Pela primeira vez desde que foi anunciado como escritor da série mensal Superman, Brian Azzarello deu uma ampla entrevista falando sobre o projeto e suas idéias para o Homem de Aço. No artigo do site CBR, o autor falou como conseguiu o trabalho e que ênfase quer dar ao herói.

O próprio Azzarello sabe que a reação dos fãs não foi totalmente positiva, já que ele é mais conhecido por trabalhos autorais, de conteúdo bem diferente do que se supõe ver numa história do personagem. "Muita gente ficou chateada. Consegui o trabalho graças a um telefonema do Jim Lee. Estávamos conversando sobre fazer algo juntos, e ele me disse que queria trabalhar com o Super-Homem. Em seguida, me perguntou se eu toparia escrever", revela.

"Claro que houve hesitação, é o Super-Homem! É algo que nunca pensei em fazer. Pedi pro Jim me deixar pensar a respeito e ver se conseguia sugerir um novo ângulo para o personagem", relembra o autor.

E o roteirista sabe o que quer fazer com o herói. "Para mim, o ponto principal do Super, e a razão pela qual o estou escrevendo, é que o personagem perdeu sua inspiração. Ele inspirou, indiscutivelmente, cada herói que surgiu depois. Mas hoje não faz mais isso. Quero trazer isso de volta a ele. É uma missão possível? Não sei, mas é meu objetivo. Quero ser inspirado pelo Super-Homem", explicou.

Entre outros objetivos, está a introdução de novos vilões e o autor admite que está feliz com o que escreveu até agora. "Por enquanto, tudo está indo pelo caminho que tracei. Não é uma história tradicional do Super-Homem. As coisas se desenrolam mais vagarosamente, com camadas diferentes."

Azzarello também revela que haverá um grande evento ao final da história, e adianta que a trama é sobre o Super-Homem. Não espere ver muito de Clark Kent. A história abordará as fragilidades do Homem de Aço, já que ele pode ser forte fisicamente, mas emocional e psicologicamente tem suas fraquezas.

"Para que possamos nos identificar com o personagem, ele precisa ter algum tipo de dúvida que atormenta a todos nós", resumiu.

"Os leitores não verão o elenco de personagens que estão acostumados. Nem mesmo muito de Clark Kent. É sobre o herói, essa é uma história do Super-Homem", afirma categoricamente.

"Quero escrever uma trama que alguém que não é leitor das histórias possa entender", continua. "Com isso em mente, há muita continuidade com a qual não vou lidar. Super-Homem é um ícone cultural, não só dos quadrinhos. O Planeta Diário tem um globo no topo do prédio, não um holograma. Lex Luthor é o vilão. Todos sabem disso. Sua mãe sabe disso. Quero escrever uma aventura para sua mãe entender. Ela pode não gostar, mas vai entender", compara.

Apesar de ter assumido os roteiros de dois dos principais títulos de super-heróis (Batman e Superman), Azzarello não esconde que prefere trabalhar com projetos autorais, e que não tem planos para continuar escrevendo histórias com seres superpoderosos.

"Você não pode fazer uma história na qual o Super morre, porque ele não ficará morto e todos sabem disso. Não tenho o desejo de matá-lo, é apenas um exemplo. Quando Batman foi acusado de assassinato, todos já sabiam que ele não era culpado, e que tudo seria resolvido."

"Não tenho nada contra esses personagens, boas histórias podem ser contadas com eles. Mas é difícil mostrar algo real, honesto e com conflito moral embutido, porque operam sob certas regras", exemplificou.

Mesmo assim, Azzarello está se divertindo. "Acho que, quando terminarmos o trabalho na série, haverá uma repercussão duradoura no Universo DC. Não apenas com o Super-Homem. Algumas coisas que estou colocando na trama pessoas acharão legais. Vou me manter afastado de outros personagens ligados ao Homem de Aço, mas não de outros heróis."

Entretanto, mesmo não gostando tanto de super-heróis, Brian Azzarello ainda tem outro projeto envolvendo o último filho de Krypton. Trata-se da minissérie em seis partes Lex Luthor: Man of Steel, cujo lançamento nos Estados Unidos acontecerá em julho.