Confins do Universo 216 - Editoras brasileiras # 6: Que Figura!
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Cada um no seu Quadrinho

Quadrinhos pelo verde

26 agosto 2009

Num mundo tomado por fenômenos decorrentes de mudanças climáticas, às vésperas da Conferência de Copenhagen, a indústria de quadrinhos não está nem aí.

A ecologia, no máximo, vira tema de HQ. Convenhamos: é muito pouco.

Ainda mais porque os quadrinhos clamam por mais atenção do resto do mundo. Pedem mais espaço, mais dinheiro, mais atenção. Ao mesmo em tempo em que as editoras querem estar nas escolas e nos programas de governo, simplesmente ignoram um debate que hoje é central em qualquer fórum.

Há ações pontuais. Alguns vêm de editoras com tradição em livros. A Companhia das Letras, por exemplo, vem publicando com o selo Forest Stewardship Council - que garante que o papel é produzido de maneira sustentável. E as outras? E as gibiterias? E os artistas?

Separei dez dicas para que os leitores possam tornar sua leitura mais ecológica. Claro que nem todo mundo vai fazer tudo. Numa prévia que mandei pros colaboradores do Universo HQ, já vi que na própria equipe tem gente que não entrará na onda. Aliás, eu mesmo não vou parar de comprar HQs de papel. E, francamente, acho ler scans na tela um porre. Mas, se cada um seguir duas ou três dicas, já é alguma coisa:

1) Se puder, vá comprar quadrinhos a pé, de bicicleta, de skate, de transporte coletivo, sei lá. Mas deixe o carro na garagem se não for realmente necessário. Toda energia que você poupar, ajuda.

2) Leve uma sacola retornável quando for à banca, à livraria ou à gibiteria. Todo ano, são distribuídas no mundo todo entre 500 bilhões e um trilhão de sacolas plásticas. Cada uma delas leva em torno de 400 anos pra se decompor. Se você compra quadrinhos uma vez por semana, vai poupar 52 sacos plásticos por ano. Parece pouco, mas se cada habitante do planeta deixar de usar uma sacola por semana, são 321 bilhões de sacolas a menos.

3) Estimule outras pessoas a mudar os hábitos. Se você tem uma gibiteria ou é amigo do dono, pode até ganhar dinheiro produzindo as sacolas retornáveis. Use algodão como tecido, de preferência orgânico, porque o algodão convencional tem uma produção bem custosa pro meio ambiente. Faça uma ilustração bacana. Se quiser incrementar mais, lembre-se de que muito fã de HQ gosta de desenhar e crie um concurso pra escolher as estampas das sacolas. Pronto: com sacolas bacanas, você tem mais uma fonte de receita pra gibiteria.

4) Não guarde as revistas em sacos plásticos. Isso não é bom pra ninguém, porque, a longo prazo, os saquinhos se tornam colônias de fungos que amarelam e destroem o papel. Na verdade, não é a primeira vez que escrevo isso. Só que o mito de que o plástico protege as HQs é um dos mais arraigados na cultura dos quadrinhos. Pena: além de espalhar mais plástico pelo mundo, a longo prazo, esse costume só colabora com a degradação das HQs.

5) Não compre revistas novas. Essa é dureza, não? O problema é que, pra produzir uma tonelada de papel, são derrubadas duas toneladas de árvores. Depois de derrubá-las, a produção do papel e o processo de impressão jogam no ambiente substâncias químicas tóxicas e dispendem quantidades monumentais de energia. Para piorar, distribuir as revistas cria toda uma cadeia de gastos com combustível, transporte...

6) Ok, se vai comprar revistas novas, compre menos. Selecione melhor o que vai levar. Além de tudo, você vai poupar uma graninha.

7) Já existe uma grande indústria de reciclagens de HQ diluídas por todo o Brasil. São os sebos. Afinal, eles vendem revistas e livros usados, que já foram lidos por alguém e que, em vez de irem pro lixo, ganharam a oportunidade de encontrar novos leitores, a preços baixos. Para quem gosta de ler no papel, é uma maravilha, até porque você pode trocar quadrinhos e ler mais HQs pelo mesmo dinheiro.

8) Se puder, depois de ler a HQ, repasse para seus amigos. Assim, mais gente aproveita o mesmo material. Faça uma gibiteca no seu condomínio, na sua cidade, na sua escola. Ok, vamos ser francos: isso não vai acontecer. Mas você pode repassar adiante pelo menos aqueles quadrinhos que não vai ler nunca mais, ou armar um esquema para emprestar e ler emprestadas as HQs que não tem certeza de querer comprar. Assim, tudo mundo lê mais e consome menos recursos.

9) Leia HQs na internet. A web não derruba árvores, não precisa de caminhão pra transportar e não gera encalhe. Claro que computadores também geram gastos e, pior ainda, lixo eletrônico, que é altamente poluente e envolve até metais pesados. Mas você já tem um computador, certo? Pra melhorar o cenário, boa parte da energia elétrica do Brasil vem de matriz hidrelétrica: não polui, portanto.

10) Na internet tem quadrinhos digitais gratuitos e tem pirataria. Pois bem: prefira os digitais. Isso porque os scans foram impressos, mesmo que seu exemplar não tenha sido. Até as editoras começarem a lançar edições digitais como opção padrão, os custos ambientais do processo gráfico vão continuar existindo.

E então, o que achou deste artigo? Deixe seus comentários.

Eduardo Nasi tem um longo caminho a percorrer se realmente quiser convencer seus colegas de Universo HQ a mudar seus hábitos de colecionadores...

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