Comentários de Gerry Conway geram grande repercussão
Segundo o site Bleeding Cool, a postagem de Gerry Conway sobre as práticas da DC Comics em relação aos royalties teve um grande impacto na editora.
Aparentemente, trata-se de um problema de desinformação interna. E considerando que a DC Comics está mudando seus escritórios da costa leste (Nova York) para a costa oeste (Califórnia) dos Estados Unidos, a confusão não é inesperada.
A postagem resultou numa profusão de reuniões em diversas áreas da empresa, uma vez que essa situação pode facilmente se transformar em problemas jurídicos e com boas chances de os autores dos personagens serem favorecidos.
É provável que a DC modifique o atual sistema de pagamento de royalties em relação ao uso dos personagens em outras mídias.
O artista veterano Neal Adams também se pronunciou sobre o problema. Ele fez questão de ressaltar que as editoras de quadrinhos não criam nada, já que os autores não são funcionários da empresa - o que daria outra conotação para o direito autoral -, mas são autônomos contratados para um serviço.
Adams também disse que o sistema de work for hire, o trabalho contratado, é uma distorção do uso do direito autoral e que não sobreviverá por muitos anos.
Como exemplo, ele citou o caso dos herdeiros de Jack Kirby, cujo caso estava para chegar na Suprema Corte dos Estados Unidos e que antes que isso ocorresse a Marvel Comics realizou um acordo secreto com os herdeiros - cujo valor é desconhecido, mas estimado em dezenas de milhões de dólares -, impedindo que o processo avançasse à sua última instância.
Isso porque se a Suprema Corte tivesse que debater os méritos de Jack Kirby e do work for hire, que ainda está em vigor, havia a possibilidade de que esse sistema fosse abolido, o que abriria um verdadeiro dilúvio de processos relativos aos últimos 80 anos dos quadrinhos estadunidenses e mudaria para sempre a indústria das HQs naquele país.
Adams também comparou o mercado de quadrinhos com o mercado livreiro, no qual os romancistas usam agentes literários para negociar contratos e, diferente do que ocorre com as HQs, permanecem com o controle dos direitos de suas criações, como Harry Potter, de J.K. Rowling, ou Tarzan, de Edgar Rice Burroughs.