Dois belos álbuns nacionais pela Desiderata
Duas
ótimas novidades estão chegando às livrarias pela Desiderata.
E ambas brasileiras: Caraíba (formato 21,5 x 28 cm, 128 páginas
em preto-e-branco, R$ 32,90), obra inédita de Flavio Colin, e A Boa
Sorte de Solano Dominguez (formato 21,5 x 28 cm, 52 páginas em preto-e-branco,
R$ 29,90), escrita pelo versátil Wander Antunes e desenhada por Mozart
Couto.
Caraíba retrata a história de um caçador que muda de lado e passa a ser um árduo defensor da floresta amazônica e de seus animais depois de um encontro pra lá de inusitado com o Curupira e a ação de um pajé bem moderninho.
O álbum é composto por três histórias inéditas, com o traço marcante de Colin e um misto de folclore nacional e ecologia - duas bandeiras do autor, falecido em agosto de 2002. Na trama, além do Curupira, há a participação da sereia dos rios Iara e da Boiúna e do Araruá, respectivamente uma cobra e um jacaré gigantes.
Nas páginas finais do livro há ainda um emocionante texto do próprio Flavio Colin sobre sua carreira.
Já
A Boa Sorte de Solano Dominguez mostra que Wander Antunes, que
vem publicando também na Europa e este ano já lançou por aqui O
Corno que sabia demais e outras histórias de Zózimo Barbosa, pela
Pixel Media,
é mesmo um especialista em personagens cafajestes.
Desta vez, Wander, que foi o criador da revista Canalha, situa a história em Cuba, antes de Fidel Castro. O protagonista é um cafetão que perde a principal fonte de renda quando sua principal "mercadoria" morre - e ele tem muitas dívidas, que são cobradas de modo bastante truculento.
Mas Solano não sabia que a prostituta mais desejada da ilha havia tido uma filha dele. E quando o cafetão a conhece, vê que seu futuro está garantido: a moça era uma versão mais jovem da mãe e ele pretende usar esse "trunfo" da maneira mais sórdida possível. A trama tem interessantes reviravoltas, que ganham ainda mais destaque no traço sempre competente de Mozart Couto.
Também merece destaque a qualidade gráfica dos álbuns, especialmente A Boa Sorte de Solano Dominguez, no qual, graças a uma decisão conjunta de Antunes, do editor S. Lobo e do editor de arte Odyr Bernardi, chegou-se a um resultado lindo (infelizmente, impossível de ser visto na imagem desta nota): no fundo preto, há um cenário e vários personagens, cujo traço foi substituído por uma reserva de verniz. O contraste com a imagem de Solano e de sua filha coloridos ficou excelente.