A ascensão meteórica de Robert Kirkman
Preste
atenção neste nome: Robert Kirkman. Se você ainda não ouviu falar dele,
é só uma questão de tempo.
Este jovem escritor, de apenas 25 anos, vem se destacando em títulos pouco
conhecidos e seu sucesso lhe abriu as portas da Marvel.
Kirkman começou a chamar atenção na revista The Invencible, da
Image,
um dos super-heróis da segunda leva de personagens
da editora.
Mark Grayson, um garoto de 17 anos, é The Invencible. Grayson se torna
o mais poderoso super-herói do planeta. A revista mostra sua origem, desde
a descoberta de seus poderes, até seu primeiro combate com um super vilão,
e acompanha seu desenvolvimento.
Mark é filho de Nolan Grayson, o Omni Man, um alienígena que está no planeta
há mais de 20 anos, o defensor da Terra; e de Debbie Grason, uma dona
de casa tradicional, que não dá muita bola para as fantásticas proezas
da família.
Segundo Kirkman, a revista é uma exploração do universo de super-heróis.
O autor diz ainda que está tentando mostrar o quão mundano pode ser o
fantástico, se isso é o que você vê e experimenta todos os dias.
Um
dos fatores do sucesso de Invencible, é que Kirkman tem conseguido
evitar os clichês típicos das histórias de super-herói, ou, pelo menos,
os usado a seu favor. Segundo o escritor, ele tenta evitar muito do que
já foi feito por outros autores, pois não quer regurgitar as histórias
que leu quando criança.
Outro fator importante é que, apesar de trama geral se estender por alguns
números, cada revista possuiu uma história fechada, coisa muito rara nos
quadrinhos americanos atuais.
"É um super-herói diferente. E divertido, porque é o meu estilo. Só estou
achando novos ângulos para o assunto. Não estou reinventando a roda. Não
tenho pretensões quanto ao mérito do meu trabalho. Só estou tentando me
divertir, apesar da revista não ser de humor. Também existe bastante espaço
para o drama", diz Kirkman.
Segundo o autor, o lançamento da primeira edição encadernada do personagem
triplicou a base de leitores da revista mensal.
The Invencible tem recebido críticas positivas e entusiásticas
por parte tanto dos fãs, quanto da crítica especializada. Seu público
tem crescido, mas a revista ainda está longe de ser um sucesso explosivo
de vendas.
Mas
Invencible não é o único projeto de Kirkman na Image.
O escritor também é responsável por uma revista mensal sobre zumbis: The
Walking Dead.
Rick Grimes é um policial de uma cidadezinha americana, e sua tarefa é
proteger sua família, a esposa Lori e seu filho Carl, além de continuar
vivo num mundo onde os zumbis e os mortos-vivos estão no comando.
"Eu chamo a revista de 'o interminável filme de zumbis'. Acho que é isso
que a torna diferente das outras revistas de horror. Só estou tentando
contar uma história de sobrevivência. O horror surge destas situações",
diz Kirkman.
O autor afirma que o ponto forte de The Walking Dead são os personagens.
Segundo ele, a série é como uma novela, só que com zumbis.
Kirkman está tentando definir o gênero, assim como existem as versões
clássicas de lobisomens e vampiros, usando como base os filmes de zumbi,
de George Romero.
A
narrativa do artista também foge da tendência atual de imitar o cinema,
com seus quadros largos (conhecidos como widescreen em inglês,
uma referência ao formato de projeção dos filmes) e splash pages,
e abusa do número de quadros por página, o que permite maior interação
dos personagens.
A revista, com arte em preto e branco, tem vendido melhor que alguns títulos
coloridos. Suas edições têm se esgotado rapidamente nas comic shops
e a primeira coletânea, que encaderna os seis números iniciais, também
tem vendido muito bem.
Foi o sucesso destes títulos (e de Tech Jacket) que de certa
forma lhe abriu as portas para assumir a revista Captain America,
da Marvel.
"Depois da tragédia de 11 de setembro, um dos efeitos desagradáveis nos
quadrinhos foi que a Marvel tinha um personagem chamado
Capitão América. Então eles decidiram lidar com as emoções e a ansiedade
do país na revista. Funcionou por um tempo, mas depois você é obrigado
a retornar a Sociedade da Serpente e a pular de prédios", disse Kirkman.
Capitão
América, em menos de dez anos, teve sua revista cancelada e recomeçada
três vezes. Nesta última versão, o volume quatro desde seu retorno nos
anos 1960, o personagem faz parte da linha Marvel Knights,
mais adulta e ligeiramente distanciada da realidade dos super-heróis da
Marvel.
E é para o universo colorido dos super-heróis e super-vilões que o Capitão
América deve retornar, pelas mãos de Kirkman, afinal, segundo ele, os
quadrinhos deveriam ser, acima de tudo, divertidos.
Kirkman e Scott Eaton assumem a revista no número 29, previsto para julho,
com um arco de 4 partes trazendo o Capitão de volta ao seu habitat natural.
A história envolve a S.H.I.E.L.D., uma seita maligna e o Caveira Vermelha.
Ou, nas palavras de Kirkman: "É o capitão América contra agentes malignos
da S.H.I.E.L.D. e o Caveira Vermelha, para salvar o mundo!"
Nos primeiros quatro números, muitos vilões devem marcar presença, além
do Caveira Vermelha. Entre eles estão Batroc, Sr. Hyde, a Hydra e a Sociedade
da Serpente.
Outro
personagem que retorna é a antiga namorada do Capitão, quase esquecida,
a vilã Cascavel (Diamondback, no original).
"O meu sonho, como o de muitos garotos, é trabalhar na Marvel.
Eu fiquei mandando cópias de Invencible e Tech Jacket
para o Joe Quesada e outras pessoas da editora, para descolar um trabalho
por lá. Um dia, conversando com Brian Bendis, descobri que ele gostava
de The Invencible. Quando a Marvel começou a
reestruturar a linha de heróis dos Vingadores, recebi um email do Tom
Brevoort, perguntando se eu não gostaria de escrever o Capitão América",
contou Kirkman.
"Capitão América é fundamentalmente uma revista de super-herói. Ele é
um cara perfeito, fazendo coisas perfeitas e ajudando as pessoas. Basta
jogar umas explosões, uns vilões e outras maluquices e você têm uma história.
Mas não se preocupem, não vou trazer de volta a van do Capitão
América", disse Kirkman, rindo.