Conrad lança nova HQ nacional: Chibata!
Os
marinheiros do Brasil no começo do século 20 não estavam muito contentes
com as condições de trabalho - especialmente com os castigos físicos,
dados na forma de chibatadas aos faltosos.
No dia 22 de novembro de 1910, os marinheiros do Encouraçado Minas Gerais,
em protesto, tomaram o navio. Logo a insurreição (que ganhou mais tarde
o nome de Revolta da Chibata) foi aderida pela tripulação do Encouraçado
São Paulo e de outros navios.
Apontando as armas para o Rio de Janeiro, os marinheiros deixaram a população
da capital federal em pânico - e o governo acabou cedendo às pressões
dos revoltosos. A vitória que obtiveram foi comemorada por pouco tempo,
porque a anistia dada pelo governo se mostrou falsa,e o troco dado pelos
almirantes foi devastador. Marinheiros que fizeram parte da revolta foram
expulsos, presos ou torturados, e centenas acabaram executados sem julgamento.
João Cândido, o líder da revolta, foi mantido preso em uma cela apertada
e torturado. Com a saúde abalada e a mente destruída, a Marinha o deixou
encarcerado em um hospício. Ele ainda foi expulso da corporação e teve
seus registros apagados oficialmente. Foi como se ele nunca tivesse feito
parte da Marinha.
Jornalistas que tentassem contar a história do Almirante Negro eram ameaçados
e intimidados. Mesmo muitos anos depois, na década de 1970, os compositores
João Bosco e Aldir Blanc tiveram problemas com a censura da ditadura militar
por causa das referências a João Cândido e à Revolta da Chibata.
Só recentemente o nome de João Cândido começou a ser relembrado, graças
à liberação de seus arquivos pela Marinha, à inscrição de seu nome no
Livro dos Heróis da Pátria e à anistia post-mortem concedida
a ele em 2008, 98 anos depois da rebelião que fez tremer o governo recém-eleito
do marechal Hermes da Fonseca.
Chibata! (R$ 39,90), escrito por Olinto Gadelha e desenhado por
Hemeterio, se insere nesse contexto ao retratar em quadrinhos os principais
acontecimentos da Revolta da Chibata, inclusive aqueles que a Marinha
preferia ver apagados, e recuperar a vida do Almirante Negro, um rebelde
brasileiro que ousou levantar a cabeça contra a servidão e pagou
caro por isso.
A obra está em pré-venda
e é um lançamento da Conrad
Editora.