Morreu, aos 89 anos, Marie Severin
A desenhista e colorista estadunidense Marie Severin faleceu no dia 30 de agosto, aos 89 anos.
Ela estava internada num hospital após um derrame ocorrido no começo da semana. O óbito foi comunicado por sua amiga, Irene Vartanoff – colorista e assistente editorial que trabalhou com Severin na Marvel Comics –, numa postagem no Facebook.
Nascida em 21 de agosto de 1929, em East Rockaway, Nova York, Severin cresceu numa família com tradição nas artes. Seu pai, John Edward Severin, era designer de moda e trabalhou para Elizabeth Arden; e seu irmão, o desenhista John Severin, teve uma longa carreira nos quadrinhos.
Sua trajetória nas HQs começou quando seu irmão precisava de um colorista para ajudar num trabalho para a E.C. Comics. Segundo ela, seu primeiro trabalho nessa área foi feito para a revista A Moon, a Girl... Romance #9 , de 1949.
Em pouco tempo, Marie estava colorindo toda a linha de HQs de guerra produzida por Harvey Kurtzman na E.C. Comics. Mais tarde, passou a trabalhar em toda a linha e inclusive passou a fazer retoques com nanquim nas artes, quando necessário.
Naquela época, o colorista podia usar apenas 48 tons em seu trabalho. Essa era a gama cromática disponível dentro do sistema de produção gráfica utilizado nos quadrinhos impressos em papel jornal.
Inicialmente, Severin trabalhou não apenas como colorista, mas como produtora gráfica.
Uma “lenda” do mercado estadunidense é que Severin, que era muito católica e uma pessoa de fortes valores morais, costuma colorir um quadro apenas com tons de azul, quando achava que uma cena era de mau gosto. Al Feldstein dizia que ela era a consciência moral da E.C. Comics.
Marie Severin refutou essa história muitas vezes. Segundo ela, nunca teve a presunção de assumir um papel editorial, mas ocasionalmente suavizava cenas muito fortes ou chocantes usando apenas um tom, como o amarelo – para cenas de desmembramento – ou vermelho, em quadros sangrentos.
Quando a E.C. Comics fechou suas portas, Severin passou a trabalhar na Atlas, a antecessora da Marvel. Em 1957, um dos piores anos para as HQs nos Estados Unidos, ela abandonou o setor e foi trabalhar para o Federal Reserve Bank of New York.
Em 1959, Severin estava trabalhando para a Marvel, como produtora gráfica. Ela ilustrou uma HQ para a revista Esquire, sobre a cultura das drogas nos colégios, por indicação de Sol Brodsky, o gerente de produção da "Casa das Ideias".
Graças a esse trabalho, Stan Lee sugeriu que ela assumisse o desenho da revista do Dr. Estranho, substituindo Bill Everett. Severin foi cocriadora, com Stan Lee, do Tribunal Vivo, que fez sua estreia em Strange Tales # 157.
Apesar disso, ela foi a colorista-chefe da editora até 1972, quando passou a tarefa para George Roussos. Com isso, passou a se dedicar mais ao desenho. Marie Severin passou por revistas como Sub-Mariner, The Incredible Hulk, Iron Man, Conan the Barbarian, Kull the Conqueror, The Cat, Daredevil, Crazy Magazine e Not Brand Echh.
Ela é também cocriadora da Mulher-Aranha, e responsável pelo visual do primeiro uniforme da heroína; trabalhou na divisão de projetos especiais da Marvel; e foi uma das desenhistas da linha Star Comics, um selo da editora destinado ao público infantil.
Além disso, Severin também fez alguns trabalhos para a DC Comics, Fantagraphics e Claypool Comics.
Em 1974, ganhou o Prêmio Shazam, na categoria Melhor Desenhista de Humor. Em 1988, recebeu o Prêmio Inkpot. E em 2001, teve seu nome adicionado ao Will Eisner Comics Hall of Fame.