Censura ataca obra teórica sobre mangás
O livro Manga-Sixty Years of Japanese Comics (lançado no Brasil
pela Conrad sob o título Mangá
- Como o Japão Reinventou os Quadrinhos, escrito por Paul Gravett
e aclamado pela crítica em vários países) protagonizou um escabroso caso
de censura em Victorville, Califórnia, nos Estados Unidos.
Tudo começou com a "denúncia" feita pela mãe de um adolescente de 16 anos,
ao informar à biblioteca pública São Bernardino que o livro lá
exposto apresentava um capítulo com textos e imagens eróticas.
Como resultado, o supervisor Bill Postmus ordenou a retirada de todos
os exemplares daquela publicação das prateleiras da biblioteca, e ainda
providenciou uma devassa a fim de encontrar e banir outros livros com
o mesmo teor.
"Desenhos que descrevem uma pessoa em ato sexual com um hamster gigante
não farão parte do acervo da São Bernardino. E nossos dólares de
impostos não deveriam ser usados para comprar isso", disse Postmus.
O fato ganhou considerável repercussão na mídia norte-americana, tanto
que, no último dia 24 de abril, a National Coalition Against Censorship
(Coalizão Nacional Contra a Censura), entidade formada por 50 organizações
não-governamentais dos Estados Unidos, chegou a enviar uma carta de repúdio a Postmus.
"Remover um livro sobre a história dos quadrinhos japoneses só porque
contém um capítulo a respeito do gênero erótico, é comparável a fazer
o mesmo com uma enciclopédia por causa de uma página sobre práticas sexuais",
disse Svetlana Mintcheva, diretor de artes da NCAC.
Mas Bill Postmus permanece irredutível em sua polêmica decisão.