A Leitura dos Quadrinhos: livro trata dos aspectos da Nona Arte
O
jornalista e professor universitário Paulo Ramos, responsável pelo Blog
dos Quadrinhos, divulgou o lançamento do livro A Leitura dos
Quadrinhos (160 páginas, R$ 23,00), segundo volume da coleção Linguagem
& Ensino, da Editora
Contexto.
Quais as características dos quadrinhos? Como funciona o balão? Que papel
exercem as onomatopeias, a cor e os personagens nessa forma de linguagem?
Quais são exatamente os gêneros dos quadrinhos?
Há muitas perguntas sobre a linguagem dos quadrinhos e poucas respostas.
A nova obra tem o objetivo de esclarecer muitos dos pontos ainda obscuros
e pouco estudados sobre a chamada Nona Arte.
O autor esmiúça os principais pontos da linguagem, dos mais básicos, como
os diferentes formatos do balão, até aspectos mais complexos, como as
estratégias de movimentação dos personagens e o papel da cor.
O livro também dá detalhes as características dos diferentes gêneros que
compõem os quadrinhos, como as tiras, o cartum, a charge e outras variadas
formas de produção dessa forma de arte.
O Universo HQ conversou sobre a obra com Paulo Ramos. Confira.
Universo HQ: Quanto tempo você levou para preparar o livro?
Paulo Ramos: No total, uns dois anos e meio, mas em momentos
diferentes. No meu doutorado, defendido na USP em 2007, precisei elaborar
dois capítulos sobre a linguagem dos quadrinhos. Esse processo de pesquisa,
escrita e seleção de exemplos levou em torno de um ano e meio para ser
concluído. Esse material foi o pontapé inicial para o livro, que exigiu
novas leituras e pesquisas. Para finalizar a obra, demorei mais um ano.
UHQ: Há alguma similaridade entre sua obra e os livros de Scott McCloud?
Paulo Ramos: Ótima pergunta. O livro, na verdade, parte
do pouco que já foi escrito sobre a linguagem dos quadrinhos dentro e
fora do país e faz uma leitura crítica dos conceitos, atualizando-os e
exemplificando-os à exaustão. Entre as obras consultadas estão, sim, as
de Scott McCloud, muito boas, por sinal. Mas é apenas um dos autores usados
para a pesquisa. Todos os outros constam na bibliografia, no final da
obra.
UHQ: Qual sua opinião sobre a bibliografia disponível sobre
quadrinhos no Brasil?
Paulo Ramos: A bibliografia ainda é pouca, dada a importância
do tema. Note o volume de trabalhos existentes sobre cinema, teatro e
literatura, para ficar apenas em três exemplos. Compare com o montante
de pesquisas e livros teóricos publicados sobre quadrinhos. A diferença
é brutal. Mas costumo enxergar a questão sempre de um ângulo positivo.
O número de dissertações e teses aumentou muito nos últimos cinco anos.
Só no ano passado, tive a oportunidade de participar de cinco bancas de
pós-graduação em diferentes universidades. No começo do mês que vem, tenho
outra agendada. O cenário melhora, embora ainda bem devagar.
UHQ: Você já tem algum outro projeto do gênero em andamento?
Paulo Ramos: Tenho, sim. Há outros dois livros prontos,
à espera apenas de um ok das editoras. Por isso, ainda tenho de ser um
pouco econômico sobre o assunto. Mas dá para adiantar alguma coisa. Ambos
são coletâneas de textos de diferentes autores. A organização das obras
foi feita em parceria com Waldomiro Vergueiro, professor da Escola de
Comunicações e Artes da USP. Eu e ele também assinamos um capítulo cada
um.