Criadores revelam detalhes da minissérie Superman: Birthright
Não é mistério que o escritor Mark Waid é fã do Super-Homem, e sempre sonhou em escrever o personagem. Antes, ele só conseguiu trabalhar com o kryptoniano na minissérie O Reino do Amanhã e na revista da Liga da Justiça, mas, este ano, finalmente ganhou uma chance, com a minissérie Superman: Birthright, na qual pôde rever toda a mitologia do Homem de Aço e reescrever sua origem.
Apesar de a editora ainda não ter se pronunciado oficialmente se a história será incluída na cronologia oficial, deu carta branca para Waid fazer o que quiser. E ele está fazendo! Novos fatos estão sendo apresentados, e conceitos, até então inéditos, criados. O primeiro número chegou às comic shops americanas em julho, com boas críticas. A maior dúvida entre os fãs continua sendo o fator cronologia.
"A idéia é introduzir o Super-Homem a uma nova geração de leitores e também às seguintes", explica Waid. "Atualmente, a DC não tem nenhum tipo de história que reúna toda a origem do personagem para apresentar ao público, apenas alguns pedaços aqui e outros ali, mas nada completo num único volume".
"Esta minissérie tem muitas surpresas e invenções. Vamos ver Krypton e a origem do símbolo do herói, a infância de Kal-El e momentos de sua vida enquanto crescia. Haverá a transformação de Clark Kent de um repórter no maior herói da Terra. Terá ainda a origem do uniforme e os motivos para ser justamente essa a roupa que ele usa, além de tudo sobre sua herança hereditária e o que define quem o Super-Homem realmente é", descreve Waid.
O desafio deste projeto era muito grande para o escritor recusar. "A chance de atualizar a origem dele para o século 21 me foi oferecida pelo vice-presidente executivo Dan DiDio", revela o autor.
Waid admite a necessidade de reimaginar certos elementos, mas a essência do personagem é eterna, e explica como vê o herói. "Ele é um homem que faz o seu melhor todos os dias para fazer do mundo um lugar melhor e ajudar quem precisa. Sempre haverá a necessidade de se inspirar em alguém assim. Seus ideais e o que defende são atemporais, mas sempre foi uma interrogação para as novas gerações. Caso contrário, ainda estaria usando máquina de escrever", disse.
"Quanto mais me aprofundava na história, mais irreal me parecia alguém com esses poderes usar uma capa e sair por aí em público. Até agora, a resposta para isso era apenas 'porque é o correto a fazer'. Queria alguma razão mais profunda para isso, e acho que encontramos uma... ou várias. Agora a identidade do Super-Homem está mais presa à necessidade de Clark de pertencer ao mundo, com seus desejos de explorar sua herança alienígena e a necessidade de encontrar seu destino", assegura.
O escritor garante que não está preocupado com a decisão que a DC Comics tomará sobre colocar ou não a história na cronologia do personagem. "Isso dependerá dos leitores e da editora. Estou apenas fazendo o projeto nos parâmetros que me foram apresentados. Não se preocupe com o passado, e sim com o futuro".
Mark Waid já chegou a descrever Birthright como uma espécie de Ultimate Superman, numa referência à linha Ultimate Marvel, publicada no Brasil pela Panini Comics, na revista Marvel Millennium. E ele admite que se surpreendeu com a liberdade que teve para trabalhar neste projeto. "Sabia que não poderia fazer algumas coisas, como matar os Kents, mas aprecio a liberdade que me deram, trabalhei duro para merecê-la".
E ele é breve ao explicar porque este é o seu projeto dos sonhos. "Adoro o Super-Homem, e quero mostrar o porquê. Se eu for bem-sucedido, você também vai adorar o personagem".
O arte-finalista Gerry Alanguilan também falou sobre a minissérie. "Não podia recusar este projeto. Não considero trabalhar com o Super-Homem como um emprego, mas sim uma honra. Mal posso acreditar que estou envolvido nisso tudo", comemora.
E todo esse entusiasmo é por ser fã do Homem de Aço, assim como o resto da equipe criativa. "Ele sempre incorporará o ideal que todos aspiramos: bondade, honestidade, integridade e bravura. Isso pode ser chato apara alguns, mas não para mim. O mundo já é um lugar tão feio com todos os problemas que passamos. Podemos ficar deprimidos e nos perder. Super-Homem é como uma âncora, alguém que não pode ser tocado por todo esse ódio, fúria e medo. Você lê suas histórias e, de alguma maneira, suas esperanças voltam, porque ele ainda tenta fazer o que é certo".
Ele também mencionou o assunto cronologia. "Tenho visitado fóruns de discussão, e a reação geral tem sido muito boa. Há algumas críticas negativas devido à confusão se a história será incluída na cronologia ou não. O que me causa surpresa realmente se preocupam com cada detalhe, e isso mostra o quanto as pessoas ainda se preocupam com o personagem. Isso é bom".
Alanguilan está arte-finalizando os desenhos de Leinil Francis Yu, um artista escolhido a dedo para Birthright, e convidado pelo próprio Waid. O escritor e a DC chegaram à conclusão de que o ideal para a minissérie seria um artista que nunca tivesse trabalhado antes com o Homem de Aço, justamente para trazer a sensação de novidade, de um Super-Homem nunca antes visto.
"Nenhum artista fica completo sem o Super-Homem", explica. "Era apenas uma questão de quando eu trabalharia com ele, e ter Mark Waid no comando tornou a decisão fácil. É como atingir dois pássaros com uma pedra só. Quando ele me ligou, não tinha como recusar".
"O Super é a quintessência do super-herói. Ele é eterno porque possui as melhores qualidades humanas, até nos piores momentos. Se pudesse existir apenas um herói no mundo, queria que fosse ele", afirma. "Só posso dizer que estou fazendo o melhor trabalho da minha carreira até o momento nessa revitalização do personagem".
Yu já trabalhou nas revistas do Wolverine e X-Men, mas disse ser diferente agora. "Em Wolverine tinha menos pressão, as pessoas aceitavam meu trabalho de braços abertos. Com o Super-Homem, principalmente por se tratar de um projeto especial, tenho mais responsabilidade, com um efeito positivo. Estou me divertindo bastante. Os editores me deram muito espaço para explorar, e isso trouxe à tona o melhor de mim".
"Quase enlouqueci com os designs!", exclama. "Estou feliz por isso aparecer na revista, com o foguete e o resto do visual. Eu podia mudar tudo, menos o uniforme do Super, o que seria um sacrilégio. Nem tentei pensar em algo".
Fechando a equipe criativa da minissérie, está o colorista Dave McCaig. A proposta chegou até ele quando conversava com editores da DC Comics sobre alguns trabalhos, e aceitou logo após ler o script de Waid.
"O Super-Homem tem o melhor uniforme já criado. O 'S' é maravilhoso. Só hoje vi três pessoas vestindo uma camisa com o símbolo enquanto andava na rua. Isso significa algo", analisou.
Apesar disso tudo, as vendas das revistas mensais têm caído, e McCaig entra nesse debate. "O Super-Homem foi afastado do que o define como algo tão único e especial. E nem me deixe começar a falar sobre o que fizeram na década de 1990 e os Super-Homens azul e vermelho".
"Mark Waid abandonou tudo isso, e o trouxe de volta ao seu status original. Ao mesmo tempo, fez um personagem moderno e tridimensional, o que não é fácil. Isso só vem provar o porquê dele ser um dos melhores escritores do mercado", afirma o colorista.