Brian Azzarello fala sobre minissérie com Lex Luthor
Para o escritor, o problema com supervilões atuais é que eles parecem existir apenas para dar problemas aos heróis. "Esse é o objetivo de muitos deles e, se parar pra pensar, isso é ridículo. Precisa haver algo mais. Nenhum deles está mais interessado em ficar rico ou roubar bancos, seus dias são gastos tentando lutar com um herói. Isso funciona para o Coringa porque ele é insano, mas nem todos o são. Luthor, definitivamente, não é. É um dos mais sãos e controlados do mundo".
"Ele sabe o que está fazendo o tempo todo, assim como o Super-Homem", continua Azzarello. "Essa é outra coisa sobre o Super que eu acho constrangedor. Batman é retratado como o herói que mais tem controle como si mesmo, mas não pode ser. O Super-Homem está completamente em controle de si mesmo, fisicamente. Ele precisa estar. Quando vai apertar a mão de alguém como Clark Kent, precisa se assegurar que não vai esmagar a mão da pessoa. Quando voa por Metrópolis, sabe como fazer isso sem que um estrondo sônico aconteça e todos os carros comecem a ser puxados por ele".
Outra coisa que chamou a atenção do escritor é a maneira com que o Homem de Aço vê Lex Luthor. "Qual a importância de Lex? Um simples incômodo que nunca some? Não sei como o Super-Homem o vê. Quero dizer, Luthor não pode machucá-lo".
E é aí que entra um dos principais motes que Brian Azzarello estará trabalhando juntamente com Jim Lee em Superman. "Quem pode machucá-lo? É isso que iremos explorar. A história que estou fazendo com Jim terá muita ação, mas também exploraremos um lado diferente do personagem".
Azzarello vive um importante momento da carreira. Após o premiado trabalho em 100 Balas e alguns projetos com temática adulta para a Marvel (mesmo escrevendo histórias com o Hulk e Cage) ele entra com tudo no universo de super-heróis. Além de Superman, prepara um arco de histórias em seis partes na revista mensal do Batman.
"Quero contar certas histórias, e se isso pode ser feito com esses personagens, por que não? A DC me deu as chaves de sua Lamborghini e Ferrari para eu dar uma volta e, como Alex Ross já me avisou, é melhor não dirigir bêbado".
O autor não pretende ficar escrevendo heróis por muito tempo. "Depois disso, estou fora. Sério! Peguei os dois maiores brinquedos. Vou brincar com eles e depois guardar e voltar a crescer".
Essa decisão se deve a alguns projetos autorais que o escritor está desenvolvendo, e quer poder se dedicar eles. "Não me entendam errado, vai ser divertido. Estou trabalhando com Jim Lee em Superman, Eduardo Risso em Batman e Bermejo em Luthor. São três grandes artistas para se trabalhar, mas após terminar vou pendurar minha capa", encerra.