O
jornal ABC Color,
de Assunção, encontrou um modo inteligente de dar visibilidade a uma matéria
de jornalismo investigativo, na qual mostrou como é fácil conseguir uma
carta de motorista no Paraguai: tirou uma licença de motorista para o
Batman.

Profissionais do jornal percorreram vários municípios do interior do país
para este fim. No caso de Batman, conseguiram a carteira utilizando fotos
pesquisadas através da Internet do ator Adam West, com máscara do personagem,
na cidade de Guarambaré, a 50 quilômetros da capital paraguaia, em menos
de 15 minutos, na quarta-feira passada, dia 8 de dezembro.

A lei paraguaia prevê que os condutores de veículos, para ter carta, tenham
que apresentar uma solicitação por escrito, acompanhada de cédula de identidade,
apresentar um exame de aptidão e demonstrar conhecimento das leis de trânsito.

Para ser exato, a carteira foi expedida em nome de Bruno Díaz, nome pelo
qual o Bruce Wayne da TV é conhecido na América Latina. Por um capricho
dos estúdios que fizeram a versão para televisão do seriado que foi produzido
entre 1966 e 1968, nos EUA, o milionário Bruce Wayne foi rebatizado de
Bruno Díaz, e Dick Grayson, (alter-ego do Robin), de Ricardo Tapia.

Em 1992, a TV Globo tirou uma licença de um automóvel em nome de
Bruce Wayne, na cidade de Ñemby, também no Paraguai, para mostrar como
era fácil dar saída aos veículos roubados no Brasil e levados ao país
vizinho.

Comentário: os editores do ABC Color tiveram uma boa sacada ao
escolher um ícone como o Batman para sua pesquisa. Além de terem realizado
uma matéria que cumpriu bem o seu papel de mostrar a fragilidade do sistema
de cartas de motorista, conseguiram manter sigilo (a carteira foi expedida
na quarta, e a matéria, publicada no domingo).

Ao usar o Batman, eles tornaram o assunto rapidamente de interesse não
só nacional (a matéria foi divulgada via agências no próprio domingo),
como criaram um gancho que ampliou imensamente o interesse pela notícia
e, é bom frisar -pelos desdobramentos da mesma.

Para quem acha que seja uma espetaculização do fato, cabe
um paralelo: um jornal da Bahia fez o mesmíssimo trabalho, em 1999, mostrando
que era possível (não tão facilmente, é bom que se diga) tirar uma cédula
de identidade no estado. Como não teve uma sacada parecida, o maior fruto
que o jornal teve foi uma cerrada retaliação do governo do estado, inclusive
econômica, sem que o resto do Brasil ficasse sabendo.

Leia a matéria do ABC Color, clicando aqui.