Baseado
numa série de estudos iconográficos do Recife, capital do estado de Pernambuco,
dos anos que se seguiram a partir de 1900, a equipe do Arquivo
Histórico Judaico de Pernambuco (AHJPE), está recriando
os cenários de diversos lugares que marcaram a história da cidade, e da
presença judaica no Estado, para ilustrar o álbum em quadrinhos Passos
Perdidos, História Desenhada: A Presença Judaica em Pernambuco no Século
XX.

A publicação é uma versão em quadrinhos do livro Passos Perdidos, História
Recuperada: A Presença Judaica em Pernambuco, de Tânia Kaufman, professora
da UFPE. A produção consta de 71 páginas ilustradas pelas desenhistas
Danielle Jaimes e Roberta Cirne, com adaptação de roteiro, direção de
arte e quadrinização do sociólogo Amaro Braga, também professor da UFPE,
contando a história da presença judaica em Pernambuco no século XX, com
produção executiva da Publikimagem Comunicação e financiado pelo
FUNCULTURA do Estado de Pernambuco.

O lançamento ocorrerá no dia 17 de maio de 2006, às 19h, na Livraria
Cultura (Shopping Paço Alfândega - Recife). Na ocasião, será
apresentado um recital de música Klezmer, uma t radicional música instrumental
dos Judeus da Europa Oriental que reflete o estilo do judaísmo europeu,
especialmente nas festas.

O livro em quadrinhos dá continuidade ao trabalho didático-pedagógico
do AHJPE. "As nossas pesquisas e atividades sempre estiveram voltadas
à multiplicação do patrimônio imaterial de Pernambuco através da história
da presença judaica. O que vem sendo defendido pelo Arquivo Histórico
Judaico, levando o conhecimento cada vez mais próximo da população, através
de trabalhos planejados para o público em geral e ações conjuntas com
escolas e universidades", explica Tânia Kaufman.

Na aventura em quadrinhos, a historiadora e professora Tânia Kaufman se
transforma numa avó, que conta para os netos a história do Recife e da
comunidade judaica. O álbum será distribuído gratuitamente nas escolas
públicas municipais e será encaminhado para as secretarias de educação
de Pernambuco, do Recife e de Olinda, além de bibliotecas públicas e universidades
de todo o país.

Amaro Braga, que além de ser um pesquisador e professor também é desenhista
de histórias em quadrinhos, participando ativamente de ações visando esta
expressão artística, comemora, além do resgate histórico e urbanístico
do Recife, o incentivo na produção dos desenhistas de histórias em quadrinhos
da região, dando continuidade à tradição pernambucana nos quadrinhos,
fortalecida a partir da década de 1980.

"É importante estimular nossos artistas a produzirem. Além da importância
de festivais como o FIHQ-PE, é o apoio a projetos como este que
resgatam o papel dos quadrinhos como veículo didático-pedagógico e não
apenas de mero entretenimento. Recife já se consolidou como um importante
centro de desenvolvimento da arte em quadrinhos", diz.

A comunidade judaica tem importância fundamental na história do Recife
e de Pernambuco. Na época em que os holandeses dominaram o Estado, uma
forte população de judeus se estabeleceu no local. A formação da primeira
comunidade judaica em Pernambuco ocorreu a partir do Século XVI e se fortaleceu
principalmente na primeira metade do século XVII, graças à liberdade religiosa
no governo de Maurício de Nassau, época em que foi fundada inclusive a
Primeira Sinagoga das Américas (Sinagoga Kahal zur Israel).

Devido às perseguições aos judeus no século XX, novamente Recife se transforma
numa possibilidade de liberdade e descendentes dos antigos moradores e
novos viajantes em busca de uma vida digna e um porto seguro, se estabelecem
mais uma vez na capital pernambucana. A partir do início do Século XX,
um grupo de imigrantes formou na região uma pequena, mas ativa comunidade.
Plenamente integrada, atuante social, cultural e economicamente, seus
reflexos estão na memória recente e na percepção de cidade viva através
de inúmeras representações.

A proposta do é a formação de um processo educacional mais amplo. Tudo
baseado em uma prática que favoreça a consciência e a reflexão crítica
sobre os múltiplos aspectos que envolvem as relações com o judaísmo, estimulando
os professores a introduzir na sala de aula a discussão dos temas ligados
à cultura judaica, em complemento às informações sobre a cultura africana
e indígena na formação do povo brasileiro e mais especificamente da cultura
pernambucana, sem deixar de lado aspetos mais significativos como o desenvolvimento
urbanístico e arquitetônico da cidade nas últimas décadas.