O cartunista, escritor, redator de humor e roteirista Nani chega ao segundo número de sua revista mensal, O Nanista, lançada pela carioca Veloc Editora. Em tempos de falta de luz, água e idéias, o autor está burlando a crise, lançando vários produtos.

Além de O Nanista, uma revista de humor escrachado, bem ao seu estilo, está chegando às livrarias Se Arrependimento Matasse, um livro de charges sobre os desgovernos de primeiro e segundo mandatos de Fernando Henrique Cardoso. Para o público que começa a ler, escreveu um livro de humor infantil, com texto bem humorado e poético. E, como não vive só de desenho, lança também um romance chamado A Santa no Poleiro. Todos os produtos são da recém-criada Veloc Editora, que promete dar força para o humor e para a literatura.

Nani, menos conhecido como Ernani Diniz Lucas, é mineiro de Esmeraldas. Já foi premiado em Salões de Humor em Montreal, Niterói e Piracicaba. Começou sua carreira em Belo Horizonte, em 1971, publicando charges em O Diário. Em 1973, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a ter projeção nacional, através dá publicação de seus cartuns em inúmeros jornais como O Pasquim, Jornal dos Sports e Jornal do Brasil, e em revistas (Playboy, Bundas, entre outras).

Publicou dois livros de cartuns: Não é Nada Sério e Vereda Tropical, tem dois livros infantis A Traça de A a Z e Jornal do Menininho, editados pela Record; e outros dois, Feliz e Orgulhoso, Envaidecido Mesmo e Um Cachorro-Quente Uivando pra Lua, pela Formato Editorial.

Redige textos humorísticos para os programas de TV de Chico Anysio, Casseta & Planeta Urgente, Sai de Baixo e Zorra Total. Desenhou vinhetas eletrônicas para os chamados Plin-Plins da TV Globo. Atualmente, publica a tira Vereda Tropical em vários jornais.

Além disso, Nani é co-autor das peças de teatro O Amigo da Onça (com Chico Caruso) e O Último Machão (com Gilberto Loureiro).

Confira um pouco mais sobre o artista, na entrevista abaixo:

O que é o gibi O Nanista?

Nani - O humor é ousadia e inconformismo. Além do humor político, há espaço para a alegria que diverte por divertir. A sacanagem está no seio siliconado da sociedade. Quando até no Senado se fala e se faz sacanagem, por que não fazer uma revista com sacanagem mais sadia do que a dos políticos?

O Nanista tem quadrinhos, cartuns e textos também?

Nani - Tem um pouco de tudo que eu sei fazer. O humor é um universo. O humorista tem que ser plural. Ele não pode ser um especialista em humor setorizado: de política, de futebol, de piadas feministas etc. Ele atira em todas as direções, sempre na contramão, sabendo que, às vezes, é o melhor caminho.

O humorista é livre como um táxi. Vai onde o freguês quer, mas também mostra a paisagem e os monumentos pro viajante. A paisagem que eu mostro é a que muitos não vêem, não é a oficial.

Mas o leitor vai encontrar algo diferente: piadas ousadas, politicamente incorretas, contos de humor, às vezes, até poéticos, sacanagem da grossa e da fina. A intenção é divertir as pessoas nesse momento não tão divertido. Como diz o escritor mineiro Wander Pirolli, "quem não ri, não presta".

Qual é a periodicidade do O Nanista?

Nani - Mensal. Todo mês você encontrará nas bancas uma revista para curtir. É recomendável para maiores de 16 anos. Até porque, os menores de 16 acham a revista devagar e muito inocente pra eles.

O perfil do leitor de quadrinhos mudou?

Nani - Um tipo de humor deixou de ser mostrado pela imprensa. E retomá-lo é minha intenção. Um humor mais transgressor, mais simples e objetivo. O humor político você encontra na imprensa, mas um humor debochado você encontrará em O Nanista.

O leitor vai ter uma opção para os Pokémons da vida, as Mônicas e Cebolinhas. O humor da revista é sacana, mas não insulta ninguém. Pode chocar, mas é bom para dar uma sacudida na mesmice. É humor visceral. Sacanagem também é cultura.

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