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Almanaque

Reflexões sobre o FIQ 2013

27 novembro 2013

Almanaque, por Samir Naliato

Tive a oportunidade, este ano, de fazer a cobertura do FIQ - Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, e estive presente nos cinco dias do evento, das 9h às 22h. Presenciei diversas crianças, seja acompanhadas dos pais ou em excursões escolares, maravilhadas por aquelas revistas cheias de desenhos. Observei leitores em busca de novas peças para suas coleções, autores animados em atender os fãs e muitos, muitos lançamentos.

Mas sabe o que não vi? Editoras.

Ok, não serei tão exagerado. Na verdade, havia três editoras presentes: Nemo, com um estande cheio de títulos e sessões de autógrafos com autores; Balão Editorial, com publicações e autores; e Devir.

Pela JBC, o editor Cassius Medauar e Fabio Yabu (Combo Rangers – Somos Heróis) compareceram, mas, a editora em si, estava ausente. O mesmo valeu para Cláudio Martini, da Zarabatana, e André Conti, da Quadrinhos na Cia.

Abril, Conrad, Globo, HQM, LeYa, Mythos, NewPop, Pixel e outras? Não se viu nem sombra. E o que dizer da Panini Comics, uma das patrocinadoras do festival? Além de um modesto estande, que servia exclusivamente para assinaturas, nada mais.

E essa ausência não era sentida apenas nos estandes, mas também nos corredores e no auditório.

Por outro lado, era possível encontrar centenas de autores independentes, solícitos e bem-humorados, que não negavam atender aos fãs mesmo depois de longos e cansativos dias.

Até mesmo a DC Comics, uma das principais editoras do mundo, marcou presença no FIQ - pela segunda vez consecutiva - com um painel que demonstrava o quanto levou a sério essa participação.

Enquanto isso, nada das editoras nacionais.

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Isso me levou a refletir o papel que nossas editoras possuem dentro do mercado, e como elas se posicionam frente ao seu público consumidor.

Elas estão ignorando um fator cada vez mais importante no moderno mundo tecnológico: o social. O relacionamento estreito com seus leitores, uma relação mais próxima e informal que faz o cliente interagir com a marca. Hoje, existe Twitter, Facebook e Instagram, as pessoas gostam de se sentir envolvidas, de terem participação nos produtos que consomem.

Esse é um dos motivos que torna ferramentas de crowdfunding, como o Catarse, um sucesso que viabiliza autores a cada vez mais lançaram seus projetos sem a necessidade de depender dos meios tradicionais do mercado editorial.

Este é um segredo que os quadrinhistas independentes descobriram há meros dois anos, e que as editoras insistem em ignorar. Qual melhor lugar pra interagir com seu público do que em um evento como o FIQ?

Por que isso acontece? Soberba? Desinteresse? Se eu tivesse que apostar, escolheria uma terceira opção: desorganização.

Como os painéis da MSP (que pela segunda vez seguida escolheu o evento para anunciar suas graphic novels), George Pérez, DC Comics e Laerte provam, os fãs estão presentes, dispostos a mostrar suas emoções e empolgações pelos produtos. Basta abrirem o caminho para eles, em vez de se manterem distantes e indiferentes.

Nesse quesito, os “amadores” estão vencendo de goleada os “profissionais”. Não é à toa que o meio independente está cada vez mais forte e relevante no mercado. O que, sem dúvida, é ótimo para todos nós.

O FIQ existe há 16 anos e já provou o seu valor e importância diversas vezes. O que precisa ser entendido aqui, mais uma vez, é que quem está perdendo com a ausência das editoras não é o evento, mas sim elas mesmas.

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