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Revista Spirou celebra 75 anos

22 abril 2013

A revista belga Spirou foi criada por Jean Dupuis, em 21 de abril de 1938, e está celebrando 75 anos com uma edição especial de 96 páginas.

Spirou é o símbolo da Escola de Marcinelle, cidade onde fica a editora Dupuis, na qual surgiu o chamado Estilo Atômico e que é a grande rival de Tintim, Hergé e da Linha Clara.

Seu primeiro número teve 16 páginas, no formato 28 x 40 cm (tradicional na década anterior ao início da Segunda Guerra Mundial) e periodicidade semanal. Junto com ela, surgiu o personagem Spirou, criado pelo desenhista francês Rob-Vel (Robert Velter).

Le Journal de Spirou

Pouco conhecido no Brasil, onde chegou a ser batizado como Xará, Spirou é um funcionário de hotel, cujo uniforme é uma homenagem a um jovem grumete que trabalhou no transatlântico Île-de-France e que faleceu em serviço durante uma queda.

O primeiro editor-chefe da revista foi Jean Doisy (1938-1955). Além de ser um dos mais importantes editores do título, ele criou, em agosto de 1938, o Clube dos Amigos de Spirou, que reunia os leitores para diversas atividades e eventos.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, Rob-Vel se alistou no exército e foi ferido em combate. Nesse conturbado período, a publicação foi interrompida entre 9 de maio de 1940 - devido à invasão da Bélgica pelas tropas alemãs -, e 22 de agosto de 1940, quando voltou a ser publicada graças aos esforços de Charles e René Matthews, os genros Jean Dupuis.

A família Dupuis se fragmentou durante a guerra. Jean conseguiu fugir para a Inglaterra; um de seus filhos, Paul, foi feito prisioneiro pelos alemães, e o outro, Charles, escapou por pouco de ser capturado.

Spirou

Outro fator que impactou a revista foi a redução de páginas, devido à escassez de papel, e o cancelamento das tiras norte-americanas, como Red Ryder, Superman e Brick Bradford, substituídas por personagens originais, como Le Èpervier Blue, de Jean Valhardi, e a biografia de Don Bosco, ilustrada pro Jijé.

A equipe editorial participou ativamente da luta contra as forças de ocupação. René Matthews fazia parte da resistência, e Doisy usava o correio dos leitores para enviar mensagens codificadas para os membros da resistência belga. Paul Dupuis foi liberado em janeiro de 1941 e retornou a Marcinelle, onde assumiu mais uma vez suas funções na direção da editora.

Com Rob-Vel ferido, quem assumiu os desenhos do personagem foi Joseph Gillain, mais conhecido pelo pseudônimo Jijé. Sua primeira aventura de Spirou foi publicada em 24 de outubro 1940.

Nessa época, Jijé ainda não era o desenhista regular da série. Rob-Vel retornou à editora - e aos desenhos de Spirou - em 1941. Em julho do ano seguinte, Spirou foi adaptado para o teatro, numa peça de marionetes. O personagem Fantásio, até então apenas uma rubrica da revista usada por Jean Doisy, desde 1939, finalmente ganhou vida dentro desse contexto. Suas primeiras aparições foram ilustradas por Jijé.

Em setembro de 1943, os alemães censuraram a revista, que teve sua publicação interrompida. E mais: prenderam Jijé, que passou alguns meses na cadeia, acusado de evitar o "trabalho obrigatório", no qual os homens eram enviados para a Alemanha para ajudar no esforço de guerra.

O retorno da revista aconteceria 13 meses depois, em outubro de 1944, um mês após a libertação da Bélgica pelas forças aliadas. Jijé saiu da cadeia nesse período.

Em outubro de 1945, Jean Dupuis recusou a proposta de Hergé de publicar a revista Tintim (que só viria a estrear em dezembro de 1946, pela editora Le Lombard), pois o criador do jovem repórter havia trabalhado no jornal Le Soir, considerado colaboracionista das forças alemãs.

Spirou 75 Ans

O período de ouro de Spirou ocorreu entre 1946 e 1968. Foi a fase ilustrada por Jijé e André Franquin, possivelmente o mais importante dos desenhistas que passaram pela publicação.

Em 1946, o personagem Lucky Luke, de Morris, fez sua estreia em l'Almanach 47, uma edição especial de Spirou.

Em Spirou # 720, de 1952, André Franquin criou o Marsupilami, um novo personagem da série Spirou et Fantasio. O autor também é o "pai" de Gaston Lagaffe, que apareceu pela primeira vez em 1957.

Em 1956, Yvan Delporte assumiu como editor-chefe da revista, cargo que ocupou até 1968. Nesse período, ele renovou o título, com novas séries, novos artistas e muitas edições especiais. O humor ganhou mais espaço nas páginas.

Outras séries que surgiram em Spirou foram: Buck Danny, de Victor Hubinon e Jean-Michel Charlier; Johan et Pirlouit, de Peyo; Tif et Tondu, de Fernand Dineur; Kim Devil, de Gérald Forton e Jean-Michel Charlier; La Patrouille des Castors, ilustrada por Mitacq, com roteiros do prolífico Charlier; Marc Dacier, de Eddy Paape; XIII, de Jean Van Hamme e William Vance; Os Smurfs, de Peyo; Gil Jourdan, de Maurice Tillieux; e Jerry Spring, o faroeste realista de Jijé, que inspirou toda uma geração de artistas, incluindo Moebius.

Embora seja pouco conhecida no Brasil, a série Spirou e Fantásio é um dos maiores sucessos da Europa, com mais de 150 histórias e 62 álbuns publicados desde 1938.

Para celebrar os 75 anos de Spirou, o jornal Le Soir publicará, em 23 de abril, uma edição especial inteira com reportagens feitas pelo personagem Fantásio, com "fotos" ilustradas por diversos artistas que passaram pela revista. Outra atração será um debate histórico entre Spirou e Tintim.

Além disso, a loja do site Spirou está oferecendo diversos produtos do personagem, como cartazes, postais, botões, caixas metálicas, canecas, sacolas e placas metálicas.

Spirou

Spirou

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