Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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Festival de Quadrinhos em Belo Horizonte atrai fãs de todo o País

1 dezembro 2001

José MuñozNesta segunda versão do Festival, a Argentina foi o país homenageado, e marcou presença com os artistas Carlos Nine, Jose Muñoz, Lucas Nine e Max Cachimba. A ausência ficou por conta de Horacio Altuna, que, infelizmente, não pôde comparecer ao evento.

O brasileiro Jô Oliveira foi o artista homenageado. Ele ganhou uma grande exposição com originais de seus trabalhos e produziu, inclusive, o pôster do Festival. Jô Oliveira é pernambucano, radicado em Brasília. É formado em Artes Gráficas em Budapeste, na Hungria, e seus trabalhos abordam temas brasileiros, principalmente os nordestinos.

Seu novo livro, A Guerra do Reino Divino, da Editora Hedra, foi lançado durante o evento.

Stands

Stand da GraphittiEntre os stands, destacavam-se o da Fábrica de Quadrinhos e da Devir. No primeiro, o estúdio reproduziu uma fábrica, cujas máquinas "produziam" quadrinhos. Havia ainda um espaço dedicado para crianças que queriam desenhar, e suas artes eram expostas nas paredes.

Já a Devir montou uma grande banca, vendendo revistas nacionais e importadas, incluindo recentes lançamentos da DC Comics, Marvel, Image e Dark Horse, além de publicações da Editora Abril, Tudo em Quadrinhos, Via Lettera e da própria Devir.

A revista mineira Grafitti também tinha seu próprio espaço, e o número 8 foi distribuído juntamente com um kit da prefeitura de Belo Horizonte. Grafitti #9 foi lançada durante o evento, sendo uma edição comemorativa dos 6 anos do título, realizado com os benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura.

Gibiteca da Biblioteca Infantil e Juvenil de Belo HorizonteNo stand para publicações independentes, havia artistas produzindo caricaturas de visitantes, e representantes dos estúdios Bigjack e Emcomum. Durante os cinco dias do evento, foram vários os lançamentos, como Mendelévio (coletânea das melhores tiras do personagem, criado por João Marcos), Saino a Percurá (histórias na linguagem de cordel, escritas e ilustradas por Lelis), Pessoa: Atingindo o Self (as desventuras do personagem Pessoa, criado por Rogério Marcus), Cromus (mangá nacional criado por Boby e Zé Carlos) e Entropya.

Projeto GuernicaHavia ainda a Gibiteca da Biblioteca Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, onde, além de poderem ler algumas das revistas expostas, os leitores podiam fazer doações.

Outro destaque foi o Projeto Guernica, que apresentou uma exposição de grafites produzidos durante as comemorações, em Belo Horizonte, do aniversário da revolução Francesa. As autores das obras tinham de 11 a 37 anos.

Exposições

Jano, à direita, e esposaNão foram poucas as exposições. Além da grande mostra de Jô Oliveira, havia originais de trabalhos dos artistas argentinos (Carlos Nine, Horacio Altuna, Jose Muñoz, Lucas Nine e Max Cachimba) e um espaço dedicado ao espanhol Miguelanxo Prado (que prepara um álbum sobre a cidade de Belo Horizonte e concedeu uma entrevista EXCLUSIVA ao Universo HQ), o francês Jano (com originais de seu livro sobre a cidade do Rio de Janeiro) e o italiano Guido Silvestri (conhecido como Silver, criador do personagem Lupo Alberto).

Houve ainda uma mostra sobre Pinóquio, desenhada por mais de 20 artistas, ao longo de mais de 100 anos.

Na exposição de artistas brasileiros, marcaram presença obras de Adão Iturrusgarai, Alan Sieber, Cesar Lobo, Eloar Guazzelli, Fábio Zimbres, Laerte, Lourenço Mutarelli, Marcello Gaú, Spacca e vários outros.

MirabiliaOs profissionais mineiros também tiveram seu espaço, com trabalhos de Alexandre, BigJack Studio, Gilberto de Abreu, Guga Schultze, Irrthum, Lacarmélio, Lelis, Melado, Paulo Barbosa, Nilson, Chantal, Quinho e Sílvia Amélia. Cada um apresentou cerca de 10 obras.

A revista Mirabilia, obra vencedora do HQ Mix 2001, mostrou originais de trabalhos de Flavio Colin, Júlio Shimamoto, Mozart Couto, Klévisson e Nilson.

O mangá mereceu uma grande exposição em um dos salões. Foram mostrados trabalhos como Lobo Solitário e Gen - Pés Descaços, uma apresentação sobre a história dos quadrinhos japoneses e um painel, onde o Clube de Mangá e Anime desenhava ao vivo.

Debates e Palestras

Debate com Jose Muñoz, o segundo da direita para a esquerdaNo auditório, foram realizados palestras, debates e bate-papos com autores, como Jose Muñoz, Miguelanxo Prado, Jano e Carlos Nine.

Os debates aconteciam duas vezes ao dia, uma à tarde e outra à noite. Os assuntos escolhidos iam desde como procurar alternativas para produção e publicação de quadrinhos, até a situação do mercado no Brasil e no exterior.

O primeiro deles foi A Situação Atual dos Quadrinhos Argentinos, seguido por Alternativas para a Produção de Quadrinhos Contemporâneos, O Processo de Criação, Internet e Quadrinhos e Publique Seus Quadrinhos.

Debate com Lourenço Mutarelli, à direitaEstilos e o poder de alcance dos quadrinhos também entraram na pauta, como O Poder do Mangá, Os Quadrinhos de Humor, Quadrinhos e Educação e A Literatura Popular nos Quadrinhos. Participaram desses debates artistas como Lourenço Mutarelli, Daniel HDR, Jô Oliveira, Adão Iturrusgarai, Spacca, Sieber, André Diniz e quadrinhistas independentes.

Apoio

Exposiçao de mangáUm fator precisa ser destacado. A Prefeitura de Belo Horizonte, através da Secretaria Municipal de Cultura, é uma grande incentivadora da produção de quadrinhos. Vários projetos só conseguiram sair do papel (ou ir para ele!), graças à posição adotada pelo governo da cidade, beneficiado com a Lei Municipal nº 6498/93, de incentivo à cultura.

O próprio festival contou com esse apoio, e não foi a primeira vez que um evento de quadrinhos é realizado com o apoio da prefeitura, em comum acordo com os organizadores. A entrada durante os cinco dias era franca, o que ajudou a totalizar algo em torno de 17 mil visitantes.

Exposiçõa de artistas nacionaisAlguns problemas, como a falta dos nomes dos autores em algumas exposições e de um texto com um pequeno histórico dos artistas atrapalhavam um pouco, mas a iniciativa precisa ser mantida e incentivada. O próximo festival internacional está programado para 2003 e, antes disso, já existem outros eventos a serem realizados.

No que depender do Universo HQ, poderemos nos encontrar por lá, em breve!

Samir Naliato era um fluminense (nascido no Rio de Janeiro - não confundir com o time, pois ele é flamenguista fanático) convicto, mas depois do Festival de Belo Horizonte, estranhamente, o cara trocou termos "mermão", "olha só" e "fala sério" por um monte de "uai". E o mais incrível: agora, está constantemente com um queijinho mineiro a tiracolo!

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