Em novembro, o desenhista brasileiro Mike Deodato Jr. passou duas semanas nos Estados Unidos, onde foi às convenções de Ohio e Detroit. Com ele, estavam seu agente, David Campiti (da Glass House Graphics) e o arte-finalista das revistas Buffy e Angel, Will Conrad.

"Algumas vezes, os fãs de quadrinhos trazem inspirações aos criadores. Não estou falando de 'idéias', e sim de entusiasmo!", disse Deodato. E foi nesse clima que aproveitou para produzir vários desenhos em meio aos eventos. "Quem disse que este mercado está morrendo? Os leitores que conheci estavam tão animados com boas revistas, personagens e artes quanto sempre estiveram. E isso me inspirou a fazer algo que eu havia jurado não fazer nos dias do evento: desenhar!".

"Minhas férias se tornaram uma semana em que fiquei cheio de energia para desenhar os personagens favoritos dos fãs e emocionar rapazes e moças nas convenções e na internet. Fiquei surpreso comigo mesmo com a quantidade de desenhos eu fiz", revela.

E não é para menos! Foram 12 ilustrações, com personagens como Conan, Vampirella, Miracleman e LJA/Vingadores. Confira agora as descrições do próprio artista.

• Arlequina: "Ela é uma personagem do desenho animado do Batman que, eu acho, fui o primeiro a desenhar nas revistas regulares do Homem Morcego. Recebi mais pedidos de compras da página que fiz dela com o Coringa do que qualquer outra desde a Mulher-Maravilha. Então, peguei um lápis e fiz três novos desenhos dela. Em uma das ilustrações, quis fazer algo doce, ao invés de uma vilã homicida."
• Vampirella: "Tenho um desejo pela Vampirella desde os dias em que José Gonzales colocou seu lápis nela na década de 1970. Eu era cada vez mais influenciado pelo seu trabalho. A personagem de hoje em dia parece ter esquecido a exótica retratação de José. Ela era estrangeira, então, não podia se parecer com as morenas americanas. Eu trabalhei um tempo com uma modelo internacional que poderia fazer uma Vampirella interessante, e quis ver se funcionava bem..."



• Viúva Negra: "A Viúva Negra vem sendo retratada de várias maneiras ao longo dos anos. Nunca deveríamos perder a visão de que ela é uma russa exótica. Também gosto de ver personagens em momento de reflexão, e não sempre em ação."
• Conan: "Nunca desenhei uma história do Conan, mas pintei várias capas para a edição brasileira de A Espada Selvagem de Conan (da Editora Abril). Eu não sei a quem pertencem os direitos de publicação do bárbaro, mas seria divertido fazer uma história com ele algum dia."
• JLA/Vingadores: "Um fã me mandou um e-mail perguntando se eu já tinha pensado em fazer uma ilustração da Liga da Justiça e Vingadores. Sentei e acabei fazendo naquele mesmo instante!"



• Miracleman: "Vocês sabiam que eu desenhei uma edição inteira de Miracleman Triumphant, que não chegou a ser publicada (Nota do UHQ: série escrita por Fred Burke, e lançada como um complemento da revisa regular do personagem, quando era escrita por Neil Gaiman, na primeira metade da década de 1990)? A editora nunca me devolveu as páginas originais, que é a razão para os leitores nunca as terem visto à venda."
• Mulher-Maravilha: "Interessante... A DC Comics e Dark Horse publicarão um crossover entre a Mulher-Maravilha e Xena. Acho que sou a única pessoa que desenhou as duas personagens por algum tempo em suas revistas regulares. Por isso, me ofereci para ilustrar o encontro. A única resposta que tive foi 'Este projeto não existe'. Nesse desenho, a Mulher-Maravilha demonstra a surpresa que senti quando me veio a confirmação, esta semana, de que a edição será lançada sem mim. :)"



• Mary Marvel: "Ela é o tipo da personagem que nunca peguei pra desenhar. Tenho tentado fazer um traço com linhas implícitas (veja o cabelo dela) e peso de linhas do lápis. Queria ver como isso ficaria na Miss Mary Bromfield..."
• Banzai Girl: "Nas duas convenções que fui, tive o prazer de conhecer a modelo asiática Jinky Coronado, uma escritora e artista que está trabalhando em um projeto de quadrinhos baseado nela mesma, chamado Banzai Girl. Aproveitei pra fazer um desenho dela."
• Elektra: "Elektra é uma revista na qual nunca fiquei satisfeito com o meu trabalho. As histórias e a visão editorial do tempo que ilustrei o título estavam em conflito com meu talento e meu modo de ver a personagem, e fiquei triste ao perceber que não era o meu melhor. Se pudesse desenhá-la novamente, acho que o resultado seria um pouco diferente."