Adaptação de Conan, o bárbaro é aventura levada a sério
Conan, o bárbaro marca o retorno às telas de cinema do guerreiro do fictício reino da Ciméria, criado por Robert E. Howard em 1932, e adaptado para os quadrinhos por Roy Thomas em 1970.
Foram quase 30 anos desde o lançamento de Conan, o Destruidor (1984) e, em meio a adaptações cinematográficas para todos os gostos, estava mais do que na hora do maior bárbaro das HQs recuperar o seu quinhão em Hollywood.
No entanto, apesar de ser uma adaptação que deve agradar aos fãs e simpatizantes do cimério, provou-se um fracasso como possível blockbuster. Parte do crédito por sua baixa bilheteria no exterior pode ser debitada exatamente de sua melhor característica, a despretensão levada a sério.
Apesar da mitologia criada por Howard só poder ser comparada - e ter influenciado - àquela que Tolkien construiu para a sua Terra-Média, Conan não tem o mesmo carisma de outros personagens famosos dos quadrinhos, como Homem-Aranha e Batman.
Há numerosos motivos para isso, mas um deles é que, enquanto os heróis citados - assim como a enorme maioria - são cheios de complexos capazes de entreter psicólogos e psiquiatras por anos, Conan é um cara bem resolvido. Ele quer um pouco de matança, bebida e mulheres. Só isso.
Talvez esse excesso de confiança incomode o público médio, que acaba dando preferência a personagens com os quais possa se identificar - de alguma maneira - em seus pequenos dramas diários e sonhar com seus grandes feitos heroicos.
Parafraseando o que o próprio Conan diz durante o filme, um cimério vive, ama e mata, ficando satisfeito com isso. Simples assim.
Claro, existem histórias de Conan mais profundas em termos psicológicos, mas ele é um filho de seu mundo, que é extremamente violento. Logo, a sua jornada de descobrimento será diferente da de outros que foram criados por tias ou mordomos.
O que o longa-metragem mostra como os vinte e poucos anos iniciais da vida do bárbaro, pode-se chamar de uma despretensiosa e boa aventura, que não tem muitas piadinhas porque a vida é dura por aqueles lados.
O filme começa literalmente com o nascimento de Conan num campo de batalha. Depois, é mostrado o seu crescimento, repentinamente perdendo os laços com a infância e tornando-se um homem, um ladrão em busca de vingança e, por fim, um herói (ou o mais próximo disso que um bárbaro pode chegar).
É uma ótima aventura, com as doses protocolares de ação, romance e conflitos. Fora isso, ainda há competentes efeitos especiais, que dão veracidade a todo o cenário fantástico em que se passa a história.
Mais conhecido pelas boas refilmagens de O massacre da serra elétrica (2003) e Sexta-feira 13 (2009), o diretor Marcus Nispel faz um trabalho eficiente, ainda que apresente falhas em algumas sequências, como, por exemplo, na perseguição à carruagem.
O elenco como um todo está bem, com destaque para Jason Momoa, excelente como Conan. O ator consegue passar prepotência, rebeldia e agressividade sem parecer caricato em momento algum.
Enfim, Conan, o bárbaro, que estreia nos cinemas brasileiros em 16 de setembro de 2011, é um bom filme de aventura, que entrega o que promete e pouco além disso.
E isto, de modo algum, é uma crítica negativa, mas sim a confirmação de que é uma obra bem feita, ainda que alguns produtores não façam direito o seu trabalho e esperem lucros assombrosos em cima de falsas expectativas. Que Crom proteja a alma deles, pois com os bolsos não há mais jeito.