Da África para a Itália: aprendendo a ler com HQs
O
uso dos quadrinhos como instrumento educativo, felizmente, é algo que
vem se tornando bastante comum nos últimos anos. Seja por iniciativa de
escolas, universidades, ou mesmo em ações promovidas por órgãos governamentais,
a nona arte tem sido uma forma das mais eficientes de educação de crianças
e adultos em várias partes do mundo.
Um dos exemplos mais significativos que pode servir de ilustração em quaisquer discussões sobre esse assunto, porém, é fruto do autodidatismo e tornou-se público há poucos dias, quando o jornalista italiano Renato Ciavola escreveu a resenha crítica do livro La luna che mi seguiava, de autoria de Aminata Fofana, africana de Guiné.
Fofana
começou sua vida profissional como modelo fotográfico, é também cantora
e estréia agora como escritora de romances literários. A artista, que
passou a infância em um ambiente tribal cercado de florestas, tinha o
sonho de aprender italiano.
Questionada sobre como havia conseguido realizar isso, a ponto de escrever um livro nesse idioma, Aminata Fofana declarou que foi graças ao gibi Topolino, o título do camundongo Mickey na Itália.
"Na África, nossa identidade cultural, espiritual e religiosa é demonstrada por meio de uma expressão folclórica chamada Djeli (lê-se jai li), na qual gestos de nossos antepassados evocam imagens sugestivas, que regeneram o indivíduo que dá valor às coisas", disse a escritora. "Então, acostumada com esse tipo de aprendizagem, eu lia Topolino e depois passava a entender o que os personagens falavam, relacionando as imagens das ações com as palavras".
Há um caso parecido no Brasil: o do ex-Ministro da Economia Pedro Malan, que aprendeu francês lendo os quadrinhos de Tintim.
E que outros exemplos continuem surgindo.