Anunciado o museu Andrea Pazienza
Itália:
A cidade de San
Severo anunciou que vai construir um museu em homenagem ao quadrinhista
Andrea Pazienza, que, embora tenha nascido em San Benedetto del Tronto,
em Ascoli Piceno, passou sua infância na cidade e é considerado como um
"local".
San Severo, próxima de Foggia, é uma cidade de menos de 60 mil habitantes,
que fica no chamado Alto Tavoliere, no noroeste da Itália, e apesar de
ser multissecular, não conta, a bem da verdade, com maiores atrativos
culturais, o que reforça a importância do projeto.
A iniciativa é da própria prefeitura, que vai instalar o acervo no Museu
da Cidade, que se encontra em reforma. Também está prevista a criação
de um tour pela arte de Pazienza e a criação de uma praça com seu
nome, onde ficará exposta uma obra sua quando residiu na cidade de Pescara.
O museu será constituído com material inédito cedido pelo liceu artístico
de Pescara (onde Pazienza estudou) além de colaborações de fãs e colecionadores.
Estão previstos concursos regionais e o envolvimento dos alunos de toda
a região para reforçar o lançamento do museu, segundo informa o jornal
La
Gazzetta del Mezzogiorno, em sua edição de 9 de dezembro.
Os
brasileiros conheceram Pazienza - um dos mais importantes renovadores
dos fumetti - através da revista Animal,
que publicou episódios de sua série Zanardi, que mostrava histórias de
um grupo de três amigos e suas confusões recheadas de sexo e bom humor,
que revelavam o início da decadência da juventude italiana e do vazio
de valores que se seguiu à derrota dos jovens italianos dos anos 70 .
A Animal também publicou A História de Astarte, sua obra
que ficou inacabada.
Nascido em 23 de junho de 1956, Pazienza foi pintor, escritor e cenógrafo.
Sua primeira história publicada foi Le Straordinarie Avventure di Penthotal,
que saiu na Alterlinus (suplemento da mítica Linus) por
indicação expressa de Umberto Eco. Nesta história, o artista já traz as
marcas da criação que o tornaria único, ao mostrar, com lirismo, os caminhos
rebeldes da juventude de Bolonha, à época.
O detalhe que mais despertou a atenção em Penthotal foi a linguagem,
na qual se mesclavam, como nunca tinha sido feito antes, termos dos marketeiros
com expressões próprias de Bolonha e da Púglia, numa sintaxe em que as
frases ficavam, muitas vezes, incompletas.
Ao final dos anos 70, Pazienza passa a trabalhar na revista que lhe deu
projeção internacional, a Canibale, na qual criou a série Zanardi
e também na Frigidaire, em que sua arte flertava com a narrativa
jornalística.
Pazienza acabou , em parte, imitando seus personagens: morreu de overdose
em 1988, ano em que foi fundado, em Cremona, o Centro Fumetto Andrea
Pazienza, que se dedica a organização de informações e divulgação
dos quadrinhos; cujo arquivo pode ser conhecido aqui.
Para conhecer a vida e a fumettografia de Pazienza, vale conferir este
link.