No
total, são 74 imagens que foram escaneadas pelo colecionador Gérson Ribeiro
Fasano.
"Com
Kripta, qualquer dia é sexta-feira, qualquer hora é meia-noite."
Com esse slogan, a revista logo se tornou um sucesso de público
e de crítica, que motivou a concorrência a lançar quadrinhos de terror
por aqui. A Vecchi lançou Spektro
e Histórias do Além; a Bloch, Aventuras Macabras, Cine-Mistério
e A Tumba de Drácula; e a D-Arte, Mestres do Terror
e Calafrio.
Com histórias que fugiam ao lugar-comum e apostando num horror moderno
- mesmo quando usava personagens clássicos, caso da série A Múmia,
que eletrizou os fãs durante anos a fio -, a Kripta apresentava
qualidade de texto e arte acima da média.
Passaram por suas páginas feras como Neal Adams, Esteban Maroto, José
Ortiz, Bruce Jones, Richard Corben, Gonzalo Mayo, Mike Plogg, Paul Gulacy,
Doug Moench, Roger Mckenzie, Carmine Infantino, Steve Ditko, Bill Dubay,
Alex Toth e outros.
A revista teve fases distintas, tanto na concepção visual quanto no conteúdo.
Até a edição 26, teve um formato intermediário (17 x 24 cm) entre o magazine
e o americano. Entre os números 27 e 50, adotou o formatinho (13,5 x 20,5
cm) e depois passou para o mini-formatinho (13,5 x 19 cm).
Nos
primeiros anos, a RGE usou as aventuras seriadas da Eerie,
mas após o cancelamento da Shock (que teve apenas cinco edições)
a editora passou a mesclar a publicação com as histórias fechadas de Creepy.
Em geral, os contos eram apresentados pelo Primo Eerie (um vampiro gorducho
e horrendo) e pelo Tio Creepy (um velho decrépito e sacana).
Algumas das histórias mais memoráveis de Kripta são: Ar frio,
de Bernie Wrightson; Papai e o Pi e O Pi e eu; de Bill Dubay
e Alex Toth; Lilith, de Nicola Cuti e Jaime Brocal; Marvin,
o Morto-Vivo, de Al Milgrom e Esteban Maroto; A noite dos dementes,
de Bruce Bezaire e José Ortiz, os capítulos da série Apocalipse,
de Budd Lewis e José Ortiz; além dos "heróis" da revista, como Spectro,
Dax, Jeremiah Cold e Rook, o viajante do tempo, que chegou a se encontrar
com a sensual Vampirella.
Hoje, os exemplares de Kripta são raridades em sebos, especialmente
pela qualidade de suas histórias. E isso será muito abordado num livro
de Gérson Fasano está produzindo junto com Roberto Guedes (autor de Quando
Surgem os Super-Heróis e A Saga dos Super-Heróis Brasileiros,
ambos pela Opera
Graphica), sobre os quadrinhos de terror. Os autores prometem
lançá-lo em 2007, "quem sabe, à meia-noite de uma sexta-feira qualquer".