BATMAN - A QUEDA DO MORCEGO - VOLUME 1
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Autores: Chuck Dixon e Doug Moench (texto), Jim Aparo e Norm Breyfogle (desenhos e arte final), Graham Nolan, Jim Balent (desenhos), Scott Hanna, Tom Mandrake, Bob Wiacek, Josef Rubinstein e Dick Giordano (arte-final) e Adrienne Roy (cores). Preço: R$ 36,90 Número de páginas: 272 Data de lançamento: Agosto de 2008 Sinopse: Com um ataque ao Asilo Arkham, o vilão Bane liberta os maiores inimigos de Batman. Seu plano é simples: provocar o herói até exauri-lo. E, então, destruir a maior lenda de Gotham City. Positivo/Negativo: 15 anos depois da publicação original, a Panini lança em álbum A queda do morcego, a série que, em meados da década de 1990, repercutiu por mostrar Bane, um vilão desconhecido, aleijar Batman. Mesmo na época em que foi lançada, já se dizia que A queda do morcego era uma cria do seu tempo. Tem que ser lida em contexto. Os anos de 1990, afinal, trouxeram uma tendência marcante para os leitores de quadrinhos de super-heróis: violência brutal generalizada. O fenômeno não ficou relegado, como se via até então, a um punhado específico de HQs com testosterona em excesso. O sangue extraído por anabolizantes escorria até mesmo dos títulos mais mainstream. A queda do morcego é a reação de Batman para o fenômeno. Não se trata de uma resposta, porém. A DC apenas abriu espaço para seu herói se submeter à onda e se afiliar ao grande clube da luta. Um pouco antes, vale lembrar, Superman tinha sido assassinado - e com sucesso. A propósito: não por uma bomba atômica, como se desconfiava ser possível na época de sua origem, nem pelo intelectual Lex Luthor, mas por uma sucessão de pancadas vindas de um brutamonte de pele dentada chamado Apocalypse. Batman não é morto. Mas cai. Seu oponente não é um dos prisioneiros insanos de Arkham nem um membro de gangue. Não é um palhaço demente, não se veste de animal nem crê que saiu de um livro de Lewis Carroll. Seu objetivo não é deixar Gotham caótica para azucrinar Batman. Bane é um brucutu anabolizado com uniforme de luta-livre que tem um único objetivo: acabar com o Homem-Morcego. Sem firula, sem enrolação. Ele não arquiteta planos mirabolantes nem constrói armadilhas ensandecidas. Primeiro, descola um exército para desgastar o super-herói. E depois: bate, bate, bate e pronto. Mais pancada; menos poesia. Era isso que os tempos pediam. Outra demanda dos anos 1990 era a de alimentar a fantasia de que os quadrinhos poderiam deixar de ser um hobby. Afinal, os leitores mirins de décadas anteriores tinham crescido. E qual fã não tem seus delírios de viver de HQ? Foi implantado então, nos Estados Unidos, um pensamento pervertido e doentio: a de que, no futuro, alguns quadrinhos iriam valer uma imensa fortuna - e que havia uma mina de ouro a ser explorada pela parte auto-alegadamente mais esperta do fandom de super-heróis. Em vez de o leitor comprar um exemplar de sua revista favorita, ele passou a comprar 20. 30. 50. 100. A idéia delirante dizia que, no futuro, esses gibis extras garantiriam a aposentadoria, mesmo que, a rigor, tudo fosse claramente uma bolha especulativa de proporções criminosas. Os editores lubrificaram o mecanismo ao criar edições especiais com capas variantes holográficas, cores berrantes especiais e toda sorte de alegoria carnavalesca que um gibi comportasse. Junto com isso, uma história relevante no miolo também tinha o seu valor - se não estético, ao menos de mercado. Afinal, como este jornalista analisou em sua coluna recentemente, era uma época em que os spoilers eram divulgados meses antes de a revista sair, justamente para atrair especuladores. Ora, o aleijamento de Batman e o surgimento posterior de um morcego gratuitamente ultraviolento eram uma isca fácil para o especulador de gibiteria. 15 anos depois, a bolha especulativa estourou, a violência banal voltou a marcar apenas um punhado de títulos e A queda do morcego é uma história de Batman que perdeu seu contexto. Por exemplo: quando saiu originalmente, a saga tinha que render meses e meses de revistas especuláveis. É tanta coisa que a edição da Panini corresponde apenas ao primeiro dos quatro volumes que republicaram a série nos Estados Unidos. Não tem jeito: com 272 páginas, há alguns momentos em que a narrativa enseba. Não importa quanta ação ou cenas de luta as edições retratem: algumas cenas começam a parecer só mais do mesmo. Doug Moench e Chuck Dixon são narradores corretos, até mesmo competentes, mas não têm força suficiente para escapar da mesmice. Ao tentar ser simples, às vezes deixam a trama simplória. Mas a simplicidade ainda tem seu papel. O maior mérito de seu roteiro, aliás, é a simplicidade: a trama segue um fluxo linear até o grande clímax - que está justamente na última página, encerrando o álbum. Dos louros que restam para A queda do morcego, os maiores ficam com a equipe de desenhistas - em especial Jim Aparo e Norm Breyfogle, dois dos maiores ilustradores regulares do Batman de todos os tempos. Junto com Graham Nolan e Jim Balent, eles regem o ritmo da obra com boa desenvoltura. Claro, há diferenças do cânone antropoquiróptero de lá pra cá. Robin é o exemplo gritante: Tim Drake era maior, mais corpulento, na época. Mas essas distinções são, de qualquer maneira, normais na evolução dos personagens O que atrapalha a arte são as cores - datadas e, muitas vezes, em arranjos medonhos de amarelo e roxo ou rosa e lilás. Mas, por baixo delas, é bom visualizar no formato original, pela primeira vez, o traço desses artistas na saga. A queda do morcego, no fim das contas, não é uma obra-prima. Mas é uma HQ fulcral de uma época conturbada, mas riquíssima, do mercado de super-heróis. A nova edição serve de documento e registro de uma série que estava até agora apenas esparsa em velhos formatinhos da editora Abril. Classificação: |
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