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A História de Petrópolis em Quadrinhos

6 dezembro 2004

Catedral das LetrasA Tribuna de Petrópolis, jornal de mais de 100 anos, tem uma boa ligação com a cultura local, em especial, com os quadrinhos.

Além de publicar cartuns e charges do Kemp (confira aqui uma entrevista com Kemp sobre seu trabalho), traz um suplemento semanal de quadrinhos, a Tribuninha, que é tocado pelo Fernando Marques.

Na sexta-feira, dia 3, a Tribuninha trouxe um texto em que Fernando conta um pouco de sua trajetória, na segunda parte de uma conversa com seus leitores, e anuncia a publicação de A História de Petrópolis em Quadrinhos. Confira o texto a seguir, e conheça um pouco do que Petrópolis faz em quadrinhos:

Pois é, com o Betão sendo publicado mensalmente no Jornal Cultural Obelisco, eu fiquei sem saber o que fazer com a gatinha Tatá e seu ursinho. Resolvi transformá-la em personagem de quadrinhos e criar uma turminha para ela. Criei mais alguns tipos, mas não sabia o que fazer, pois nunca havia feito história em quadrinhos para crianças. Quase no final do ano, um colega da rádio Tribuna me perguntou porque eu não perguntava ao dono do jornal Tribuna se não queria publicar alguma coisa que eu fazia. Fiz uma sugestão de meia-página do jornal, como eu fazia antes no Jornal de Petrópolis. Só que com tirinhas da Tatá e do Betão (sem ser política dessa vez) e alguns passatempos. Mas ele não se interessou.

Passei então, junto com o Vichi, a tentar bolar um jornal só de quadrinhos. Ele me apresentou outros colegas que desenhavam e que iriam compor o jornal. O nosso jornal iria se chamar Área de Risco, um espaço para os artistas da cidade mostrarem seus talentos com os quadrinhos. Mas o trabalho, apesar de legal, não saiu dos esboços.

Logo depois, o dono da Tribuna me procurou, falando pra eu fazer uma boneca de uma possível publicação, um suplemento infantil para a Tribuna. "Boneca" é o nome que damos ao projeto de uma publicação. Na época não tínhamos computador, então a boneca era uma porção de recortes, cópias xerográficas dos nossos trabalhos, tudo colado num papel especial para publicação. Fizemos duas bonecas (tipo para ser o número 1 e 2 da publicação). Ele aprovou e aproveitou as próprias bonecas para ser o suplemento infantil do jornal Tribuna de Petrópolis: a Tribuninha, que foi publicada no dia 4 de novembro de 1990 (viu só porque novembro é um mês especial para mim, na área de desenho?).

O primeiro time de desenhistas da Tribuninha era: Fernando Marques, George Silva e Robson Theobald (meu sobrinho... desenha muito!). O Vichi também fazia parte, fazendo as pesquisas e me ajudando com alguns textos para as tiras do Betão. Com o tempo, desenhistas foram saindo, outros foram entrando, a Tribuninha ganhou mais páginas, ficou colorida, e hoje estamos aí, completando 14 anos de muita alegria.

Me aproveitando um pouco do sucesso com os desenhos, em 1993 resolvi fazer uma revista de quadrinhos, cuja história se passasse em Petrópolis, com o Betão & Cia. O que é engraçado é que não me imaginei escrevendo a história, pois a primeira que me passou na cabeça foi a de um livro que havia lido no finalzinho dos anos 70, chamado O Segredo do Museu Imperial.

Minha irmã, que mora em São Paulo tinha o livro, pedi-lhe emprestado, reli e vi que dava pra fazer. Entrei em contato com a autora para pedir autorização. Ela (Stella Carr) se amarrou na idéia, me autorizou, e eu comecei. Durante sete meses fiquei trabalhando na revista. Desenhava umas três horas por dia (à noite, quando chegava do trabalho). Cada página levava seis horas pra ficar pronta. A revista ficou pronta e foi lançada em 1994, na Bienal do Livro, em São Paulo, e depois no próprio Museu, em setembro deste mesmo ano.

Em 1995, empolgado com a revista, um professor quis ver um trabalho parecido para uma pesquisa sobre a história de Petrópolis. Ele me dava as informações, eu montava o texto do diálogo entre dois personagens, ele aprovava e eu desenhava. Mas a pressa foi tanta que a revista A História de Petrópolis em Quadrinhos não ficou como eu queria. O que é pior, não ganhei nada com aquilo. Desgostoso do trabalho que o professor fez, pedi-lhe os originais para ver o que eu poderia fazer, afinal, o texto e os desenhos eram meus, e eu tinha que dar um jeito de vender aquilo.

Resolvi refazer do meu jeito. O projeto ganhou mais informações, ilustrações de vultos e lugares históricos, menos texto por balão e mais páginas, para deixar o trabalho bem solto e de fácil leitura. Pra completar, passatempos sobre tudo o que rolou na revista. Bem, trabalho feito, comecei a procurar patrocinadores para que pudesse imprimir. Foram mais ou menos cinco anos correndo atrás, e nada. Este ano, finalmente, foi dado o primeiro passo importante para que, no início do ano que vem, a revista A História de Petrópolis em Quadrinhos seja lançada.

Assinei um contrato com a editora Catedral das Letras (que é de Petrópolis) para a publicação da mesma. Só assim parece que este trabalho vai sair da gaveta (para suas mãos). Nela, o Betão (personagem 100% petropolitano) bate o maior papo com um colono alemão, e nesse papo rola muita coisa sobre a história da cidade, curiosidades, fofocas, etc.

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