A peleja de Lampião com um cavaleiro da Távola Redonda
Tente
imaginar uma história maluca e muito bem contada, em que um lendário cavaleiro
da corte do Rei Arthur é enviado pela feiticeira Morgana ao futuro, mais
precisamente para o sertão do Nordeste brasileiro no início do século
20.
O escritor e desenhista Fernando Vilela já havia pensado nisso muito antes
e concebeu o excelente Lampião e Lancelote (Editora Cosac Naify,
52 páginas, R$ 49,00), um livro que reúne o cangaceiro "cabra da peste"
e o guerreiro medieval em uma peleja épica.
A luta, que começa no "mano a mano", termina em um divertido e disputado
duelo de versos improvisados, os tradicionais repentes.
Os
interessantes textos, que utilizam dois tipos de narração (repente e romance
de cavalaria) para contar a inusitada aventura, sofrem a concorrência
das belas ilustrações que misturam várias linguagens, da pintura naiif
(muito comum na literatura de cordel) aos quadrinhos (vide o estilo da
capa).
No final das contas, do formato gráfico aos desenhos, passando pela narrativa
pouco convencional dos textos, Lampião e Lancelote é praticamente
uma HQ de luxo travestida de livro tradicional que, embora destinado ao
público infantil, merece ser apreciado por leitores mais maduros.