Cartunista Nildão lançará seu oitavo livro em Salvador
No
dia 24 de janeiro (segunda-feira), a partir de 21 horas, no Café Teatro
do SESI Rio Vermelho, em Salvador, Bahia, o Cartunista Nildão lançará
seu oitavo livro, intitulado Colíricas. O ingresso para a festa
dá direito a um exemplar e custa R$ 10,00.
Na obra, Nildão passeia pelo universo da poesia sem abandonar a veia humorística.
Com lirismo, humor e delicadeza, ele brinda o leitor com uma série de
poemas em forma de haicais sobre a existência humana, a natureza
e o cotidiano. Além disso, há imagens da cultura pop, falsos anúncios
e brincadeiras com marcas de produtos famosos, algo em Nildão é mestre.
Os poemas de Colíricas foram selecionados e formatados por Renatinho
da Silveira, um dos expoentes do movimento Pirataria Crônica, dos
anos 80.
Para os leitores mais novos, vale uma explicação sobre o autor. Em outubro
de 1975, numa pequena sala do centro de Salvador, às quintas-feiras, Nildão,
Lage,
o cabo Aymar (grande devorador e colecionador de HQs) e o pesquisador
Gutemberg Cruz traçavam as linhas daquele que seria o melhor encarte semanal
de HQs em jornal diário da década de 1970 no Brasil: A Coisa.
Além deles, participavam regularmente com palpites e algumas contribuições,
Antonio Cedraz, já com espaço regional garantido pelo seu Joinha;
Dilson Midlej e as primeiras tiras da Nikita, e um moleque de 13
anos que escrevia notas sobre Bande Dessinée: este jornalista.
Na época, A Tribuna da Bahia, então dirigida por Joacy Goes, deu
um apoio como só ela podia na Boa Terra, ao projeto. Durante vários dias,
colocou uma chamada de capa que anunciava: "A Coisa vem aí".
No dia em que a manchete principal seria: "A Coisa chegou!", ela teve
que dividir espaço com outra intitulada "Figueiredo vai suceder Geisel".
Nem é precisa dizer que o suplemento quase não chegou ao segundo número,
tamanhas foram as pressões da censura. Trinta anos passados, todos os
integrantes continuam, de algum modo, ligados aos quadrinhos ou à produção
de arte. Uma bela escola, sem dúvida.
O autor passou a ser reconhecido nacionalmente pelos trabalhos na Status
Humor, que além de trazer maravilhosos cartuns de Anscomb, Pfeiffer
e Lassalvy, dava espaço para autores nacionais, como o mineiro Duayer
e o próprio Nildão, cujo desenho mais marcante foi o de um cangaceiro
que urinava pó na caatinga.
Em 1980, Nildão publicou Me Segura qu'eu Vou dar um Traço, um marco
na história do humor baiano. Oito anos depois veio Bahia: Odara ou
Desce. Em 1989, o livro de grafites Quem não Risca não Petisca
foi recebido com entusiasmo por todos que apreciam o humor que pega o
leitor pelo meio da testa, como uma ferroada.
Em 1998, lançou Ivo Viu o Óbvio e o flip-book Capoeira Ligeira',
em parceria com o fotógrafo Aristides Alves. Em 2002, veio o livro de
cartuns É Duro ser Estátua. Poesia: Remédio contra Azia,
sua primeira experiência em poesia, saiu em 2003.
Nildão faturou inúmeros salões de humor, além de ter sido premiado no
meio publicitário com uma campanha de cartuns feita para a Bahiatursa,
que concorreu ao Festival de Cannes de 1996. Ele é uma das "11
Feras do Humor Baiano", registradas e analisadas no melhor livro sobre
o humor baiano de traço, de autoria de Gutemberg Cruz.
Além de ser um dos dois melhores cronistas em traço dos últimos 30 anos
na Bahia, vale lembrar que foi Nildão quem bolou, em 1982, o nome Chiclete
com Banana para a turma de Bel Marques, sendo assim um pouco o "vovô"
de toda esta festa que incendeia os corações e mentes da Boa Terra desde
então.