Bruxelas, a Capital mundial dos quadrinhos
A
cidade de Bruxelas não é apenas a capital da Bélgica, é a capital mundial
dos quadrinhos, batendo concorrentes como San Diego (sede da San
Diego Comic-Con) e Angoulême
(que além de abrigar o festival de mesmo nome também tem o maior
museu de quadrinhos da Europa).
Em um ano normal, Bruxelas oferece aos seus visitantes um museu
de quadrinhos caprichado, dezenas de comic shops e lojas
de artigos relacionados à nona arte, alguns festivais e os famosos murais
de quadrinhos (por volta de 50) espalhados pela região central da cidade,
retratando personagens das HQs criados por autores belgas.
Se isso já não bastasse, a prefeitura homenageou diversas ruas da cidade,
mais de 30, com placas com nomes de personagens belgas das HQs, como Le
Petit Spirou, Os Túnicas Azuis, Ric Hochet e outros.
Mas este é um ano atípico, pois o órgão de turismo
de Bruxelas decidiu que 2009 seria dedicado aos quadrinhos e criaram o
festival Brussels 2009 BD Comics Strip, com 36 eventos
oficiais distribuídos ao longo do ano (incluindo: Retrospectiva
Gir, Estilo
Átomo, Exposição
Goscinny e a
maior pagina de HQ.
Está em cartaz nos cinemas da cidade o longa de animação Suske
en Wiske: De Texas Rakkers (Bob Et Bobette & Les Diables
du Texas), baseado nos personagens de Willy Vandersteen, autor que,
aliás está sendo homenageado em duas exposições, uma delas acontecendo
na prefeitura da cidade (com direito a três cartazes de Joost Swarte divulgando
o evento, pendurados na frente do palacete gótico datado de 1455).
Não gosta de cinema, prefere o teatro? Em 13 de agosto será reprisada
a peça Peter Pan, baseada nos seis álbuns de HQ de Régis Loisel.
Peter
Pan, versão teatral, esteve em cartaz em 2008, e é uma adaptação
de Benoît Roland e Emmanuel Dekoninck, com direção de Dekoninck e cenografia
de Xavier Rijs.
A peça poderá ser vista ou revista até 5 de setembro, no Chapiteau
de l'école du cirque (parte do complexo Tour
& Taxi).
O Atomium,
um dos símbolos não apenas da cidade, mas de toda a Bélgica, está
exibindo duas
exposições de HQ: Em busca do estilo atômico (ligada aos
artistas da década de 1950, da chamada "escola de Marcinelle", que fizeram
uso do design em suas histórias), com participação de Ever Meulen,
Yves Barge, Serge Clerc e Daniel Mariscal Torres; e 14 Visões do Atomium,
com 14 imagens dos artistas François Avril, Ted Benoit, Philippe Berthet,
Dupuy e Berberian, Ever Meulen, Floc'h, Vittorio Giardino, Jean-Claude
Götting, André Juillard, Loustal, Frank Pé, François Schuiten, Joost Swarte
e Bernard Yslaire, interpretando o Atomium.
Aliás, Joost Swarte (que é holandês) não só deu nome "estilo atômico",
mas também é o sujeito que cunhou o termo linha clara, que é usado para
definir o trabalho de Hergé e dezenas de outros artistas.
E se um museu já não bastasse, a cidade inaugurou no dia 18 de junho um
segundo museu de quadrinhos, dedicado ao desenhista Marc Sleen (cujo nome
verdadeiro é Marcel Honoré Nestor Neels), que, aliás, tem o título honorífico
de Chevalier (o equivalente a um "Cavaleiro"). O evento de abertura contou
com a participação do rei da Bélgica, Albert II.
Sleen é o criador do personagem Néron e está no livro dos recordes por
ter desenhado sozinho, durante 55 anos, duas páginas diárias de seu personagem.
Curiosamente, o Musée Marc Sleen fica em frente do Centre
Belge de la Bande Dessinée (o museu dos quadrinhos de Bruxelas),
na Rue de Sables. Basta atravessar a rua. Aliás, a Rue des Sables, endereço
dos dois museus, foi homenageada com uma nova placa e agora também se
chama Rue Smurf (os Smurfs, ou Schtroumpfs, foram criados pelo belga Pierre
Culliford, conhecido como Peyo).
Marc Sleen é considerado um dos quatro grandes nomes dos quadrinhos flamengos
(belgas da região de Flandres que falam o neerlandês) Willy
Vandersteen, Bob de Moor e Jef Nys.
A cidade de Bruxelas também já foi retratada diversas vezes nas HQs, como
por exemplo em Tintim. O álbum Tintin et la Ville reúne uma série
de textos sobre a relação do personagem com as cidades e inclui uma introdução
de François Schuiten (que desenhou Bruxelas em suas HQs) e um texto sobre
a capital belga assinado por Diane Hennebert (diretora do Atomium).
Bruxelles dans la BD, la BD dans Bruxelles: Itinéraire découverte
e La BD dans la ville, ambos de Thibault Vandorselaer, são livros
que mostram a relação da cidade com os quadrinhos.
Bruxelas também abriga a sede da editora Lombard,
criada por Raymond Leblanc, que em 2006 celebrou
60 anos de atividades.
Aliás, o prédio da Fundação Raymond Leblanc, próximo à estação
de trem/metrô Bruxelles - Midi, está decorado com um
painel de Johan de Moor, que cobre toda uma de suas laterais.
E nem mesmo a estação Bruxelles - Midi escapa dos quadrinhos,
numa de suas entradas existe um painel gigantesco com uma cena de Tintim
na América, na qual ele está sobre uma antiga locomotiva, reproduzida
diretamente da arte original (e, portanto, é possível ver parte do desenho
a lápis e outros detalhes). No mesmo saguão também existe uma enorme assinatura
de Hergé, na parede, e um painel informativo sobre a página de Tintim,
e Hergé.
Não dá para negar que Bruxelas respira e vive quadrinhos.
Você pode ampliar as imagens abaixo clicando sobre elas.