A história dos fanzines no Brasil e no mundo ganha livro
Este zine pioneiro chamava-se Ficção, e era o boletim do Intercâmbio Ciência-Ficção Alex Raymond. Nessa época, ainda nem se conhecia o termo fanzine por aqui, que só começou a ser usado de forma maciça no final da década seguinte.
Além de definir o termo, o livro classifica essas publicações em vários gêneros, com fanzines de música, literários, de cinema, além de quadrinhos, que merecem uma atenção especial do autor. Inserido no meio da produção, o autor sentiu-se à vontade para dialogar com os editores de várias partes do País.
Por fanzine, entende-se a publicação amadora, sem fins lucrativos, feita muitas vezes de forma artesanal (com colagens, impressos em mimeógrafos ou fotocópias). São editados quase sempre em pequenas tiragens e servem para a expressão livre de seus editores a respeito de qualquer arte ou hobby.
No Brasil, a maioria é feita por indivíduos, e não grupos organizados, mas eles mantêm entre si um forte intercâmbio de publicações e informações, criando uma verdadeira teia de comunicação e estreitando os laços de amizades. Os fanzines servem para a crítica das publicações do mercado, para o lançamento de novos autores e para as experimentações gráficas.
Além da história dos fanzines e da incansável busca de perspectivas e saídas para a produção, o livro traz uma introdução que dá um referencial teórico à pesquisa, com a definição de imprensa alternativa.
Os anexos trazem o processo de produção dos fanzines e uma descrição de dois fanzines chaves para esse gênero de publicação: Quadrix, de Worney A. de Sousa, e O Grupo Juvenil, de nostalgia dos quadrinhos editado por Jorge Barwinkel.
A pesquisa vai somente até 1990, mas Henrique Magalhães aponta para as novas tendências que se confirmariam no decorrer da década seguinte, como a retomada da produção, o aperfeiçoamento técnico com a disseminação da informática.
No entanto, pela importância das mudanças que viriam e pelo espaço alcançado pelos fanzines, o autor preferiu deixar essa história para uma outra publicação, na qual poderá se dedicar mais atentamente ao seu estudo.
Quem estiver interessado em adquirir O rebuliço apaixonante dos fanzines pode escrever uma carta para o autor (Rua Manoel de Sousa, 95/302 - CEP 58045-090 - João Pessoa/PB - Tel.: 0XX-83-247-4930 ou 8803-5030) ou solicitar por e-mail.
Sobre o autor - Henrique Magalhães nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 1957. Em 1975, criou a personagem de quadrinhos "Maria", que foi publicada por anos em tiras diárias nos jornais paraibanos, em fanzines e em semanários portugueses. Lançou dez revistas, um livro e um álbum com ela.
Atualmente, tem se dedicado à editora Marca de Fantasia, publicando fanzines (Top! Top!), revistas (Mandala, Quiosque, Maria Magazine, Coleção Corisco), álbuns e livros sobre quadrinhos e cultura alternativa. Em 1993 lançou O que é fanzine, pela Editora Brasiliense. Criou e dirige a Gibiteca Henfil, em João Pessoa, voltada para os quadrinhos e títulos independentes.
Em 1983, concluiu o curso de Comunicação Social, na UFPB, na qual atualmente é professor de Jornalismo. Defendeu a dissertação Os fanzines de histórias em quadrinhos: o espaço crítico dos quadrinhos brasileiros, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em 1990. Seis anos depois, defendeu a tese Fanzines de Bande Dessinée: rénovation culturelle et presse alternative na Universidade Paris VII.