Lançado no último mês de dezembro, o álbum El abismo del olvido (formato 24 x 17 cm, 296 páginas), dos espanhóis Paco Roca (Rugas, A Casa) e Rodrigo Terrasa, teve sua primeira edição esgotada na Espanha. O título é uma publicação da editora Astiberri e teve tiragem inicial de 40 mil exemplares. Uma nova tiragem foi anunciada.

A trama começa em 14 de setembro de 1940. José Celda foi baleado pelo regime franquista juntamente com outros 11 homens na parede posterior do cemitério de Paterna, em Valência, e enterrado com eles numa cova comum. Mais de sete décadas depois, e após uma longa viagem, Pepica, filha de José, uma senhora idosa de oitenta anos que tinha 8 anos quando o pai foi morto, finalmente conseguiu localizar e recuperar seus restos mortais para restaurar sua dignidade.

Na batalha pessoal de Pepica Celda contra o esquecimento, foi decisivo o papel de Leôncio Badía, um jovem republicano condenado há algum tempo a trabalhar como coveiro no cemitério de sua cidade. Arriscando o pescoço, Leôncio colaborou secretamente durante anos com as viúvas dos retaliados pela guerra para identificar seus corpos e enterrá-los da maneira mais digna possível, localizando seus túmulos e escondendo mensagens entre seus restos mortais, convencido de que um dia alguém poderia tirá-los de lá.

Paco Roca viaja ao passado para recuperar, juntamente com Rodrigo Terrasa (que desempenha um papel importante na documentação e sugestão de ideias), a história real de Leôncio e José, exemplo das dezenas de milhares de espanhóis que foram retaliados violentamente após o fim da Guerra Civil Espanhola. E também acompanha Pepica Celda em sua tentativa de desvendar as misérias de um país obcecado em desprezar sua memória.