Brian Azzarello dá mais detalhes sobre Loveless
Em
entrevista via telefone ao site Comic Book Resources, o escritor
Brian Azzarello voltou a falar de sua nova série sob o selo Vertigo,
Loveless (saiba mais aqui),
a ser lançada em outubro deste ano.
"É uma história sobre como as circunstâncias podem tornar boas pessoas em más. Acho que, dadas situações extremas, não demora muito para que pessoas façam coisas que normalmente não fariam. Uma vez que a faça, uma segunda vez será fácil. E você fará duas vezes..." É assim que o criador de 100 Balas caracteriza parte da premissa de sua revista, situada no período da Reconstrução - após a Guerra Civil americana, estrelada pelo casal Wes e Ruth Cutter, de Blackwater, Missouri.
"Ele (Wes) acredita nos direitos estaduais. Toda aquela área onde isso se passa, no Missouri, toda ela estava um pouco relutante em entrar na guerra. Eles consideravam os estágios iniciais como se fosse apenas uma guerra da Virginia. Quando isso começou a se espalhar pelo seu território, foi como se eles dissessem: 'Espera um minuto. Não podemos deixar isso acontecer aqui'", conta o autor, sem explicar como a guerra afetou o casal. Tais experiências durante a Guerra Civil fazem parte do que Loveless é. Mas Azzarello esclarece: "Se passa alguns anos após o fim da guerra. Ele (Wes) acreditava que estava morto".
Quando
Wes Cutter retorna para Blackwater, percebe que o lugar sofrera com as
políticas de reconstrução do governo americano. "A terra havia sido tomada
por um governo que era essencialmente corrupto." A extrema depravação
política leva o casal para o mundo dos fora-da-lei, algo bem diferente
dos faroestes convencionais. A partir daí, eles disparam numa viagem através
do país, tendo um elenco rotativo de coadjuvantes. Com exceção de um deles:
"Eles serão perseguidos por um caçador de recompensas", diz Azzarello,
se referindo ao personagem Atticus.
Para a surpresa de qualquer leitor, o escritor afirmou que Loveless é seu trabalho mais sombrio. Algo que deve espantar os leitores de 100 Balas, por exemplo: "Eu me refiro à série como o irmãozinho sujo de 100 Balas. A história em si é mais direta. Mas a estrutura não. Teremos muitos flashbacks. Você verá pessoas em diversas épocas de suas vidas agindo de modo diferente".
Entre as suas motivações para levar a série adiante, está sua paixão pelo gênero - para o qual ele queria retornar, depois de ter publicado também pela Vertigo, a minissérie El Diablo - e a vontade em trabalhar novamente com o desenhista Marcelo Frusin, seu parceiro em Hellblazer.
"Quando começamos a falar sobre fazer algo juntos novamente, me veio essa idéia de um faroeste sob a perspectiva do fora-da-lei ao invés da do xerife. O que eu acho que seja bem adequado na tradição dos faroestes spaghetti. É um dos melhores trabalhos de Marcelo. Seu estilo é bem masculino", Azzarello desandou a falar.
Mas Loveless também contará com artistas convidados. Gente de peso, segundo o escritor: "Você ficaria surpreso quantos nomes grandes querem desenhar caubóis, grandes nomes mesmo".
Planejada para durar quatro anos e ter cinqüenta edições, Brian Azzarello diz que ele e Frusin estão tentando algo grande com a série: "Eles dizem que faroestes não vendem. É por isso que estamos fazendo um, para provar que as pessoas estão erradas".