Bórgia, de Manara e Jodorowsky, chega ao Brasil
A
série de quadrinhos Bórgia é uma espécie de biografia não autorizada
da família que é tida como precursora dos Corleone e que expôs os "pecados"
da igreja católica do final século XV. Uma época que o Vaticano certamente
gostaria de apagar dos livros de história.
Todos os atos praticados por Rodrigo Bórgia e sua família, para se tornar o papa Alexandre VI, estão na obra contada por um dos mais cerebrais roteiristas da Nona Arte da Europa, Alejandro Jodorowsky (O Incal).
A coleção conta com o traço do mestre das histórias em quadrinhos eróticos, Milo Manara (O Clic), conhecido por retratar as mais belas mulheres em quadrinhos e autor de séries famosas em todo o mundo.
Na Europa, o primeiro volume (Du Sang pour le Pape - Sangue para o Papa), foi lançado em novembro de 2004. O segundo número da obra que retrata uma igreja impensável nos dias de hoje, deve sair em novembro deste ano no mercado europeu.
A morte de Inocêncio VIII, em 1492, e os novos ares da Renascença deram a chance para que Rodrigo Bórgia pudesse utilizar seus métodos pouco ortodoxos para tomar posse do Vaticano. O conclave é um dos momentos em que ele compra e chantageia os cardeais e suas respectivas dissidências religiosas.
"Ajude-me a obter a tiara de papa, e os 100 burricos, com seu ouro, prata e pedras preciosas serão teus", propõe Rodrigo Bórgia a Ascânio Sforza, forte candidato ao papado.
Contudo, a venda de indulgências, o nepotismo, a promiscuidade e a ganância pelo poder político eram características de todos os clérigos daquele tempo. Essa combinação fazia do Vaticano um lugar que podia ser chamado de tudo, menos de santo. Alexandre VI é lembrado como a ovelha negra da igreja mas tornou-se o papa mais memorável do Renascimento, tendo permanecido na direção da igreja católica entre 1492 e 1503.
Lucrécia e César Bórgia (filhos de Rodrigo) também deixaram suas marcas na história, sempre em meio a escândalos, orgias e negócios escusos. Cesar foi imortalizado por Maquiavel em sua obra-prima O Príncipe. Lucrécia Bórgia foi exaustivamente utilizada como moeda de troca na política da família. Ficou conhecida como "o veneno dos Bórgia". A santíssima trindade de Lucrécia e de sua família tinha outros elementos: o ouro, o poder e a luxúria.
Bórgia - Sangue para o papa - Volume 1 (formato 21 x 27cm, 60 páginas, R$ 39,00) é um lançamento da Conrad Editora para este mês de julho.