50 autores mexicanos em importante obra do selo Grijalbo
A
sóbria agência de notícias mexicana Notimex trouxe, na semana passada,
a notícia de que Rius (Eduardo del Río), o decano da cartum mexicano,
está lançando o livro Los Moneros de México - Libro de la Caricatura
y Prensa en México, sobre 50 cartunistas e caricaturistas de seu país.
Em meio ao artigo, uma descrição que serve bem para definir o valor da
obra: "uma fascinante viagem pelo humor de traço mexicano".
O livro foi apresentado por Víctor Trujillo, popular humorista de televisão profundamente comprometido com a ampliação democrática no México e um dos dubladores da versão hispana nos EUA de Thundercats, nos marcos da XXVI Feira Internacional do Livro do Palacio de Minería, que acontece na UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México), um dos mais notáveis patrimônios culturais da América Latina. Na apresentação, Trujillo fez questão de frisar que o livro é uma prova de que a história, apesar de certas teorias, continua acontecendo e sendo registrada.
O cartunista Rafael Barajas, cujo pseudônimo é El Fisgón, também saudou a obra, no lançamento. Ele sublinhou a ação do humor como instrumento de conscientização política, no que foi acompanhado por uma declaração do próprio Rius: o carinho do povo mexicano por seus cartunistas vem do fato de que eles são, em boa medida, os "vingadores" do povo.
Para quem conhece pouco o cartum mexicano, é bom frisar que esta "vingança" não se traduz em uma falsa catarse, tão comum em tantos cartunistas atualmente: mais que fazer rir, os moneros mexicanos fazem rir e pensar, no que contribuem para a ampliação do espaço de debate em toda a sociedade.
Além de El Fisgón, outros artistas que estão no livro são Ahumada, Carreño, Magú, Jis, Trino e Rocha, e dois ilustradores de El Universal: Naranjo e Helioflores, cujos cartuns podem ser acompanhados neste link.
Para saber mais sobre o lançamento, confira outro texto, dos colegas do La Jornada (em espanhol), mostrando bem a importância da feira e do lançamento da obra.
O livro saiu pelo selo mítico selo Grijalbo. Para os mais jovens, vale lembrar que o nome Grijalbo está profundamente ligado à redemocratização do Brasil. Com a conquista da Anistia e algumas outras aberturas, como o fim da censura, em 1980, é claro que as editoras brasileiras não puderam suprir da noite para o dia a demanda por livros críticos sobre a realidade latino-americana, e assim, as obras publicadas pelo selo começaram a correr de mão em mão, entre a intelectualidade brasileira.
O selo foi comprado pela Random House Mondadori, uma empresa constituída pelo gigante mundial das comunicações, a alemã Bertelsmann e pela Mondadori, a editora italiana de maior volume de vendas.
Pelo que a assessoria de imprensa da Random informou ao Universo HQ, pode-se perceber que a gigante mundial pretende manter a linha de publicações de tão relevante selo, fundado em 1962. Na verdade, o selo Grijalbo conta, em sua lista de obras publicadas, nada menos que 50 obras de Rius, cujas capas podem ser conferidas neste link.
Não por caso, o livro do mês de março, da Random House Mondadori, é de Alejandro Jodorowski, e versa sobre Psicomagia. A editora ainda publica títulos da argentina Maitena e do escritor brasileiro Paulo Coelho.