Nada como um dia após o outro. A organização sem fins lucrativos CBLDF - Comic Book Legal Defense Fund, criada em 1986 para garantir o cumprimento da Primeira Emenda (liberdade de pensamento, da imprensa e de religião) da Constituição dos Estados Unidos, em prol de criadores e editoras de quadrinhos, adquiriu os direitos de uso do selo Comics Code Authority.

Esse selo foi criado pelas editoras na década de 1950, como um meio de autocensura em resposta a uma investigação do Congresso norte-americano nascida do clamor moralista gerado pela publicação do controverso livro Sedução do Inocente, do psiquiatra Frederic Wertham, que afirmava serem os quadrinhos nocivos aos jovens.

As editoras colocavam o selo na capa de suas revistas para mostrar que elas eram aprovadas para leitura. Desde o início deste século, o selo perdeu força com as grandes editoras abandonando seu uso, até nenhuma se submeter mais a ele e adotar suas próprias classificações etárias.

Agora, a CBLDF usará o selo como merchandise para vender produtos e arrecadar fundos para ajudar no seu trabalho de garantir a liberdade de expressão.

"Ele é um lembrete de que é possível que toda uma área criativa pode ter seus direitos cerceados pelo governo, público e pressões do mercado. Felizmente, hoje os quadrinhos não são mais constrangidos como nos tempos da criação do selo, mas não podemos afirmar que jamais volte a acontecer. Desafios contra a liberdade de expressão ainda acontecem e precisamos estar sempre vigilantes para combatê-los", disse Charles Brownstein, diretor executivo da organização.