Alvar Mayor retorna ao Brasil em lançamento da Editora Lorentz
Em 1988, foi a última vez que Alvar Mayor foi publicado no Brasil, na revista Aventura e Ficção (Editora Abril). Agora, 30 anos depois, o personagem dos quadrinhos argentinos criado por Carlos Trillo (roteiro) e Enrique Breccia (arte) retorna ao Brasil em um novo projeto da Editora Lorentz.
Serão as 18 primeiras histórias da série, algumas inéditas, e em ordem cronológica, numa edição no formato 20,3 x 27,6 cm, 224 páginas e capa dura. A pré-venda deve começar em breve.
Alvar Mayor foi um dos primeiros brancos nascidos na América e trabalha como guia pela América Latina. Tem um senso de ética muito apurado e, mesmo que não seja herói na acepção da palavra, se vê obrigado a intervir nos acontecimentos que atravessam seu caminho. Todas as histórias são auto conclusivas e podem ser lidas separadamente, apesar de terem uma leve ligação e um senso de continuidade.
A leitura da série permite perceber a evolução dos roteiros e desenhos e evidencia a alternância nos estilos de narrativa. As primeiras histórias tem um estilo mais concreto, mas logo flerta com o surrealismo, apresentando histórias mais oníricas. Posteriormente, Trillo surpreende com narrativas mais poéticas e segue nesse ritmo alternante por toda a saga.
As aventuras evidenciam a bestialidade e a crueldade dos colonizadores espanhóis, alternando entre o satírico e o sombrio em histórias extremamente concisas. Além disso, o roteirista se mune de lendas e relatos históricos. Durante toda a série, Alvar Mayor caminha em busca de algo que em nenhum momento se explicita ao longo do texto.
Há quem suspeite que Alvar procura a ele mesmo, sua própria identidade como pessoa e uma ideia mítica de felicidade. A mesma idealização da existência que o homem persegue hoje: a suspeita de que a vida tem que ser algo diferente do que vivemos.
Enrique Breccia, que começava a dar os primeiros passos da carreira longe do pai, comprovava sua técnica e imprimia um estilo próprio em uma obra exclusivamente sua. Os desenhos são essencialmente expressionistas e realistas, trabalhando o uso do preto e branco puro na construção dos personagens e dos cenários. Por outro lado, Breccia consegue inserir no contexto da obra algumas feições exageradas que beiram o caricato sem permitir que o leitor saia da atmosfera realista da história, buscando expressar da maneira mais clara e grotesca possível a loucura.