Quando chegou ao Brasil, no segundo semestre de 2002, o álbum A Pior Banda do Mundo (Volume 1) - O Quiosque da Utopia, do português José Carlos Fernandes, passou quase despercebido. Sorte de alguns leitores que puseram as mãos sobre esta obra, que é de excelente nível.

Nada de superpoderes, ficções absurdas e coisas do gênero. Esta série mostra as desventuras do dia-a-dia dos componentes de uma pretensa banda de jazz, em histórias de duas páginas, cheias de humor e melancolia.

Agora, a Devir está trazendo para o Brasil o segundo e o terceiro álbum da série.

A Pior Banda do Mundo (Volume 2) - O Museu Nacional do Acessório e do Irrelevante (edição especial, formato 17 cm x 26 cm, 64 páginas, R$ 29,50) chega este mês às livrarias e gibiterias. Neste volume, Fernandes mostra novamente o cenário incomum de uma cidade única, cujos habitantes refletem em suas esquisitices o absurdo da nossa própria realidade.

O leitor encontrará gente como Gustavo Dopler, preocupado demais com o fim do universo para perceber o fim do seu pequeno mundo. Ou Casimiro Vogel, funcionário do Laboratório Nacional de Histerese Social e Psicologia de Massas, cujo espírito científico acaba sucumbindo diante da melancolia provocada pela música lancinante e desconexa vinda dos ensaios da Pior Banda do Mundo. Ou ainda o temido Átila Zoler, crítico gastronômico e redator do Guia de Restaurantes Zenith, cujo texto único esconde um total desinteresse pela comida, resultante de um trauma de infância. Ou Bruno Zaum, recepcionista no Ministério da Ergonomia, que faz resumos de livros para as edições Mengel nas horas vagas.

O problema para quem curte a obra é que A Pior Banda do Mundo (Volume 3) - As Ruínas De Babel (edição especial, formato 17 cm x 26 cm, 56 páginas, R$ 29,50) só estará à venda em outubro. Mas pra aguçar a curiosidade, segue um resumo do que acontece.

Em sua terceira "empreitada" A Pior Banda do Mundo tem histórias curtas com nomes como O Lexicógrafo Implacável, A Escola Superior de Falácia e Diletância e O Bloqueio Metafórico. Para ter uma idéia do que o livro reserva, em certo momento, o contrabaixista Ignacio Kagel (que também é Fiscal Municipal de Isqueiros) dispara: "Recebi dos meus falecidos pais uma educação extremamente rigorosa e conservadora. Tocar para uma sessão de sexo ao vivo com anões está fora de questão!".

A Pior Banda do Mundo ganhou o prêmio de Melhor Álbum Nacional do Festival de Amadora em 2002 e 2003, confirmando que Fernandes é um dos maiores autores dos quadrinhos portugueses em atividade.