Belém Imaginária, um exemplo do bom quadrinho nacional
Vem
de Belém do Pará mais uma prova do quanto o quadrinho nacional evoluiu
nos últimos anos. Trata-se de Belém Imaginária (formato 32 x 22
cm, 64 páginas coloridas, papel de luxo, R$ 15,00), uma graphic novel
produzida por artistas paraenses, lançada no final de 2004 com apoio da
lei de incentivo à cultura local, e que só agora "mostra a cara" para
o restante do País.
E ainda bem que fez isso, pois é uma história deliciosamente bem contada.
Escrita a oito mãos por Wolney Nazareno, Fernando Augusto, Carlos Paul
e Otoniel Oliveira, fala dos mitos e lendas da Amazônia de forma leve
e agradável, sem a preocupação de querer ensinar o leitor sobre isso ou
aquilo.
A trama se inicia quando Saulo, um menino da capital paraense, acorda
numa Belém completamente diferente, onde animais andam, falam e se vestem
como humanos. Surpreso, ele logo chama a atenção dos malandros locais,
que o perseguem.
O menino é salvo por um enorme Peixe-Boi, a pedido de Iaçá, uma bela indiazinha
inspirada na lenda da menina mágica que dá origem ao açaí, que passa a
ser sua protetora. Na companhia do macaquinho Enilson, ela fará de tudo
para levar Saulo de volta ao seu mundo.
Mas não será fácil. A única criatura que pode ajudar nessa missão é a
Boiúna, uma cobra gigantesca e poderosa que vive sob a cidade. No entanto,
para chegar até ela, os novos amigos terão que enfrentar perigos como
o gigantesco Mapinguary e a bruxa Maria Cipó, que quer o corpo de Saulo
para abrigar sua alma.
A história se torna ainda mais atrativa pelos belos desenhos de Carlos
Paul e Otoniel Oliveira e a colorização, toda feita em aquarela, a cargo
deste último e de Fernando Augusto.
Outro
ponto positivo da edição é que sempre que alguma lenda aparece ou são
usados termos pouco conhecidos dos leitores do restante do Brasil, há
notas explicativas curtas e de fácil entendimento.
Para comprar um exemplar de Belém Imaginária, visite o site
oficial da obra, que apresenta os autores e também páginas da história,
guia de personagens e o processo de criação.
Esta graphic novel é um perfeito exemplo de história em quadrinhos
que diverte e, ao mesmo tempo, pode ser usada como ferramenta educacional.
Aliás, fica a dica para que os autores procurem secretarias de educação
e bibliotecas de outros estados para fazer a obra ganhar o País.
Belém Imaginária também é uma ótima pedida para
alguns obtusos leitores, que insistem em desqualificar o quadrinho nacional
(mesmo sem lê-los), descobrirem que a arte seqüencial tem muito mais a
oferecer, além de homens e mulheres voando em trajes colantes.